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domingo, 29 de abril de 2012

LIÇÃO 6 – TIATIRA,A IGREJA TOLERANTE.


INTRODUÇÃO:

Satanás estava presente e ativo na Ásia quando Jesus enviou estas cartas às igrejas. Ele tinha sinagogas em Esmirna (2:9) e Filadélfia (3:9), e um trono em Pérgamo (2:13). Em Tiatira, ele tinha uma profetisa que incentivava as pessoas a conhecerem as “coisas profundas de Satanás”. Para servir a Deus num ambiente cheio da influência do diabo, o discípulo de Cristo teria que lutar e confiar em Deus, confiante da recompensa para os vencedores.

A igreja em Tiatira é a igreja que persegue e faz calar os profetas de Deus (ou os desautoriza), é a igreja idólatra e, espiritualmente, prostituta. É a igreja que prega e celebra o sacrifício contínuo do Filho de Deus, não reconhecendo que Sua morte na cruz foi totalmente suficiente. É a igreja das boas obras, mas não se arrepende da idolatria e prostituição e, por isso, padece de doença incurável. É como a mulher que esconde o fermento da doutrina das profundezas de Satanás levedando toda a massa.Em conseqüência vai se tornar a grande meretriz, mãe de todas as abominações. O seu fim é a desolação e nudez.

I-A IGREJA EM TIATIRA

Estava situada no caminho entre Pérgamo e Sardes. Atualmente, chama-se Akhisar (significa “castelo branco”), na Turquia. Lídia, a primeira pessoa convertida por Paulo na Europa, era de Tiatira (Atos 16:14), mas não temos mais nenhuma informação sobre esta igreja. O que sabemos da igreja vem das referências no Apocalipse.Era conhecida pela produção de púrpura, uma tinta usada em tecidos (veja Atos 16:14), além de roupas, artigos de cerâmica, bronze, etc. Havia em Tiatira grupos organizados de artesãos e profissionais, semelhantes às associações profissionais de hoje, mas com elementos religiosos de influência pagã. Como as outras cidades da época, Tiatira teve seus templos e santuários religiosos, incluíndo templos aos falsos deuses Apolo, Tirimânios e Artemis (uma deusa chamada Diana pelos romanos – veja Atos 19:34) e um santuário a sibila (orácula) Sambate. A importância de figuras femininas na cultura religiosa de Tiatira pode ter facilitado o trabalho de Jezabel, a mulher que seduzia os discípulos e incentivava a idolatria e a prostituição.

Não temos notícia acurada sobre quem foi este “anjo” (pastor), a não ser aquilo que se depreende do presente texto. Lídia, vendedora de púrpura, e convertida por Paulo, era dessa cidade (At 16.14). Da conversão de Lídia, que se deu provavelmente no ano 53 d. C. à carta dedicada ao anjo da “igreja de Tiatira”: em 96 d. C., corre um lapso de tempo de 33 anos. Podemos deduzir, ainda que improvável terem sido Lídia e seu esposo, os grandes instrumentos usados por Deus, par o início de formação daquela igreja: talvez um de seus filhos seja o “anjo” (pastor) do texto em foco (cf. At 16.15).

II-A IDENTIFICAÇÃO DO DESTINATÁRIO

A expressão “Filho de Deus” aparece somente aqui no Apocalipse. É comum no Novo Testamento, especialmente nos livros de João, como descrição de Jesus Cristo. Os servos fiéis são descritos, também, como filhos de Deus (veja 21:7; 1 João 3:1,2,10; 5:2; João 1:12; etc.) Aqui, a expressão obviamente se refere a Cristo.

As palavras do Senhor tornam-se cada vez mais fortes. O Senhor diz que Ele é o que tem “olhos como chama de fogo”. Nada pode ocultar-se dos seus olhos. Ele é a luz; Ele é a iluminação. Ao mesmo tempo Ele diz que tem “pés semelhantes ao bronze polido”. Na Bíblia, bronze significa julgamento (interpretação teológica). O que os olhos vêem, os pés julgam. Aleluia por isso!!!

III-UMA IGREJA RICA EM OBRAS

Quando à conduta das igrejas, Cristo primeiro menciona Aquilo que pode elogiar. “Sei quais são as tuas obras” – diz Ele. Tais obras são mencionadas onze vezes neste livro. O leitor deve observar o contraste entre as “obras” da igreja de Éfeso (2.5), e as “obras” da igreja de Tiatira: enquanto naquela as “últimas obras eram menores que as primeiras”, nesta pelo contrário; as “últimas obras são mais do que as primeiras”. O substantivo grego, que nossas versões do Novo Testamento traduzem por “obras”, com maior precisão que a palavra portuguesa comporta duas acepções: o resultado de uma atividade (sentido habitual do termo em português); e também: a atividade em si mesma (significado que, aliás, sob a influência do latim teológico, passou para o português), limitando-se às atividades morais. No presente texto: são obras de caridade feitas em favor de Cristo, durante essa dispensação da graça (Ap 22.12).

1. A tua caridade. (Amor). O Senhor Jesus também louvou esta igreja (usamos aqui uma metonímia: figura que consiste em tomar a parte pelo todo e vice-versa; o geral pelo particular e o particular pelo geral) pelo seu amor. A palavra “amor” encontra-se em toda a extensão da Bíblia, que descreve o seu caráter multiforme:

(a) “Há o amor de Deus, isto é, o amor de Deus tem dispensado pelos homens. Essa é a fonte de todo amor, o que é comentado em (Jo 3.16 e ss), como poemas ilustrativos, relacionando-se como um supremo sacrifício.

(b) Há o amor de Cristo cuja natureza é igual a do amor de Deus, e que comentado em (2Co 5.14). Trata-se de uma força que nos constrange, que também nos leva a amar e a servir ao próximo, em honra ao Senhor. Esse foi o amor que motivou a expiação e a missão terrena, em geral, de Cristo.

(c) Há o amor do homem a Deus e a Jesus Cristo. Essa modalidade pode ser expressa diretamente, mediante a subida mística da alma, em fazer tanto o bem a Deus como ao próximo.

(d) Há o amor próprio (cf. Mt 22.39 e Ef 5.29). Trata-se de uma condição patológica em que um indivíduo tudo faz ou realiza só em torno de si mesmo, visando ao seu próprio conforto. Ele torna-se por natureza um “amante de si mesmo” (2Tm 3.2 e ss).

(e) Há também o amor de um ser humano por outro, ou pela humanidade. É a transferência dos cuidados que temos por nós mesmos para nossos semelhantes”.

IV-JEZABEL,E AS PROFUNDEZAS DE SATANÁS

A palavra “Jezabel” significa: “Montão de lixo”. Na opinião de alguns eruditos: “Casta”. Aparece pela primeira vez nas Escrituras como pessoal de uma princesa. Ela tinha crescido em Tiro, na cidade portuária fenícia. Seu pai, rei Etbaal, era também sacerdote de Astarote e sacrificava a Baal (1 RS 16.31) e, por conseguinte, tornou-se esposa de Acabe, rei de Israel. Esta ferina rainha tombou morta no vale de Armagedom (2 Rs 9.15, 16, 30, 37).

