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quarta-feira, 30 de março de 2011

Quem é o Espírito Santo - Rede Brasil de Comunicação

Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Ailton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - CEP. 50040 - 000 Fone: 3084 1524
LIÇÃO 01 - QUEM É O ESPÍRITO SANTO
INTRODUÇÃO
Neste segundo trimestre do ano, em comemoração ao Centenário das Assembleias de Deus no Brasil,
estudaremos sobre o Movimento Pentecostal, as doutrinas da nossa fé. Nesta primeira lição, nos dedicaremos ao estudo acerca do Espírito Santo, que é a Terceira Pessoa da Trindade, onde abordaremos sobre Sua divindade e personalidade; Sua atuação no Antigo e Novo Testamentos, bem como na experiência humana.
I - QUEM É O ESPÍRITO SANTO
O Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Trindade (Mt 28.19; II Co 13.13). Ele é chamado de Espírito Santo porque Sua obra principal é a santificação. Por intermédio dEle, Deus opera na esfera espiritual, convencendo os pecadores (Jo 16.8), regenerando e santificando os crentes (Jo 3.5-8; Rm 15.16; I Co 6.11; II Ts 2.13; I Pe 1.1,2); e, capacitando-os a fazer a Sua obra (At 1.8). Apesar dos esforços que muitos têm empreendido para negar Sua existência, podemos afirmar, à luz das Sagradas Escrituras, que o Espírito Santo é uma pessoa, pois Ele é dotado de personalidade; e também é divino, pois Ele possui atributos exclusivos da Trindade, como nos ensina a Pneumatologia, que é a ciência que estuda a pessoa, obra, natureza, atributos e manifestações do Espírito Santo.
II - A PERSONALIDADE E A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO
Embora que algumas seitas heréticas tentem negar a personalidade e a divindade do Espírito Santo, afirmando que Ele é apenas uma energia, ou uma força ativa de Deus, Seus atributos e atividades desmentem essa falsa teoria.
Vejamos:
2.1 A Personalidade do Espírito Santo. A Bíblia ensina que o Espírito Santo é uma pessoa, pois, além de possuir sentimento, intelecto e vontade, Ele age como uma pessoa e faz coisas que uma força ou energia jamais poderiam fazer. Vejamos:
* Ele fala (At 13.2; Ap 2.7); * Ele guia (At 8.29; Rm 8.14); * Pode-se resistir a Ele (At 7.51);
* Ele intercede (Rm 8.26); * Ele pode impedir (At 16.6,7); * Pode-se mentir a Ele (At 5.3,4);
* Ele testifica (Jo 15:26); * Ele tem vontade própria (I Co 12.11); * Pode-se entristecê-Lo (Ef 4.30);
* Ele ama (Rm 15.30); * Ele ensina e faz lembrar (Jo 14.26); * Pode-se blasfemar contra Ele (Mt 12.31,32).
2.2 A Divindade do Espírito Santo. Em toda a Bíblia, podemos ver claramente que o Espírito Santo é Deus; pois, além de possuir atributos divinos, Ele faz coisas que somente Deus pode fazer. Vejamos:
* Ele é eterno (Hb 9.14); * Ele é chamado “Deus” (At 5:3,4);
* Ele é Todo-Poderoso (Lc 1.35; I Co 12.11); * Ele é mencionado junto com o Pai e o Filho (Mt 28.19; II Co 13.13);
* Ele é Onipresente (Sl 139.7-10); * Ele é criador (Jó 33.4; Sl 104.30);
* Ele é onisciente (I Co 2.10,11); * Ele inspirou a Palavra de Deus (I Pe 1.11; II Pe 1.21; cf II Tm 3.16).
III - A ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO
Diversas vezes a Bíblia descreve a atuação do Espírito Santo no AT. Vejamos algumas:
3.1 O Espírito Santo na Criação. A primeira referência ao Espírito Santo no AT é em Gn 1.2, onde a Bíblia diz que “… o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”. Algumas versões trazem “mover-se”, mas a palavra hebraica é “estar sobre”. Assim como uma galinha fica sobre seus ovos para chocá-los e trazer nova vida ao mundo; da mesma maneira o Espírito Santo pairou sobre a criação, para encher seu vazio com as várias formas de vida, de onde resultou o relato de Gênesis 1 e 2. Assim, desde o princípio, o Espírito Santo estava ativo na criação, junto com o Pai e o Filho (Jó 26:13; 33.4; Sl 33:6; 104:30).
3.2 O Espírito Santo agindo nos líderes de Israel. No AT, o Espírito Santo atuava, principalmente, na vida dos juízes, profetas, sacerdotes e reis, como por exemplo: Josué (Nm 27:18-21); Otoniel (Jz 3:9-10; José (Gn 41:38-40); Bezaleel (Êx 35:30-31); Moisés (Nm 11:16,17); Gideão (Jz 6:34), Jefté (Jz 11:29); Sansão (Jz 13:24,25); Saul (1 Sm 10:6); Davi (I Sm 16.13) e outros. Podemos entender, então, que Ele atuava de maneira específica e temporária, sobre pessoas específicas, e para obras específicas. O derramamento geral do Espírito é mencionado como um evento futuro (Jl 2.28,29).