O problema principal da igreja em Tiatira foi uma atitude tolerante em relação a uma falsa profetisa. É possível que a mulher realmente chamava-se Jezabel, mas é mais provável que Jesus tenha escolhido este nome por representar toda a maldade da mulher do rei Acabe no 9º século a.C. Ela teve uma influência terrível em Israel, conduzindo o povo à idolatria. A Jezabel de Tiatira agiu de maneira semelhante, seduzindo os cristãos às práticas de idolatria e prostituição (ou imoralidade sexual literal, ou impureza espiritual). Ela incentivou os servos de Deus a comerem coisas sacrificadas a ídolos, uma prática condenada que representa comunhão com os demônios (veja Atos 15:20,29; 1 Coríntios 10:20-22).

O problema da igreja foi a sua tolerância dessa falsa profetisa. O povo de Deus deve repreender e rejeitar falsos mestres (Efésios 5:11; Romanos 16:17-18; Gálatas 1:6-9; Tito 3:10-11). A igreja em Tiatira, possivelmente enfatizando o amor ao ponto de esquecer da pureza de doutrina, tolerava esta falsa mestra. Devemos sempre lembrar que a sabedoria de Deus é mais importante do que a paz com homens (Tiago 3:17; Mateus 10:34-38).

Dei-lhe tempo para que se arrependesse... (21): Jesus é longânimo e paciente (Romanos 2:4). Ele deu tempo suficiente para Jezabel se arrepender, mas ela não quis.

Eis que a prostro de cama...(22): Esta não é a cama da prostituição (ela já se deitava naquela cama de livre vontade), mas a cama de doença e sofrimento. Jesus forçaria esta mulher e seus cúmplices a se deitarem na cama de tribulação (veja Mateus 8:14; 9:2).

Matarei os seus filhos (23): Pode ser que ele se refere literalmente aos filhos da profetisa, mas a palavra “filho”, freqüentemente, se refere às pessoas que seguem o ensinamento ou o exemplo de alguém. Assim, os descendentes de Abraão são aqueles que praticam as mesmas obras (João 8:39) e os filhos do diabo são aqueles que imitam as obras dele (João 8:44). Da mesma maneira, é provável que os filhos de Jezabel sejam aqueles que seguem os ensinamentos e praticam as obras dela. Se não se arrependerem, Jesus mataria os malfeitores.

Todas as igrejas conhecerão... (23): O castigo divino tem vários propósitos. Um destes, obviamente, é o castigo dos culpados. Neste caso, Jesus prometeu matar as pessoas que praticaram a idolatria e a prostituição, caso não se arrependessem. Mas há um segundo motivo atrás deste castigo. A morte de alguns serviria de alerta para outros. As igrejas entenderiam que Jesus realmente sabe de tudo que acontece, e que ele julga retamente segundo as obras de cada um. Observamos a importância da disciplina divina para deter o pecado dos outros. Veja alguns exemplos: Acã (Josué 7; 22:20); Ananias e Safira (Atos 5:11); A correção pública de pecadores (1 Timóteo 5:20). Nós devemos aprender as lições dos pecados do passado, e considerar as conseqüências da desobediência.

CONCLUSÃO:

Jesus vê tudo e faz uma distinção absoluta entre os servos de Satanás e os servos fiéis do Senhor. Para os que insistem em servir ao diabo, ele promete tribulação e morte. Para os discípulos dele, ele promete o dia de sua presença e o privilégio de reinar com ele sobre os inimigos.


BIBLIOGRAFIA

http://www.estudosdabiblia.net

http://www.cacp.org.br

Apocalipse/Versículo por Versículo/Severino Pedro da Silva 


BLOG EBDISTAS - PB.CLEITON JOSÉ

domingo, 22 de abril de 2012

LIÇÃO 5 – PÉRGAMO,A IGREJA CASADA COM O MUNDO.


INTRODUÇÃO:

Vimos, ao estudar a , que Satanás usou de sua primeira estratégia para banir os cristãos da face da terra: a perseguição. Porém, Satanás aprendeu que, quanto mais perseguia os cristãos, mais a Igreja prosperava e permanecia. Portanto, perseguir não foi uma estratégia bem sucedida por parte do inimigo.

Agora Satanás muda a estratégia, e dá um golpe muito forte, e infelizmente de muita inteligência: Satanás passa a contaminar a Igreja para tentar extingui-la.

A igreja em Pérgamo se encontrou numa situação difícil. Por todos os lados, os vizinhos praticavam idolatria e deram honra aos governantes romanos. Os cristãos não abandonaram a verdade do Senhor, o único verdadeiro Soberano. Mas, tanta influência de falsas doutrinas teve um impacto negativo na igreja, poluindo a congregação com doutrinas falsas que incentivavam os irmãos a praticaram idolatria e imoralidade. Jesus chama a igreja ao arrependimento para evitar o castigo divino.

I. PÉRGAMO,O TRONO DE SATANÁS

O único livro do Novo Testamento que cita a cidade ou a igreja em Pérgamo é o Apocalipse. Com a ajuda dos romanos, Pérgamo ganhou independência dos selêucidas em 190 a.C., e passou a fazer parte do império romano a partir de 133 a.C. Durante mais de 200 anos, foi a capital da província romana da Ásia. Teve a maior biblioteca com 200.000 volumes, que depois foram levados para Alexandria. Segundo uma lenda era Pérgamo terra sagrada por ter aí nascido o deus Júpiter. Quando dominavam os reis atálicos, tornou-se Pérgamo uma cidade de Templos, colégios (principalmente o de medicina) e palácios reais, e era considerada a primeira cidade da Ásia. Foi o povo de Pérgamo que começou a usar peles de animais para fazer pergaminho, substituindo o papiro.

Os cristãos em Pérgamo eram vizinhos do diabo! Jesus, sempre vigiando para ajudar o seu povo, sabia muito bem da circunstância difícil naquela cidade. Desde 29 a.C., foi o local de um templo dedicado a Roma e Augusto (idolatria oficial do governo romano). Mais tarde, foram erigidos outros templos para a honra dos imperadores Trajano e Severo. Além desses templos para o culto imperial, o povo de Pérgamo adorava outros “deuses”, tais como Zeus, Atena, Dionisio e Asclepio. Encontramos em Pérgamo uma mistura dos poderes do mal – religiões falsas e o poder oficial do governo romano

“Pérgamo” parece significar “casamento”. É uma Igreja mundana. Representa para alguns a Igreja dos anos 313 a 600 d.C. , quando se deu o gênesis da união do Estado com a Igreja (de acordo com a teologia e a história da Igreja) - apesar de termos muitas peculiaridades dessa igreja em nosso momento atual.
A igreja de Pérgamo tinha as suas qualidades, como tinha a igreja de Éfeso. Mas, mesmo assim, seus pecados encobriram essas qualidades, ao ponto de ter sido repreendida pelo Senhor Jesus.