Encontramos no AT três expressões utilizadas para a atuação do Espírito Santo nas pessoas:
  • Ele vinha sobre alguém: “O Espírito de Deus se apoderou de Zacarias” (II Cr 24:20).
  • Ele repousava sobre alguém: “O Espírito repousou sobre eles” (Nm 11:25).
  • Ele enchia alguém: “Eu o enchi do Espírito de Deus” (Êx 31:3).
IV - A ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTO
Com exceção da Segunda e Terceira Epístola de João, todos os livros do N.T. contém referências à pessoa e obra do Espírito Santo, onde podemos ler sobre a ação do Espírito Santo na vida de Cristo, dos pecadores e, principalmente dos servos de Deus. Vejamos alguns exemplos:
4.1 O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DE CRISTO. A Terceira Pessoa da Trindade é mencionada em diversas ocasiões da vida e ministério de Cristo.
4.1.1 No Seu nascimento. O Espírito Santo é descrito como o Agente Miraculoso na concepção de Jesus (Ma 1.20; Lc 1:35).
4.1.2 No Seu batismo. Por ocasião do batismo, o Espírito Santo desceu sobre Ele numa forma corpórea de uma pomba (Mt 3.16; Mc 1.10; Lc 3.22; Jo 1.32,33).
4.1.3 No Seu ministério. O ministério de Jesus foi marcado pela presença do Espírito Santo (Mc 1.12; Lc 4.18,19; At 10.38).
4.1.4 Na Sua morte. Nesse momento tão crucial, o Espírito de Deus não poderia estar ausente (Hb 9.14).
4.1.5 Na Sua ressurreição. O Espírito Santo foi o agente vivificante na ressurreição de Cristo (Rm 1:4; 8:11).
Em suma, podemos afirmar que Jesus foi concebido pelo Espírito (Lc 1:35); guiado pelo Espírito (Lc 4:1); ungido pelo Espírito (Lc 4:18; At 10:38); revestido com poder pelo Espírito (Mt 12:27, 28); ofereceu a Si mesmo pelos nossos pecados, pelo Espírito (Hb 9:14); foi ressuscitado pelo Espírito (Rm 8:11); e deu mandamentos por intermédio do Espírito (At 1:2).
4.2 O ESPÍRITO SANTO NA EXPERIÊNCIA HUMANA. O NT Descreve diversas atividades do Espírito Santo na experiência humana, de maneira que, à luz da Bíblia, podemos afirmar que seria impossível o homem ser salvo, sem a ação do Espírito em sua vida.
4.2.1 Ele convence. Em João 16:7-11 Jesus descreve a obra do Consolador em relação ao mundo, convencendo-o do pecado, da justiça e do juízo. Convencer, nesse texto, significa “levar ao conhecimento verdades que, de outra maneira, seriam postas em dúvida ou rejeitadas”; pois os homens não sabem o que é o pecado, a justiça e o juízo, necessitando, portanto, serem convencidos dessa verdade espiritual.
4.2.2 Ele regenera. A regeneração é o mesmo que “nascer de novo”, ou seja, o milagre que ocorre na vida de todo aquele que teve um encontro com Cristo, tornando-o participante da natureza divina. Através da regeneração, o homem passa a desfrutar de uma nova realidade espiritual, tornando-se uma nova criatura em Cristo (Jo 3.5-8; Tt 3.5).
4.2.3 Ele habita. No ato da regeneração, o Espírito Santo passa a habitar no crente, mantendo uma relação pessoal com o indivíduo. Esta união com Deus é chamada de habitação ou morada do Espírito em nós (Jo 14:17; Rm. 8:9; I Co 6:19; II Tm 1:14: I Jo 2:27; 3.24; Ap 3:20).
4.2.4 Ele reveste de poder e concede dons. Uma das principais atividades do Espírito Santo na vida do cristão é revesti-lo de poder (At 1.8), distribuindo dons espirituais (I Co 12.7-11) e capacitando-o a testemunhar de Cristo.
CONCLUSÃO
Sendo o Espírito Santo “Deus”, seria impossível defini-Lo ou descrevê-Lo em Sua plenitude. Por isso, nesse breve esboço, procuramos apenas descrever alguns atributos, bem como algumas de suas atividades que foram registradas nas Sagradas Escrituras, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Sem esquecer-nos, no entanto, de que a atuação deste supremo Ser, não se limita às experiências que foram registradas nas páginas das Sagradas Escrituras; pois, Ele continua agindo, de maneira atuante e marcante, na vida dos pecadores, e, principalmente, dos servos de Deus, espalhados por todo o mundo.
REFERÊNCIAS
  • A existência e a Pessoa do Espírito Santo. Severino Pedro da Silva. C.P.A.D.
  • Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Myer Pearlman. Vida.
  • O que a Bíblia diz sobre o Espírito Santo. Stanley Horton. C.P.A.D.
  • Teologia Sistemática. Eurico Bérgsten. C.P.A.D
Publicado no site da Rede Brasil de Comunicação

terça-feira, 29 de março de 2011

2º TRIMESTRE DE 2011

LIÇÃO 01 – QUEM É O ESPÍRITO SANTO

INTRODUÇÃO
Neste segundo trimestre do ano, em comemoração ao Centenário das Assembleias de Deus no Brasil, estudaremos sobre o Movimento Pentecostal, as doutrinas da nossa fé. Nesta primeira lição, nos dedicaremos ao estudo acerca do Espírito Santo, que é a Terceira Pessoa da Trindade, onde abordaremos sobre Sua divindade e personalidade; Sua atuação no Antigo e Novo Testamentos, bem como na experiência humana.

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Quem é o Espírito Santo

domingo, 27 de março de 2011

LIÇÃO 1 - QUEM É O ESPÍRITO SANTO

A Doutrina do Espírito Santo
Gratos a Deus por mais um trimestre que iniciaremos:


MOVIMENTO PENTECOSTAL - As doutrinas de nossa fé
Comentário- Elienai Cabral e Isael de Araújo(lição 10).
Que através desses estudos possamos renovar em nossas vidas o anseio pentecostal de outrora.
” O fogo arderá continuamente no altar e não se apagará”
Enquanto começamos nossos estudos sobre a pessoa e a obra do Espírito Santo, é importante que tenhamos atitudes apropriadas. Se realmente aproveitamos o estudo da Palavra de Deus lembremo-nos de:

1. Orar para que o Espírito Santo nos ensine. João 14:26; I Coríntios 2:11-13.
2. Submeter-nos às Escrituras como a nossa única regra de fé e prática. Especialmente no estudo da obra do Espírito Santo aonde muitos têm feito de sua própria experiência a autoridade final. Outros afirmam, em nome do Espírito Santo de Deus, terem recebido revelações extra-Bíblicas. II Timóteo 3:16-17, Isaías 8:19-20; Mateus 15:9.
3. Crer que Deus deseja que compreendamos as doutrinas da Sua Palavra. A existência de ensinamentos contraditórios entre vários grupos religiosos nunca deve ser vista de forma que alguém possa dizer que a Bíblia é por demais obscura para que seja interpretada com exatidão. O Nosso Salvador prometeu-nos que o Espírito nos guiará em toda a verdade. II Timóteo 2:15; Atos 17:11-12; João 16:13.
4. Relembrar-nos de começar o estudo da Palavra de Deus com humildade. A Bíblia não contém tudo o que queremos, mas tudo o que devemos saber. Há verdades reveladas (por exemplo o inter-relacionamento da Trindade), as quais devem ser cridas, mesmo que não possam ser entendidas, completamente, pelo homem mortal. Deuteronômio 29:29; Jó 11:7; II Pedro 3:15-16.
5. Desejar crescer espiritualmente, enquanto aprendemos. O conhecimento, sozinho, apenas produzirá orgulho. É triste pensar que alguns possam estudar sobre o Espírito Santo, e, no entanto, não estão cheios do Espírito Santo e as suas vidas não produzem os frutos do Espírito. I Pedro 2:2; I Coríntios 8:1; Tiago 1:22.

I. O OBJETIVO DO NOSSO ESTUDO
O objetivo do nosso estudo é a terceira pessoa do Deus Trino. Pode ser útil se começarmos vendo os títulos atribuídos a esta Pessoa Divina. A. O Espírito - Romanos 8:23

A palavra "espírito" é a tradução, no Velho Testamento, da palavra Hebraica ruach e, no Novo Testamento, da palavra Grega pneuma. Estas palavras também são traduzidas como "vento" (Salmos 1:4; João 3:8). Estas palavras podem referir-se também ao espírito humano (I Tessalonicenses 5:23), aos anjos (Hebreus 1:7), ou a natureza de Deus (João 4:24). A idéia central é a do poder invisível. O Espírito Santo, todavia, é uma Pessoa Divina e nunca deve ser visto como um espírito criado (que nega a sua divindade) ou, como a mera presença ou poder de Deus (que nega a sua personalidade).

B. O Espírito Santo - Lucas 11:13

Ele é chamado Espírito Santo porquê:

1. A Sua natureza é eterna e essencialmente santa.

2. Ele é o autor de toda a santidade no homem.

C. O Consolador - João 14:16

D. Títulos que revelam o Seu relacionamento com o Pai: Espírito de Deus (Mateus 3:16), Espírito do Senhor (Lucas 4:18), Espírito do SENHOR (Jeová, Juízes 3:10) e Espírito do vosso Pai (Mateus 10:20).

E. Títulos que revelam o Seu relacionamento com o Filho: Espírito de Cristo (Romanos 8:9), Espírito de Jesus Cristo (Filipenses 1:19) e Espírito de Seu Filho (Gálatas 4:6).

F. Títulos que revelam os Seus atributos: Espírito eterno (Hebreus 9:14), Espírito de santificação (Romanos 1:4) e os Sete Espíritos (Apocalipse 3:1). [Isto mostra a Sua perfeição].

G. Títulos que revelam a Sua obra: Espírito da verdade (João 14:17), Espírito de vida (Romanos 8:2), Espírito de graça (Hebreus 10:29) e Espírito de adoção (Romanos 8:15).

Há, aproximadamente, cinqüenta títulos atribuídos ao Espírito Santo na Bíblia e cada um deles nos revela um aspecto da Sua pessoa ou obra.