II.A ESPADA DE DOIS GUMES

Quando o Senhor Jesus disse que tinha uma espada de dois gumes, estava falando da sua Palavra (Ef 6.17), a qual tem dois gumes, cortando dos dois lados. A Palavra de Deus corta ( exorta, consola e edifica) tanto quem ouve quanto quem prega. Na verdade o pregador deveria ser o primeiro a experimentar a Palavra e assim, depois, ministrá-la aos outros. O Apóstolo S. Paulo era um verdadeiro pregador da palavra de Deus, aonde ele afirma que se subjugava primeiro e depois manifestava a Palavra aos outros. Isso nos mostra, principalmente nos dias atuais, que devemos viver a Palavra na prática, como cristãos autênticos e não só de boca. Quando nos cortamos com ela, fica visível. Nota-se que algo nos aconteceu, percebem o sangue, não o nosso, mas o de Jesus. Todos notam o ocorrido, ao contrário da faca física, as pessoas percebem que o corte acontecido foi muito bom, pois o mal foi cortado e lançado fora: o vício, as drogas, as velhas manias, os adultérios, a prostituição, o coração rancoroso... E tantas outras coisas mudaram no nosso interior. É assim, quando experimentamos o corte da Palavra de Deus, podemos testemunhar e mostrar o efeito benéfico desse corte.

O Senhor Jesus disse que satanás habitava ali e pelo contexto não parece referir-se à cidade de Pérgamo simplesmente, mas a própria Igreja. Temos que estar sempre alertas à toda novidade doutrinária e preparados para enfrentá-las. Em nossos dias novas doutrinas surgem a cada minuto, pregadores e mais pregadores tem trazido novidades ao seio da Igreja e temos engolido miseravelmente. Se não voltarmos à pureza da Palavra de Deus, cairemos no erro desta Igreja citada acima e satanás se entronizará em nosso meio.
Convido você, meu irmão, a lutar e guerrear no mundo espiritual pela sã doutrina, a qual o diabo quer deturpar; Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos (IITm 4.3).

III.O DESTINATÁRIO

Não podemos determinar e, nem ainda há um pequeno vestígio no Novo Testamento, sobre quem era o “anjo” (pastor) da igreja de Pérgamo nos dias em que esta carta estava sendo enviada, visto que, o Novo Testamento não cita nominalmente a igreja de Pérgamo, há não ser aquilo que é depreendido do texto em foco. Porém, pelas evidências internas e externas apresentadas pelos versículos que descrevem a posição desta igreja; nos faz pensar, em um cristão pertencente a Igreja Primitiva. Foi ele, sem dúvida, o substituto de “Antipas”, a fiel testemunha de Cristo (v.13).

Nada se sabe de certo acerca desse personagem, exceto aquilo que poderia ser depreendido do texto em foco. As Escrituras não entram em detalhes sobre a biografia desta testemunha do Senhor na cidade de Pérgamo. A palavra grega para “testemunha” no dizer de G. Ladd é martys, que mais tarde ficou com a conotação de mártir. Talvez neste contexto já tenha este significado. Em 17.6 a mesma palavra é traduzida às vezes por “os mártires de Jesus’. O testemunho mais eficiente do cristão é ser fiel ao seu Senhor até à morte e ao martírio. Antipas foi uma delas!. Para aqueles que interpretam o livro do Apocalipse do ponto de vista histórico, acham que o antropônimo “Antipas”, no grego hodierno “Anti-pas”. Tratava-se da forma contraída de “Antipater”, que poderia ser traduzido à forma “Anti-papa”. Assim, o seu nome pode ter sido profético, e significa: “Aquele que se opõe ao Papa”. Esta linha de pensamento aceita que as letras que formam a palavra “Antipas” tenham esse sentido. Para nós, este ponto de vista, não combina com a tese e argumento principal, razão por que Antipas foi morto antes do ano (96 d. C.), e o sistema papal só veio a existir séculos depois. Aceitamos ter sido Antipas um homem de origem Iduméria. Este servo de Deus, uma vez convertido ao cristianismo em Jerusalém, sentido a chamada de Deus, e em razão de ser conhecido pessoalmente do Apóstolo João, foi servir como bispo na cidade de Pérgamo. Existiam naquela igreja, segundo o texto divino, duas falsas doutrinas: (a) À de Balaão; (b) À dos nicolaítas. Antipas como sendo uma testemunha ousou desafiar sozinho e selar seu testemunho com seu próprio sangue opondo-se a este “sistema nocivo”. Semeão Metafrastes, diz que Antipas, o bispo de Pérgamo, foi colocado dentro de um boi feito de bronze, e a seguir foi aquecido ao rubro. Seu corpo foi literalmente, cozido, na chama abrasadora.

IV.AS HERESIAS DE PÉRGAMO.

1-Doutrina de Balaão.

É a mistura espiritual da Igreja com o mundo, quanto às suas práticas e procedimento, perdendo ela assim sua pureza e santidade. Foi isso que Balaão fez a Israel, induzindo-os a se prostituírem com mulheres pagãs. Ele, que era profeta de Deus, se contaminou por causa do dinheiro e ensinou a Balaque (inimigo do povo de Israel), rei dos moabitas, a lançar tropeços diante dos filhos de Israel para contaminá-los. Assim, por conselho de Balaão, Israel profanou sua separação do mal e interrompeu sua peregrinação para a Terra prometida (Nm 25.1-3).
Diz a Palavra de Deus em Nm 25.1 que “Israel deteve-se em Sitim” (versão ARC), quando já estavam próximo de Canaã, e a causa disso foi esta que acabamos de mostrar. O mesmo acontece hoje, sempre que a Igreja se mistura com o mundo – ela pára, se detém, imobiliza-se. É a união da Igreja com o mundo, como milhões estão querendo.

Há dois males citados na Bíblia, da parte de Balaão: “O caminho de Balaão” (IIPe.2:15), e o “erro de Balaão” (Jd.v.11).
O caminho de Balaão – Está em Nm 22-24. Ele queria ganhar o prêmio oferecido pelo rei Balaque e ao mesmo tempo agradar a Deus. Impossível! Vemos hoje obreiros igualmente mercenários, abraçando o ministério evangélico como se este fosse uma profissão rendosa. É o profissionalismo “espiritual” ou “os profissionais da fé”, hoje comum nas Igrejas, principalmente nessas neo-pentecostais, onde as pessoas não conhecem os seus pastores e cada dia se deparam com um cidadão diferente, sem saberem quem é e de onde veio, mas ouvem e se alimentam sem saber a procedência do pregador. Transformam as práticas da vida cristã, tanto as individuais como as do culto coletivo, em secularismo ou profissionalismo puro. Ler Mt 6.24.
O erro de Balaão – Balaão racionando do ponto de vista natural, humano, via mal em Israel e achava que Deus devia amaldiçoá-lo. É hoje o mal do racionalismo humano dentro da Igreja. É querer interpretar as coisas de Deus – a Sua Palavra, sua doutrina, sua Igreja, seus caminhos, somente pelo nosso raciocínio. É a dependência do intelectualismo. Num tempo como o atual em que a Igreja toda se acultura o perigo do racionalismo humano nas coisas de Deus está aí.

2-A doutrina dos Nicolaítas.

Já comentamos sobre os Nicolaítas (Ap 2.6) na carta à Igreja de Éfeso, entretanto o que nos chama a atenção é que, o que era “obra dos nicolaítas”(Vrs. 6) tornou-se agora “doutrina”. Isso nos faz ficar alertas para o fato do rápido progresso do mal sobre a Igreja. As heresias não são aberrações como se pensam, mas muito pelo contrário, elas são “floridas” e atraentes ao mais fervoroso e devoto cristão. É ai que a comunhão com o Espírito Santo é de vital importância, pois é Ele que nos mostra toda verdade, leiamos:
Quando vier o Ajudador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que do Pai procede, esse dará testemunho de mim” (Jo 15.26). “E quanto a vós, a unção que dele recebestes fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como vos ensinou ela, assim nele permanecei” (IJo.2.27).
A única vacina contra as heresias é o conhecimento da Palavra e a comunhão com o Espírito Santo, só assim há proteção. Esse é um dos motivos do Senhor dizer no final de todas as suas cartas: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”.

CONCLUSÃO

A Bíblia nos mostra que o nosso Deus tem prazer em operar, trabalhar ao nosso favor. Isso acontece quando aceitamos a sua Palavra e por ela andamos. Entretanto, quando nos voltamos contra a Palavra e a vontade de Deus, e pior quando sabemos o certo e fazemos o errado, Deus vira-se contra nós. O texto diz que o Senhor virá e com a espada da sua boca (a Palavra) batalhará contra aquele que outrora Ele era a favor. Saiba meu irmão que o Senhor o ama, que a sua Palavra é para o seu bem, mas se recusar e virar-se contra o seu criador terás o Senhor, que nunca perdeu uma batalha contra você. Fique do lado certo e seja abençoado pelo Senhor.

BIBLIOGRAFIA:

Daniel e Apocalipse – EETDA;

Ortodoxia da Igreja – W. Nee.

Dicionário D. Davis; Ed. Juerp

Apocalipse Versículo por Versículo / Severino Pedro da Silva

http://igrejagoias.blogspot.com.br

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terça-feira, 17 de abril de 2012

Lição 4- Esmirna, a Igreja Confessante e Mártir


INTRODUÇÃO

“Esmirna” vem de “mirra”, uma erva amarga. Logo, “Esmirna” significa amargura, um nome bem característico para uma igreja que estava enfrentando perseguição. Esmirna foi uma igreja sofredora, perseguida, pobre, caluniada, que enfrentou a própria morte, mas foi uma igreja que só recebeu elogios de Cristo. Aliás, dentre as sete igrejas que receberam cartas, somente duas receberam elogios, a saber, Esmirna e Filadélfia. Sabemos que não há igreja local isenta de imperfeições, mas na carta endereçada à igreja em Esmirna não foram apresentadas pelo Senhor as suas imperfeições. Isso deve nos servir de lição: uma igreja pobre e perseguida não recebeu repreensões do Senhor, mas elogios, não porque era pobre e perseguida, e sim porque era fiel a Jesus. A igreja de Esmirna representa todas as igrejas, em todos os tempos, que sofreram e sofrem agruras por causa do evangelho, da sua fé e fidelidade a Cristo Jesus. Ser cristão em Esmirna representava o risco de perder os bens e a própria vida. A fidelidade até a morte era a marca dessa igreja. Devemos aprender com essa igreja a sermos fiéis a Cristo e aos seus mandamentos.
I. ESMIRNA, UMA IGREJA MÁRTIR

1. Esmirna, uma cidade soberba. “Esmirna era a mais bela cidade da Ásia menor. Era considerada a coroa desse continente. Próspero centro portuário possuía um pitoresco cenário natural. Fazia fronteira com o mar Egeu, sendo ladeada por uma montanha circular chamada Pagos. Nela, havia templos pagãos e edifícios públicos que lhe davam a aparência de una coroa. As ruas bem pavimentadas e delineadas por arvoredos acentuavam-lhe a beleza… Séculos antes, Alexandre, o grande, determinara fazer de Esmirna a cidade-modelo da Grécia. Sua vida cultural florescia. Ela ostentava magnífica um monumento ao seu filho mais ilustre - Homero. Aqui, achava-se também o maior teatro da Ásia. Seu orgulho e beleza estavam gravados em suas moedas…. Todos os deuses eram abertamente adorados em Esmirna. Mas, nesta perversa cidade, havia um pequeno rebanho de Cristo… Em Esmirna não era fácil ser cristão. Muitos eram perseguidos e mortos por sua fé. Ser chamado cristão, aqui, era sobremodo perigoso” (Alerta Final, CPA D, pp. 95 e 96).
Na condição de centro religioso, em Esmirna eram adorados os deuses Cibele, Apolo, Asclépio, Afrodite e Zeus. O culto ao imperador, que incluía a queima de incenso à imagem de César, foi bastante difundido e praticado em Esmirna. Conforme Kistemaker, em 26 d.C. ela dedicou um templo ao imperador Tibério e se gabava de ser a principal no culto ao imperador (KISTEMAKER, Simon. Apocalipse. São Paulo: Cultura Cristã, 2004, p. 163-164).

“No ano 26 d.C, quando as cidades da Ásia Menor competiam pelo privilégio de construir um templo ao imperador Tibério, Esmirna ganhou de Éfeso”(STOTT, John. O que Cristo pensa da Igreja, p. 29). Para a igreja dessa cidade, Jesus disse: “Sê fiel até a morte”.
Esmirna tinha um estádio onde todos os anos se celebravam jogos atléticos famosos dos quais participavam atletas procedentes de todo o mundo; os jogadores disputavam uma coroa de louros. Para os crentes fiéis dessa cidade, Jesus prometeu a coroa da vida.

2. A igreja em Esmirna. Não há registros específicos da chegada do Evangelho e da fundação da igreja em Esmirna, mas podemos sem problema inferir que ela tenha sido estabelecida por influência dos ensinos de Paulo, quando este esteve em Éfeso por ocasião de sua terceira viagem missionária. Perceba isto analisando o contesto de Atos 19.10: “Durou isto por espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor Jesus, tanto judeus como gregos”.
Como na grande maioria dos casos, na medida em que foi estabelecida pela pregação do Evangelho, a igreja em Esmirna começou a provocar e a vivenciar algumas tensões, inquietações e desconfortos, que aos poucos se transformou numa violenta e cruel perseguição. Os crentes em Esmirna estavam sendo atacados e mortos. Eles eram forçados a adorar o imperador como se fosse Deus. Segundo relatos históricos, de uma única só vez 1.200 crentes foram lançados do alto do monte Pagos. Em outro momento, lançaram 800 crentes. Os crentes estavam morrendo por causa de sua fé e fidelidade a Deus.