II. A IMPORTÂNCIA DO NOSSO ESTUDO
O estudo do Espírito Santo de Deus é importante devido a Quem Ele é, o que Ele fez e ainda fará.

A. Sua Pessoa - O Espírito Santo é Deus e aquilo que se conhece verdadeiramente de Deus é o alicerce da religião.

B. Sua Obra - Enquanto o mundo parece somente associar o Espírito Santo ao fanatismo religioso, Ele se mantém ativo em todas as áreas da vida. Ele é o Criador, também trabalha na providência, na natureza, na política, nos talentos humanos, na salvação e no crescimento espiritual. Ele inspirou a Bíblia e agora ilumina as nossas mentes para que possamos entendê-la.

Sua vinda ao mundo era tão necessária para a nossa salvação quanto a vinda de Cristo. Sem o Espírito nossa religião é vazia e não temos prova de nossa salvação (Romanos 8:9). O Espírito Santo nos dá vida física, espiritual e ressurrecta (Jó 33:4; João 3:5; Romanos 8:11) O Espírito Santo é o autor de tudo que é bom e agradável em nossa existência (Gálatas 5:19-22).

Como é precioso o Espírito de Deus para o Cristão.
Podemos dizer, como os autores do Credo Niceno, "Eu creio no Espírito Santo, o Senhor e doador da vida, Quem procedeu do pai e do Filho, Quem, conjuntamente, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado."
Nota do tradutor - Em inglês são atribuídas duas palavras distintas em referência à palavra PNEUMA, são elas ‘spirit’ e ‘ghost’. O português não faz a mesma distinção pois dispõe apenas da palavra 'espírito' para aquela palavra grega.

A Divindade do Espírito Santo
As provas da divindade do Espírito Santo podem ser divididas em cinco categorias.
A. O Espírito Santo é chamado Deus - (Atos 5:3-4, 9; I Coríntios 3:16; Efésios 2:22; II Coríntios 3:17). O Espírito é chamado Adonai (Compare Atos 28:25 com Isaías 6:8-9). O Espírito é chamado Jeová (Compare Hebreus 10:15-16 com Jeremias 31:31-34).1
B. O Espírito Santo está associado ao Pai e ao Filho num mesmo nível de igualdade - (Mateus 28:19) [Observe que a palavra "nome" está no singular significado assim que o poder, a glória e a autoridade do Pai, do Filho, e do Espírito Santo é uma só] (I João 5:7; II Coríntios 13:14).
C. Os atributos de Deus são dados ao Espírito Santo.
1. Eternidade - Hebreus 9:14.
2. Vida - Romanos 8:2.
3. Onipresença - Salmos 139:7-8.
4. Santidade - Mateus 28:19.
5. Onisciência - I Coríntios 2:10.
6. Soberania - João 3:8; I Coríntios 12:11.
7. Onipotência - Gênesis 1:1-2; João 3:5
D. As obras de Deus são dadas ao Espírito Santo.
1. A criação - Jó 33:4.
2. A incarnação - Mateus 1:18
3. A Regeneração - (Compare João 3:8 com I João 4:7).
4. A Ressurreição - Romanos 8:11
5. A inspiração da Palavra de Deus - (Compare II Pedro 1:21 com II Reis 21:10).
E. A natureza do pecado ‘sem perdão’ revela a dignidade do Espírito Santo - Mateus 12:31-32.
A importância desta lição tem ênfase quando contabiliza o grande número de seitas que Satanás tem instigado a atacar a verdade da divindade do Espírito Santo. Que isso possa incitar-nos a um maior cuidado ao darmos ao Espírito Santo Seu devido lugar em nosso amor e adoração.
1. Talvez seja conveniente explicar que na tradução para o português a palavra "senhor" aplicada a Deus no Velho Testamento pode ser uma tradução de duas palavras Hebraicas diferentes para "Deus". Quando imprimida com todas as letras maiúsculas ("SENHOR") indica o nome Jeová. Quando somente a primeira letra é maiúscula ("Senhor") trata-se do titulo Hebraico para Deus - Adonai.