Um dos mais notáveis bispos de Esmirna foi Policarpo (69-155 d.C), que morreu queimado numa fogueira. Diante do carrasco romano, não negou a fé em Cristo. William Hendriksen, assim descreve esse fato: “É possível que Policarpo fosse o bispo da igreja de Esmirna naquele tempo. Era um discípulo de João. Fiel até a morte, esse dedicado líder foi queimado vivo em uma fogueira no ano 155 d.C. Seus algozes pediram-lhe que dissesse: “César é Senhor”, mas ele recusou a fazê-lo. Levado ao estádio, o procônsul instou com ele, dizendo: “Jura, maldiz a Cristo e te porei em liberdade”. Policarpo lhe respondeu: “Sirvo a Cristo há oitenta e seis anos, e ele nunca me fez mal, só o bem. Então como posso maldizer o meu Rei e Salvador?” […]. Depois de ameaçá-lo com feras, o procônsul lhe disse: “Farei que sejas consumido pelo fogo”. Mas Policarpo respondeu: “Tu me ameaças com fogo que queima por uma hora e depois de um pouco se apaga, mas tu és ignorante a respeito do fogo do juízo vindouro e do castigo eterno, reservado para os maus. Mas, por que te demoras? Faze logo o que queres […J”. Assim Policarpo foi queimado vivo em uma pira”(HENDRIKSEN,William. Mas que Vencedores, p. 72-73).

A promessa de Jesus é clara: “O vencedor de modo algum sofrerá a segunda morte” (Ap 2:11). “Podemos enfrentar a morte e até o martírio, mas escaparemos do inferno, que é a segunda morte, e entraremos no céu, que é a coroa da vida. Precisamos ser fiéis até a morte, mas a segunda morte não poderá nos atingir. Podemos perder nossa vida, mas a coroa da vida nos será dada”(Rev. Hernandes Dias Lopes).

3. Esmirna, confessante e mártir. A igreja em Esmirna era confessional e mártir. Diante do martírio foi exortada a ser fiel até a morte (Ap 2:10). Não é apenas fidelidade até o último instante da vida, mas, sobretudo, fidelidade até às últimas consequências.
Devemos não apenas viver pela fé, mas, se preciso for, devemos estar prontos para morrer pela fé. O martírio pode ser o cálice amargo que precisaremos beber. Os imperadores romanos, os déspotas e o anticristo podem até matar os crentes, mas estes jamais enfrentarão a morte eterna. Jesus disse: “O que vencer não sofrerá o dano da segunda morte” (Ap 2:11). Jesus está mostrando que não devemos ter medo dos homens. Mesmo que nosso sangue seja derramado; mesmo que selemos nossa fé com nosso sangue; mesmo que os homens nos despojem de todos nossos bens; mesmo que eles nos tirem nossa família e até nossa vida, eles jamais poderão nos roubar a vida eterna.
A salvação é uma dádiva de Deus que jamais poderá ser tirada de nós. Essa salvação é o melhor tesouro, é a pérola de grande valor. Que o digo o destemido apóstolo Paulo: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor!”(Rm 8:35-39).

II. APRESENTAÇÃO DO MISSIVISTA

Cristo é o missivista. Ele valoriza tanto a Sua igreja que Ele se dá a conhecer no meio dela e não à parte dela. Hoje, muitas pessoas querem Cristo, mas não a igreja. Isso é impossível. A atenção de Cristo está voltada para a Sua igreja. Ela ocupa o centro da Sua atenção.

1. O Primeiro e o Último - “E ao anjo da igreja que está em Esmirna escreve: Isto diz o Primeiro e o Último“(Ap 2:8). Essa expressão aponta para a eternidade de Jesus Cristo. É essencialmente o mesmo que “Alfa e Ômega”, título dado ao Todo-Poderoso Deus (Ap 1:8), que representam a primeira e a última letra do alfabeto grego. Deus é o Alfa (Criador) e Ômega (aquele que faz novos Céus e nova Terra). Ele é Senhor de todos (no passado, presente e futuro), como sugerido pela expressão “que é, que era, e que há de vir” (Ap 2:8). A cidade de Esmirna tinha a pretensão de ser a primeira, mas Jesus diz: “Eu sou o Primeiro e o Último” (Ap 1:17). Jesus é o Criador, Sustentador e Consumador de todas as coisas como o Supremo Juiz (João 5:27; Rm 2:16; 2Tm 4:1). Ele cria, controla, julga e plenifica todas as coisas. Glórias sejam dadas ao seu glorioso nome! Portanto, os que se levantavam contra Esmirna já estavam julgados e condenados, a menos que se arrependessem de suas más obras.

2. Esteve morto e tornou a viver - “… foi morto e reviveu“ (Ap 2:8). Para a igreja de Esmirna, que estava passando pelo sofrimento, perseguição e morte, enfrentando o martírio, Jesus se apresenta como aquele que esteve morto e tornou a viver, mostrando que a morte não é o fim para aqueles que professam o nome do Senhor. O Jesus que venceu a morte é o remédio para alguém que está enfrentando a perseguição e a morte.
III. AS CONDIÇÕES DA IGREJA EM ESMIRNA

1. Tribulação (Ap 2:9,10). Com grande ternura, o Senhor diz a seus santos sofredores que tem pleno conhecimento da sua tribulação: “Eu sei as tuas obras, e tribulação…”(Ap 2:9). A igreja de Esmirna estava atravessando um momento de prova, e o futuro imediato era ainda mais sombrio. A igreja estava sendo espremida debaixo de um rolo compressor. A pressão dos acontecimentos pesava sobre a igreja e a força das circunstâncias procurava forçar a igreja a abandonar sua fé. Mas os cristãos não deviam temer nenhuma das coisas que teriam de sofrer em breve - “Nada temas das coisas que hás de padecer…“(Ap 2:10). Alguns seriam encarcerados e postos à prova por meio de uma tribulação durante dez dias (Ap 2:10). Esse período pode se referir a dez dias literais, a dez perseguições distintas sob os imperadores romanos que antecederam Constantino, ou dez anos de perseguição sob o imperador Diocleciano. Os cristãos, contudo, foram encorajados a ser fiéis até à morte(Ap 2:10), ou seja, a estar dispostos a morrer em vez de renunciar sua fé em Cristo. Receberiam, então, a coroa da vida, a recompensa especial reservada aos mártires.

Somos chamados a ser fiéis até às últimas consequências, mesmo em um contexto de hostilidade e perseguição. Hoje, Jesus espera de seu povo fidelidade na vida, no testemunho, na família, nos negócios, na fé. Não venda seu Senhor por dinheiro, como Judas. Não troque seu Senhor, por um prato de lentilhas, como Esaú. Não venda sua consciência por uma barra de ouro, como Acã. Seja fiel a Jesus, ainda que isso lhe custe seu namoro, seu emprego, seu sucesso, sua vida. Jesus diz que aqueles que são perseguidos por causa da justiça são bem-aventurados (Mt 5:10-12). O mundo perseguiu a Jesus e também nos perseguirá.

Cerca de cinquenta anos depois da carta à igreja de Esmirna, o seu pastor, Policarpo, foi queimado vivo, como mencionei anteriormente. Era um discípulo de João. Fiel até à morte, esse dedicado líder foi queimado vivo em uma fogueira em 23/02/155 d.C. Ele foi apanhado e arrastado para a arena. Historiadores relatam que os judeus colaboraram de bom grado com o martírio de Policarpo. Tentaram intimidá-lo com as feras. Ameaçaram-no com o fogo, mas ele respondeu: “Eu sirvo a Jesus há oitenta e seis anos, e ele sempre me fez bem. Como posso blasfemar contra o meu Salvador e Senhor que me salvou?”. Os inimigos furiosos queimaram-no vivo em uma pira (fogueira onde se queimavam cadáveres), enquanto ele orava e agradecia a Jesus o privilégio de morrer como mártir.

Jesus conhece quem somos e tudo o que acontece conosco (Ap 2:9). Esse fato é fonte de muito conforto. Jesus conhece nossas aflições, porque anda no meio dos candelabros (isto é, no meio das igrejas). Sua presença nunca se afasta. Nosso Senhor não dormita nem dorme. Ele está olhando para você. Ele sabe o que você está passando. Ele conhece sua tribulação. Ele conhece suas lutas. Conhece suas lágrimas. Sabe que diante dos homens você é pobre, mas ele sabe os tesouros que você tem no Céu. Jesus sabe das calúnias que são atribuídas aleivosamente contra você. Conhece o veneno das línguas mortíferas que conspiram contra você. Sabe que somos pobres, mas, ao mesmo tempo, ricos. Sabe que somos entregues à morte, mas, ao mesmo tempo, temos a coroa da vida.

2. Pobreza. Ao contrário da igreja de Laodicéia, que era rica, Esmirna era uma igreja pobre materialmente. O próprio Jesus reconheceu a sua pobreza: “Conheço a tua […] pobreza“(Ap 2:9). A igreja de Esmirna era uma igreja pobre porque os crentes vinham das classes mais baixas. Pobre, também, porque muitos dos membros eram escravos. Pobres, outrossim, porque seus bens eram tomados, saqueados. Pobres, ainda, porque os crentes eram perseguidos e até jogados nas prisões. Pobres, finalmente, porque os crentes não se corrompiam. Era uma igreja espremida, sofrida, acuada. Embora a igreja fosse pobre financeiramente, era rica em recursos espirituais. Não tinha tesouros na terra, mas os tinha no céu. Era pobre diante dos homens, mas rica diante de Deus. A igreja de Laodiceia considerava-se rica, mas Jesus disse que ela era pobre. A igreja de Esmirna era pobre, mas aos olhos de Cristo era rica (Ap 2:9); ela não tinha ouro nem prata na terra, mas tinha tesouros no céu; ela não tinha nada, mas possuía tudo; era desprovida de bens, mas enriquecia a muitos. A riqueza de uma igreja não está na pujança de seu templo, na beleza de seus móveis, na opulência de seu orçamento, na projeção social de seus membros. Enquanto o mundo avalia os homens pelo ter, Jesus os avalia pelo ser. Pedro não tinha nenhuma moeda para dar uma esmola, mas era rico para Deus - “E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”(At 3:6). A viúva pobre deu apenas duas pequenas moedas, mas, aos olhos Jesus de Cristo, deu mais do que as ricas ofertas dos ricos. Portanto, a verdadeira riqueza não é material, mas espiritual, conforme vimos exaustivamente no 1ºtrimestre de 2012.

3. Ataques dos falsos crentes. Os santos de Esmirna foram alvos de ataques implacáveis dos judeus. Havia uma forte e influente comunidade judaica em Esmirna. Como judeus, afirmavam ser o povo escolhido de Deus, mas, com seu comportamento blasfemo, mostravam que eram “sinagoga de Satanás”(Ap 2:9). Os crentes de Esmirna estavam sendo acusados de coisas graves. Os judeus estavam espalhando falsos rumores sobre os cristãos. As mentes da população de Esmirna estavam sendo envenenadas. O diabo é o acusador. Ele é o pai da mentira. Aqueles que usam a arma das acusações levianas pertencem a “sinagoga de Satanás”. Segundo estudiosos, “os crentes passaram a sofrer várias acusações levianas: (a) canibais - por celebrarem a ceia com o pão e o vinho, símbolos do corpo de Cristo; (b) imorais - por celebrarem a festa do ágape antes da comunhão; (c) separadores de famílias - uma vez que as pessoas que se convertiam a Cristo deixavam suas crenças vãs para servir a Cristo; (d) ateus - por não se dobrarem diante de imagens dos vários deuses; (e) desleais e revolucionários - por se negarem a dizer que César era o Senhor. No século I, os judeus foram os principais inimigos da igreja. Perseguiram a Paulo em Antioquia da Pisídia (At 13:50), em Icônio (At 14:2,5); em Listra, Paulo foi apedrejado (At 14:19). Quando retornou para Jerusalém, os judeus o prenderam no templo e quase o mataram. O livro de Atos termina com Paulo em Roma, sendo perseguido pelos judeus. Eles se consideravam o genuíno povo de Deus, os filhos da promessa, a comunidade da aliança, mas, ao rejeitarem o Messias e perseguirem a igreja de Deus, estavam se transformando em “sinagoga de Satanás”. Quem difama Cristo ou o degrada naqueles que o confessam promove a obra de Satanás e guerreia as guerras de Satanás.

4. Os crentes em prisão - “… Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados”(Ap 2:10). Alguns crentes de Esmirna estavam enfrentando a prisão. A prisão era a ante-sala do túmulo. Os romanos não cuidavam de seus prisioneiros. Normalmente os prisioneiros morriam de fome, de pestilências ou de lepra. Vistas de uma perspectiva mais elevada, as detenções tinham uma outra finalidade: “para que sejais provados“. Os crentes estavam prestes a ser levados à bancada de testes. Deus estava testando a fidelidade dos crentes. Mas Deus é fiel e não permite que sejamos tentados além de nossas forças. Ele supervisiona nosso teste. Em todas os aprisionamentos de cristãos sempre o diabo está por trás. Mas quem realiza seus propósitos é Deus. O fogo das provas só consumirá a escória, só queimará a palha, porém tornará você mais puro, mais digno, mais fiel. Jesus estava peneirando sua igreja para arrancar dela as impurezas. Nosso adversário nos tenta para nos destruir; Jesus nos prova para nos refinar. Precisamos olhar para além da provação, para o glorioso propósito de Jesus. Precisamos olhar para além do castigo, para seu benefício. O rei Davi disse: “Foi bom eu ter sido castigado, para que aprendesse teus decretos” (Sl 119:71). O Senhor não nos poupa da prisão, mas usa a prisão para nos fortalecer. Ele não nos livra da fornalha, mas nos purifica nela. Glórias a Deus!

CONCLUSÃO

A mensagem à Igreja em Esmirna consistia em que os crentes permanecessem fiéis durante as provações, porque Deus estava no controle de tudo e eles poderiam confiar em suas promessas. Jesus nunca disse que se formos fiéis a Ele jamais teremos problemas, sofrimentos ou perseguições. Na verdade, devemos ser fiéis a Ele durante nossos sofrimentos. Somente assim nossa fé poderá se mostrar genuína. Permaneceremos fiéis se conservarmos nosso olhar em Cristo e naquilo que Ele nos promete para esse momento e para o futuro(ver Fp 3:13,14; 2Tm 4:8). Que a igreja de Esmirna nos sirva de exemplo e referencial de fidelidade a Deus, coragem e determinação. […] Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte. (Ap 2.10c-11).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço - Prof. EBD - Assembléia de Deus - Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald - Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão - nº 50.
O Novo Dicionário da Bíblia - J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon - CPAD.
Comentário Bíblico NVI - EDITORA VIDA.
Rev.Hernandes Dias Lopes - Ouça o que o Espírito diz às Igrejas.