A Personalidade do Espírito Santo
A personalidade (quer dizer, a qualidade ou fato de ser uma pessoa) do Espírito Santo é um fato descrito na Bíblia tanto quanto a personalidade do Pai e do Filho. Quando o homem nega essa verdade fica evidente uma cegueira Satânica. Satã, quem ataca toda a verdade, tem atuado em duas frentes contra a doutrina da personalidade do Espírito Santo:
1. Negação doutrinária
O herege antigo, Arius, falou do Espírito como a "energia exercida por Deus". Isso reduz o Espírito de Deus à uma mera amostra do poder do Pai. Este erro ainda é divulgado por várias seitas.
2. Negação prática
Há muitos religiosos que, mesmo não negado a doutrina da personalidade do Espírito em suas confissões de fé, na prática vêem a Ele como um simples poder. Devido a obra do Espírito ser invisível eles o confundem com as suas obras e dons. Este povo freqüentemente refere-se ao Espírito como se fosse possível ter "muito" dEle. O autor lembre se de uma ocasião quando um Pastor Batista disse, "o Espírito esteve aí com grande poder". Este homem piedoso então corrigiu a si mesmo dizendo, "O Espirito esteve aí com infinito poder e manifestou grande poder." Que sejamos cuidadosos quando falamos do Espírito bendito de Deus.
As igrejas primitivas conheciam o Espírito Santo como uma Pessoa Divina que poderia ser seguida (Atos 13:2) e com Quem poderiam ter comunhão (II Coríntios 13:14). Devemos estar alertas para notarmos quando perdemos o reconhecimento da Sua presença e Pessoa.
I. O ESPÍRITO SANTO ESTÁ ASSOCIADO AO PAI E AO FILHO.
É impossível entender como alguém pode negar a personalidade do Espírito e ainda ter bom senso com as Escrituras (Mateus 28:19; II Coríntios 13:14; I João 5:7). Alguém mencionaria um mero "exercício de esforço" em uma lista de personalidades.
II. O ESPÍRITO SANTO TEM TODOS OS ATRIBUTOS DE UMA PESSOA
A. Ele pensa - I Coríntios 2:10-11; Atos 15:28.
B. Ele sente
1. Ele pode ser entristecido - Efésios 4:30
2. Ele pode ser contristado - Isaías 63:10
3. Ele ama - Romanos 15:30 (podemos mencionar aqui que é impossível entristecermos a uma pessoa que não nos ama).
C. Ele exercita volição (poder de escolha) - I Coríntios 12:11.
D. Ele age
1. Ele inspirou as Escrituras - II Pedro 1:21
2. Ele ensina - João 14:26
3. Ele guia - Romanos 8:4
4. Ele fala - Atos 8:29; 13:2
5. Ele convence - João 16:8-11
6. Ele regenera - João 3:5
7. Ele conforta - João 14:16
8. Ele testifica - João 15:26
9. Ele intercede - Romanos 8:26
10. Ele chama para o ministério - Atos 13:2; 20:28
11. Ele cria - Jó 33:4
E. O Espírito Santo nunca deve ser confundido com os Seus dons - (I Coríntios 12:4, 7-11; Atos 2:38). Todos os Cristãos têm o "dom do Espírito Santo," mas ninguém tem toda a "diversidade de dons".
F. Cristo confortou os Apóstolos com a promessa da presença de uma outra pessoa divina em sua ausência - João 14:16.
A palavra 'parakletos', traduzida como "Consolador" em João 14:16, é traduzida como "Advogado" em I João 2:1 e neste versículo refere-se a Jesus Cristo. Jesus Cristo é nosso Consolador e assim segue o Espírito, "outro Consolador" que deve ser igualmente uma pessoa divina. A palavra grega usada em João 14:16 para "outro" é allos que significa "um outro do mesmo tipo" ao invés de heteros que Significa "um outro de um tipo diferente."
G. As ações do homem para com o Espírito provam que Ele é uma pessoa
1. O homem blasfema contra o Espírito - Mateus 12:31. A natureza do pecado que não tem perdão prova a personalidade do Espírito. A blasfema contra uma pessoa e não contra um poder é que não tem perdão.
2. O homem mente ao Espírito Santo - Atos 5:3.
3. O homem tenta o Espírito Santo - Atos 5:9.
4. O homem resiste o Espírito Santo - Atos 7:51.
5. O homem obedece o Espírito Santo Atos 13:2,3.
H. São pronomes pessoais usados em referência ao Espírito Santo.
Em Atos 13:2 é usado o pronome ‘me’ e o verbo na primeira pessoa ‘tenho’ ; em João 15:26 o pronome ‘ele’ é usado, também, em João 16:8,13.
Nas lições seguintes estudaremos os dons e as operações do Espírito Santo. Antes de começarmos, deixe me implorar para que você entenda Quem é o Espírito Santo. Como um jovem crente eu vi muitas igrejas pregarem a obra de Cristo e o plano da salvação, mas, evidentemente, esqueceram-se da pessoa de Cristo. Não devemos cometer o mesmo erro em se tratando do Espírito Santo.
Autor: Pr Ron Crisp
Tradução: Albano Dalla Pria
Revisão e Editoração: Calvin Gardner
EBDISTAS