Publicado no blog do Luciano de Paula Lourenço

terça-feira, 10 de abril de 2012

Lição 3 - ÉFESO,A IGREJA DO AMOR ESQUECIDO.


1. “ESCREVE ao anjo da igreja que está em Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro”.

I. “...Ao anjo da igreja”. Nada se sabe de certo quem era esse “anjo” nos dias em que esta carta estava sendo enviada, a não ser aquilo que depreende do texto em foco. Segundo o relato de Lucas em Atos 20, quando Paulo visitou a Ásia Menor, “...de Mileto mandou a Éfeso, chamar os anciãos da igreja. E, logo que chegaram juntos dele, disse-lhes...Olhai pois por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” (At 20.17, 18, 28). Quando Paulo falou essas palavras, Timóteo era o pastor (anjo) da igreja de Éfeso (1Tm 1.3) e provavelmente Tíquico tenha sido seu substituto (At 20.4; Ef 6.21; 2Tm 4.12). O “anjo” a que Jesus se refere bem pode ser este último.
1. ÉFESO. O nome significa “desejado”. Situação Geográfica: a cidade de Éfeso se encravava no pequeno Continente da Ásia Menor. “Esta era a capital da província romana da Ásia. Com Antioquia da Síria e Alexandria no Egito, formavam o grupo das três maiores cidades do litoral leste do Mar Mediterrâneo. O seu tempo da “Diana dos efésios” (At 19.28) foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo”. Pelo menos duas vezes, Paulo esteve nessa cidade (At 18.19 e 19.1). Em sua terceira viagem por aquela região, ele não chegou até lá, mas estando em Mileto “mandou a Éfeso, a chamar os anciãos da Igreja”. Essa igreja recebeu duas cartas: uma de Paulo (epístola aos efésios), e outra de Cristo (à que está em foco). A primeira em 64 d. C., a segunda em 96 d. C.
2. Notem-se as sete coisas comuns a todas as sete mensagens: (a) Todas são dirigidas “ao anjo da igreja”. 2.1, 8, 12, 18; 3.1, 7, 14. (b) Cada mensagem tem uma descrição abreviada daquele que a envia, tirada da visão de Cristo glorificado, no primeiro capítulo. (c) Cristo afirma a cada igreja: “Sei”. 2.2, 9, 13, 19; 3.1, 8, 15. (d) Todas as mensagens têm ou uma palavra de louvor ou censura. 2.4, 9, 14, 20; 3.2, 8-10, 16. (e) Cristo lembra Sua Vinda e o que há de acontecer conforme a conduta da própria pessoa, a todas as sete igrejas. (f) A cada igreja é repetido a frase: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. 2.7, 11, 17, 29; 3.6, 13, 22. (g) Cada vez, há promessa explícita, para os vencedores do bom combate da fé: “Jesus diz: O que vencer!”. (Cf. 2.7, 11, 17, 26; 3.5, 12, 21).

2. “Eu sei as tuas obra, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são, e tu os achaste mentirosos”.

I. “...os que dizem ser apóstolos”. Está em foco neste versículo, os chefes Gnósticos, que tinham arrogado para si o título de apóstolos de Cristo. Paulo diz que tais “...falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo” (2Co 11.13b). Diante dos “anciãos de Éfeso”, Paulo os chamou de “...lobos cruéis, que não perdoarão ao rebanho” (Al 20.29a). Oito livros do Novo Testamento foram escritos contra formas diversas dessa heresia, a saber: (Colossenses, as três epístolas pastorais, as três epístolas joaninas e Judas). A Epístolas aos Efésios, o evangelho de João e o livro do Apocalipse, em alguns trechos esparsos, também refletem oposição a essa heresia. A igreja de Éfeso não suportava os tais gnósticos e por isso foi louvada pelo Senhor: “puseste à prova”. Esta expressão é o equivale dizer no grego: “Reprovaste-Os”.
1. A igreja de Éfeso, talvez tenha sido a de maior cuidado do ministério de Paulo; O Novo Testamento diz que, Paulo esteve em Éfeso, levando consigo Priscila e Áquila; e deixou-os ali (At 18.19); retornou mais tarde (19.1) e desta vez permaneceu dois anos, dedicado à pregação do Evangelho. Dessa maneira, todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra sobre o Senhor Jesus, assim judeus como gregos (At 19.10). Éfeso chegou mesmo a tornar-se o centro do mundo cristão. “As profecias de Paulo realizaram-se: poderá hoje, quem visita Éfeso saber onde era o lugar da casa ou templo em que a igreja se reunia? Tudo ruína! “Como homem, combati em Éfeso contra as bestas” disse Paulo: Feras humanas! (cf. 1Co 15.32)”.

3. “E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste”.

I. “...tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome”. É evidente que os que tem esperança, esperam. E, “os que esperam no Senhor renovarão as suas forças...” (Is 40.29, 31). No Salmo 89.19, há uma promessa de Deus para aquele que trabalha: “Socorri um que é esforçado: exaltei a um eleito do povo”. A inatividade na vida espiritual é condenada por Deus. No livro de Provérbios fala-se do “preguiçoso” cerca de 17 vezes, por isso é evidente que o Espírito Santo considera muito este perigo da mocidade, e de pessoas mais idosas. O preguiçoso é reprovado por covardia (Pv 21.25; 26.13), por negligenciar as oportunidade (Pv 12.27), os deveres (Pv 20.4), por desperdiçamento (Pv 18.9), por indolência (Pv 6.6, 9), por imaginar-se sábio (Pv 26.16). Ele é ainda comparado ao caçador que não assa sua caça, e portanto a come crua (Pv 12.27); concomitantemente, ele não leva sua mão à boca para não cansar o braço (Pv 26.15). A igreja de Éfeso era conhecida pelas obras: perseverava no trabalho; não cansava no serviço de Cristo. Note como se repete a palavra “paciência”; eram perseverantes no lidar (v. 2 ), e perseverantes no sofrer (v. 3).

4. “Tenho, porém, contra ti que deixaste a tua primeira caridade”.

I. “...A primeira caridade”. (O primeiro amor). A presente expressão, não significa “declínio da fé” como alguns, mas, antes, sugere um esfriamento no amor (Mt 24.12). Cerca de 30 anos antes desta carta, a igreja de Éfeso, tinha ardente caridade para com “todos os santos” (cf. Ef 3.18). Paulo chegou até a convidá-los a participarem da “...largura, e a altura e a profundidade” do amor de Deus, “...que excede todo o entendimento” (Ef 3.18-19). O desaparecimento gradual do amor fraternal no coração do salvo (Mt 24.12). Tem como resultado, o abandono da “primeira caridade”. Pedro disse aos seus leitores: “...sobretudo, tende ardente caridade...” (1Pd 4.8).
1. Cristo mencionou não menos que 9 características destacadas e louváveis que achou na igreja do Éfeso. Mas por isso podia desculpá-la da falta de amor. Apesar de qualquer esforço, ou de qualquer grau de sinceridade, gravíssimo é o nosso estado espiritual se nos faltar o amor: “...ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria”. “...ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria”. Esta é a grande declaração do Apóstolo Paulo, em 1Co 13.3-4. Se o cristão não tem amor, a vida espiritual também não tem sentido. “Nada Seria!”. Disse ele!.

5. “Lembra-te pois donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres”.

I. “...Tirarei do seu lugar o teu castiçal”. Esta profecia do Senhor Jesus sobre a “remoção” do castiçal de Éfeso, não se cumpriu na igreja mas também na cidade. Alguém já disse com sabedoria: “Há tempo para perdão e tempo para juízo”. Cf. Ec 3.1. Por muito tempo o “castiçal” de Éfeso se manteve em pé; Deus estava-lhe dando uma oportunidade para arrependimento. Segundo o testemunho da História, ela isso não fez, e o juízo de Deus atingiu não somente o “castiçal” (igreja, mas também a cidade, e no quinto século sua glória declinou. “Hoje não resta nem opulência, nem mesmo templos pagãos suntuosos, nem o porto, que o próprio Mar destruiu e aterrou”. Éfeso era a igreja autêntica; ensinava a verdadeira doutrina de Cristo, e punha a prova os homens que se desviaram da fé uma vez para sempre entregue aos santos. Mas devia arrepender-se de uma falta grave: “Deixou 0 primeiro amor”. No contexto vivido; a melhor maneira de o cristão restaura a “primeira caridade”, é sem dúvida alguma: praticar “as primeiras obras”. Ambos exigências, foram exigidas na igreja de Éfeso.

6. “Tens, porém, isto: que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço”.

I. “...os nicolaítas”. Não podemos determinar com certeza serem estes “nicolaítas” discípulos de “Nicolau”, o sétimo diácono (At 6.5). O texto divino escrito por São Lucas, afirma ser Nicolau, um homem de “boa reputação, cheio do Espírito Santo e de sabedoria” (At 6.3). O Apóstolo João, conhecia bem pessoalmente a Nicolau, e sem dúvida, no dia de sua separação para o diaconato (o texto em si não diz que aqueles sete foram separados para diáconos; mas o grego ali existente favorece o significado do pensamento: diáconos, três vezes, ministros, sete vezes e servos, vinte vezes), pôs suas mãos sobre ele (At 6.2, 6), é esta razão, além de muitas outras, motivo para não infligirmos na conduta deste servo de Deus, aquilo que ele não foi. Se assim o tivesse sido, João teria citado seu nome como fez com os outros inimigos da igreja. De acordo com C. I. Scofield, a palavra “Nicolau” quer dizer “Vencedor do Povo”, e o termo “nicolaítas” que vem no superlativo tem quase o mesmo sentido: Nico é um termo grego que significa conquistar ou subjulgar. Laitanes é a palavra grega de onde se deriva nosso vocábulo “leigo”. Nas cartas do Apocalipse, quando é mencionada uma doutrina ou ato de uma pessoa, comumente se usa mencionar seu nome, por exemplo: “doutrina de Balaão” (2.14); “os trono de Satanás” (2.13); “sinagoga de Satanás” (2.9 e 3.9); “as profundezas de Satanás” (2.24); “toleras Jezabel”, etc. (2.20). Quanto aos nicolaítas”, o estilo muda completamente como pode muito bem ser observado: a frase “as obras dos nicolaítas” (2.6), e “doutrina dos nicolaítas” (2.15). O presente texto, diz: “As obras de Nicolau” (a pessoa); nem a “doutrina de Nicolau” (um dos sete). O leitor deve observar a frase pluralizada: “As obras (dos) nicolaítas” e “doutrina (dos) nicolaítas”. Estas expressões referem-se a um grupo e não a uma pessoa.
1. Outro ponto de vista sobre o assunto que deve ser observado é que Nicolau “era prosélito de Antioquia” (At 6.5); separado para o diaconato, servia na igreja de Jerusalém. O livro de Atos dos Apóstolos não fala de Nicolau como tendo-se destacado como missionário itinerante, a exemplo de Estevão e Filipe (At 6.8 e 21.8). É evidente que sua esfera de trabalho foi local; ele não alcançou lugares distantes como Éfeso e Pérgamo. Pelo que sabemos, não é mencionado mesmo ante ou depois de Cristo, um homem chamado Nicolau que tenha fundado uma seita, a não ser aquilo depreendido e focalizado do texto em foco. Se essa palavra é simbólica, vemos, neste vocábulo, “nicolaítas”, o começo do controle sacerdotal ou eclesiástico sobre as congregações (igrejas) cristãs individuais. O Sr. A. E. Bloomfield declara o que segue: “Os movimentos das igrejas, visando poder político e prestígio social mediante uniões, federações e alianças mundanas, são ‘doutrinas e obras” dos nicolaítas. Trata-se do esforço de restaurar, por métodos humanos, aquilo que se perdeu (o primeiro amor)”. Observemos dois pontos focais ainda sobre o presente assunto:
(a) Tudo indica que “nicolaítas”, refere-se ao começo da noção de uma ordem sacerdotal na igreja: “clero” e “leigos”. Tudo nos faz crer, que esta seita denominada de “nicolaítas” faz parte de um “sistema” gnóstico existente naqueles dias; pode ser isso o sentido real do que temos aqui.
(b) Como já ficou estabelecido acima: “...Em época posterior a Cristo, houve uma seita gnóstica conhecida pro “os nicolaítas”, a qual é mencionada por Tertuliano de Cartago. Que também era de índole gnóstica”.

7. “Quem tem ouvido ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus”.

I. “...a comer da árvore da vida”. O vencedor recebe a promessa de que se alimentará da árvore da vida. Este livro fecha com uma “bem-aventurança” sobre os que têm à árvore da vida” (22.14). Em Apocalipse não aparece mais a “árvore da ciência do bem e do mal” (Gn 2.17), mas de um modo especial a “árvore da vida”. O comer da árvore da vida expressa a participação na vida eterna.
1. O simbolismo da árvore da vida aparece em todas as mitologias, desde a Índia, até à Escandinávia. Os rabinos judeus e ismaelitas chamavam de “árvore da provação”. O Zend Avesta tem a sua própria árvore da vida, chamada de “Destruidora da Morte”. Para nós, porém, o comer da árvore da vida, significa o direito de ser revestido da imortalidade (Ap 22.19). Algumas Bíblias trazem: “comer”. Mas, sem outras, ‘se alimente” (Almeida, 1969 é mais expressiva). A sabedoria divina divide os homens em duas classes: a dos vencedores e a dos vencidos (2Pd 2.20). Os vencedores comerão: “da árvore da vida” no Paraíso de Deus. No Éden, aos vencidos foi vedado a oportunidade de comer dessa árvore, para que não vivessem para sempre na miséria (Gn 3.22). Mas aos vencedores, na maior felicidade, será concedido comer e viver eternamente.

Apocalipse Versículo por Versículo/Severino Pedro da Silva