domingo, 20 de março de 2011

Paulo testifica de Cristo em Roma - Parte 1

INTRODUÇÃO
AT 23:11 / Paulo devia estar imaginando em que iria dar tudo isso. Sua vida
parecia pender de um fio; sofrerá três tentativas de assassinato em dois dias
(21:31; 22:22; 23:10; cp. 2 Coríntios 11:23). Se um dia ele sentiu necessidade
de conforto, teria sido esse dia. E o Senhor (Jesus) lhe atendeu essa
necessidade. A mesma palavra que o Senhor havia dirigido a seus discípulos em
meio à tempestade que ameaçava o barco (Marcos 6:50) — uma palavra singular
na boca de Jesus Cristo — ele a pronunciou para Paulo naquela noite no forte
de Antônia: Paulo, tem bom ânimo! Da mesma maneira como havia
testemunhado em Jerusalém, haveria de testemunhar também em Roma.
Observe que sua tarefa não era defender-se, mas "testemunhar" (testificar).
Esse verbo encontra-se em ambas as metades desse versículo, mas na primeira
metade está na forma intensiva, como que reconhecendo que Paulo havia
testificado de modo cabal (veja a disc. sobre 2:40). Quanto a visões semelhantes
em momentos decisivos, veja 11:5ss.; 18:9s.; 22:17ss.; 27:23s. Esta visão trouxe
confirmação à própria convicção de Paulo (e ao desejo dele) de que ele
deveria visitar Roma (cp. 19:21; Romanos 1:10s; também Salmo 34:4s.).
Alguns comentaristas têm visto na declaração comparativa feita neste versículo
algo mais do que a simples idéia de Paulo testificar; ele o faria, dizem, nas
mesmas circunstâncias: o apóstolo havia testificado em Jerusalém em grilhões,
e em grilhões testificaria em Roma.
Paulo para que acreditasse nos profetas, salientando
que não era tão simples assim tornar-se um cristão, ainda que a pessoa cresse
nos profetas. Outros, ainda, acham que Agripa está exprimindo frio desdém, e
que está adotando o tom da ortodoxia judaica, não o da indiferença romana,
como reação a Paulo, o entusiasta cristão (cp. 1 Coríntios 1:23).


Novo Comentário Bíblico Contemporâneo ATOS David J. Williams

Paulo testifica de Cristo em Roma - Parte 2

Paulo Viaja para Roma (Atos 27:1-
12)
Como peça literária, esta história descritiva da viagem e naufrágio nos
mostram Lucas no ápice, sendo um clássico de sua espécie na literatura
antiga. Lucas tem sido acusado de inventar essa história, ou de pelo menos
haver adaptado um conto já existente, para seus propósitos pessoais.
Todavia, James Smith há muito tempo demonstrou que a precisão da
narrativa, em termos de geografia, condições atmosféricas e arte de
navegação é de tal ordem que não poderia ser outra coisa senão
O registro de uma viagem real (p. xxxii), enquanto o emprego da
primeira pessoa é indicativo genuíno de que a viagem foi feita na
companhia do próprio autor.
O prazer do viajante em relatar aventuras, e o fato de as histórias a
respeito de naufrágios serem coisa da moda nos dias de Lucas, seriam
suficientes para explicar a extensão da narrativa. Todavia, a estas sugestões
poderíamos acrescentar mais uma, a de que Lucas tinha em mente a crença
popular segundo a qual o mar se vinga dos perversos (cp. 28:4) e que, por
isso, Lucas teve um prazer especial ao contar uma história de livramento.
Mas é possível, ainda, que Lucas estivesse criando um paralelismo com o
relato do evangelho (veja a disc. sobre 19:21-41), e que ele houvesse
narrado a história pormenorizadamente como correspondendo à história da
morte e ressurreição de Jesus (usando a tempestade e a segurança de Malta).
Entretanto, seja qual for o motivo propulsor de Lucas, deixou-nos ele uma
história maravilhosa da "misericórdia que nos acompanha", sem a qual Paulo
jamais teria chegado a Roma.
27:1 / Se Festo houvesse chegado à Judéia no começo do verão do ano
cm que tomou posse (digamos, no ano 59 d.C), talvez Paulo tenha sido
colocado a bordo do navio no fim do verão ou no outono desse mesmo ano.
Observe-se que se reinicia o relato na primeira pessoa do plural (ocorre pela
última vez em 21:18), e a inclusão um tanto displicente que Lucas faz de si
próprio na decisão das autoridades romanas de enviar os prisioneiros a
Roma. Esta decisão não dizia respeito só a Paulo, embora 0 grego de Lucas
possa estar fazendo distinção entre o apóstolo e os demais (num sentido
muito estrito, a palavra significa "outros de natureza diferente"; teriam já
sido condenados? ). Os prisioneiros foram colocados sob a guarda de uma
escolta comandada por um centurião chamado Júlio, da corte augusta
(NIV traz "do Regimento Imperial"). Essa escolta tem sido identificada como
a Corte I Augusta, um regimento que, segundo inscrições, esteve na Síria após
o ano 6 d.C, e na Batanéia (Basã, a leste da Galiléia) no tempo de Herodes
Agripa II (cerca de 50-100 d.C). É possível que um destacamento dessa
corte se houvesse aquartelado na Cesaréia. As obrigações atribuídas a Júlio
normalmente cabiam aos centuriões.
27:2 / A rota mais usada para ir a Roma passava por Alexandria, mas
nessa ocasião Júlio conseguiu passagens para seus homens num navio de
Adramítio, que estava prestes a navegar em demanda dos portos da
costa da Ásia. Num desses portos tinham certeza de encontrar um navio de
partida para Roma ou, em não havendo nenhum, descobririam meios em
Adramítio de chegar à Grécia, atravessá-la e chegar assim à Itália.
Adramítio era metrópole da região da Mísia, na província da Ásia, situada no
golfo que lhe dera o nome (veja a disc. sobre 20:13). Lucas acrescenta que
Aristarco, macedônio, de Tessalônica, estava com eles. Havia sido um dos
delegados que acompanharam Paulo a Jerusalém (20:4; cp. 19:29), que
talvez agora estivesse regressando à Macedônia, intencionando despedir-se
de Paulo e Lucas em algum ponto da viagem. Por outro lado, ele é
mencionado em Colossenses 4:10 e em Filemon 24 como tendo estado com
Paulo em Roma. É possível, portanto, que ele houvesse acompanhado os
irmãos nessa viagem, embora não seja mencionado mais em Atos. Ramsay
pensa que Aristarco e Lucas devem ter-se considerado "escravos" de Paulo, a
fim de poder permanecer com o apóstolo (Paul, p. 316). Todavia, este navio
não era militar, para transporte de tropas, não havendo razão para supormos
que esses dois companheiros não houvessem comprado suas passagens
como viajantes normais. Ehrhardt (p. 124) toma literalmente a descrição que
Paulo faz de Aristarco em Colossenses 4:10, como quem "está preso
comigo", e supõe que tenha sido remetido a Roma, com Paulo, para
julgamento.
27:3 / O primeiro porto a que chegaram foi Sidom, a mais de cem
quilômetros de Cesaréia e a cerca de quarenta quilômetros ao norte de Tiro.
Embora já houvesse visto melhores dias, esta antiga cidade ainda florescia
sob o domínio romano. Tinha agora uma (pequena) comunidade cristã (cp.
11:19), evidentemente conhecida de Paulo desde tempos anteriores (11:30;
12:25; 15:3), e o centurião permitiu a esses crentes que visitassem Paulo na
praia, concessão habitual; poderíamos aceitar a sugestão de que o grego
deveria ser traduzido "permitiu que seus amigos o visitassem" a bordo. Seja
como for, aos crentes sidônios foi permitido que cuidassem dele — talvez
com alimentos e outras ofertas para a viagem. Caso Paulo fosse à praia, é
evidente que iria escoltado.
27:4-5 / O navio se fez ao mar de novo, navegando para leste e depois
para o norte de Chipre, a fim de evitar os ventos de oeste e de noroeste do
verão e início do outono. Dois anos antes esses ventos ajudaram Paulo a
atravessar bem, até o lado oposto (21:2s.). Mantendo-se próximos da costa,
tiravam vantagem dos ventos praianos e da corrente que vai para o oeste.
Assim foi que o navio navegou devagar ao longo da costa da Cilícia e da
Panfíüa, até chegar a Mirra, na Lícia (v. 5). De acordo com o texto
ocidental, esta parte da viagem demorou quinze dias, o que seria razoável
(cp. Luciano, Navigium 7). Mirra situava-se no rio Andraco, a cerca de cinco
quilômetros do mar. Seu porto chamava-se Andriaca, mas o uso comum
incluía o porto de Mirra, como Lucas faz aqui. Sob os romanos, quando
Lícia era uma província separada, Mirra era sua capital (veja a disc. sobre
13:13).
27:6 / Aqui o centurião encontrou um navio de Alexandria com
destino à Itália, e para ele mandou transferir os prisioneiros. Lucas não
menciona o tipo de navio, mas o fato de ele ter saído do Egito a caminho da
Itália, e que sua carga era trigo (v. 38, mas cp. v. 18), indica que pertencia a
uma frota de navios de cereais a serviço do governo. Nada há a estranhar
que um navio assim estivesse em Mirra. Por causa da direção dos ventos
contrários (veja v. 4), os navios de cereais egípcios regularmente seguiam
essa rota a fim de obter espaço marítimo e aproveitar os ventos direcionados
para o ocidente.
27:7-8 / Parece que de fato os ventos contrários sopravam quando o
navio saiu de Mirra. Foi, portanto, com dificuldade que tomaram o rumo do
oeste, devagar, até chegarem a certo ponto defronte de Cnido. No quarto
século a.C. esta cidade, que anteriormente situava-se mais longe, a leste, na
península de Cnido, havia sido fundada de novo na ponta ocidental do
promontório (o ponto mais longínquo a sudoeste da Ásia Menor). Além
desse ponto eles não usufruiriam mais a proteção da terra, nem a ajuda dos
ventos e correntes marítimas locais. Poderiam ter parado em Cnido a fim de
aguardar condições melhores, mas decidiram continuar, confiantes em que
chegariam à Itália antes do término da estação propícia às viagens
marítimas.
O vento de fato impediu-os de chegar direto à ilha de Cítera, ao norte
de Creta, como talvez houvessem desejado. O único rumo era, então, o sul,
antes que o vento noroeste soprasse, e velejar a sota-vento de Creta (v. 7).
Assim foi que o navio rodeou o cabo Salmone, um promontório na face
oriental da ilha (Cabo Sídero? ) e, a seguir, retomou o rumo do oeste com
dificuldade, até chegar a um lugar chamado Bons Portos, na costa centrosul
de Creta, a três quilômetros a leste do cabo de Matala (v. 8). Este
ancoradouro (conhecido ainda por esse nome) abre-se para o leste e sudeste,
parcialmente protegido por várias ilhotas. Tal ancoradouro lhes teria servido
de abrigo durante algum tempo, visto que a oeste do cabo de Matala ergue-se
o continente ao norte, e assim eles estariam de novo expostos ao vento
noroeste. Todavia, no inverno o lugar chamado Bons Portos de modo algum
faz jus ao nome. Na melhor das hipóteses teria sido inconveniente; na pior
delas, perigoso, visto que os ventos de leste e noroeste nessa estação sopram
diretamente na baía. Lucas acrescenta que Bons Portos ficava perto da
cidade de Laséia, que foi identificada numas ruínas a oito quilômetros de
distância, a leste (pode ter sido a Lasos, mencionada por Plínio, Natural
History 4.59; ocorre que nem Laséia nem Bons Portos são mencionados na
literatura antiga).
27:9 / Aqui lançaram âncoras durante muito tempo à espera de
condições atmosféricas melhores. Quanto mais esperavam, mais perigoso
ficava prosseguir viagem, porque já era quase fim de ano. Entre os antigos,
a estação perigosa para a navegação estendia-se de setembro a começos de
novembro (cp. Vegetius, De re Militari 4.39; Hesíodo, Works andDays
619); depois, só se faziam as viagens mais urgentes em mar aberto, cessando
as demais, até a primavera. Todavia, o dia da expiação já havia passado, e
esse fato teria levado Lucas e Paulo a observar o jejum que marcava aquele
dia para os judeus (veja a disc. sobre 13:2-3). O dia da expiação caía no
décimo dia de Tisri, o sétimo mês do ano judaico, correspondente em parte a
setembro e outubro. Visto que o calendário judaico baseava-se na lua, a
posição do mês variava de ano para ano, mas em 59 d.C. a data do jejum
teria sido 5 de outubro, e como essa data já havia passado estavam
avançados no mês de outubro com pouquíssimo tempo disponível para a
navegação em segurança.
27:10 / Houve alguma discussão, portanto, quanto a se deveriam
enfrentar o inverno em Bons Portos, ou tentar encontrar um lugar melhor onde
fundear. Paulo apresentou sua contribuição ao debate advertindo as
autoridades a que permanecessem onde estavam. Suas palavras, vejo que a
viagem será desastrosa poderiam indicar um prenuncio dado por Deus (cp.
vv. 21-26), mas não é preciso que as interpretemos como sendo mais do que
simples prenuncio ditado pela experiência. Paulo era um viajante
experimentado (cp. 2 Coríntios 11:25), sendo por essa razão, sem dúvida,
que se lhe pediu a opinião, ou se nada lhe foi pedido, pelo menos foi levada
em consideração. Não fica bem claro se ele fazia parte do grupo de discussão,
ou se fez que sua opinião fosse ouvida através do centurião. O caso é que sua
opinião deveria ter sido acatada. Porém o caso não se tornou tão mau como
ele havia esperado, não havendo perda de vidas.
27:11 / Lucas nos dá a impressão de que a decisão final ficou com o
centurião; os comentaristas têm suposto que assim teria sido porque o navio
estava a serviço do governo. Todavia, Lucas poderia estar dizendo apenas que
o centurião atendeu à opinião dos marinheiros, cuja opinião afinal ficou
valendo. Outras considerações teriam sido feitas, além das condições
atmosféricas, como a dificuldade para abastecer o navio em Bons Portos,
havendo apenas uma pequenina cidade a oito quilômetros de distância (veja
a disc. sobre o v. 8). Quais teriam sido as posições relativas aos dois
marinheiros mencionados neste versículo, não ficou bem claro. Um deles
poderia ter sido o dono (como dizem NIV e ECA), mas a palavra não denota
necessariamente a posição de proprietário; ele poderia ter sido o capitão, e o
outro, o piloto, ou navegador.
27:12 / Finalmente decidiu-se que deveriam tentar chegar a Fênice.
Algumas informações dadas por Strabo (Geography 10.4) e Ptolemeu
(Geography 3.17) parecem indicar que Fênice ficava no cabo Mouros, no
sul de Creta, em que Lutro é o único porto de segurança; isso se enquadra
bem na descrição dada por esses autores. Aqui uma península lança-se na
direção do sul, com um braço que se estende para o leste, formando um
porto totalmente protegido ao norte, a oeste e ao sul. Uma única dificuldade
permanece na descrição que Lucas faz desse porto com Fênice, que é a
seguinte: a descrição de Lucas faz o porto ficar de face para o nordeste e
para o sueste, e se enquadra melhor com a baía voltada para o oeste, até hoje
conhecida como Fineca através da península, desde o porto de Lutro. Os
comentaristas modernos têm encontrado dificuldade em aceitar Fineca como a
Fênice desta narrativa, por ser um porto muito mais pobre do que Lutro. Mas
exames recentes da área sugerem que houve mudanças no contorno do
litoral, desde que Lucas escreveu Atos. A baía ocidental já foi bem protegida,
mas fenômenos naturais (terremotos) alteraram a topografia e cobriram uma
enseada que se abria para o noroeste nos tempos clássicos. Ainda há uma
enseada que se abre para o sudoeste e, considerando que os ventos de
inverno vêm do nordeste e do leste, qualquer dessas enseadas ofereceriam
abrigo razoável a um navio. Entretanto, esse mesmo vento contra o qual
buscavam proteção removeria esse abrigo deles e levaria o navio à
destruição.


Novo Comentário Bíblico Contemporâneo ATOS David J. Williams

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