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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Licões Bíblicas 2° trimestre de 2012


      

Lições Bíblicas Jovens e Adultos do 2º trimestre/2012, que é 
“As Sete Cartas do Apocalipse: A Mensagem Final de Cristo à Igreja”.

O comentárista é o pastor Claudionor de Andrade.

Os temas semanais são:

Lição 1 – Apocalipse, a Revelação de Jesus Cristo;

Lição 2 – A Visão de Cristo Glorificado;

Lição 3 – Éfeso, a Igreja do Amor Esquecido;

Lição 4 – Esmirna, a Igreja Confessante e Mártir;

Lição 5 – Pérgamo, a Igreja Casada com o Mundo;

Lição 6 – Tiatira, a Igreja Tolerante;

Lição 7 – “Sardes, a Igreja Morta”;

Lição 8 – Filadélfia, a Igreja do Amor Perfeito;

Lição 9 – Laodiceia, uma Igreja Morna;

Lição 10 – O Governo do Anticristo;

Lição 11 – O Evangelho do Reino no Império do Mal;

Lição 12 – O Juízo Final;

Lição 13 – A Formosa Jerusalém.


Fonte: Blog Altair Germano

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Lição 10-Uma Igreja Verdadeiramente Próspera


INTRODUÇÃO

O que significa ser igreja? Essa pergunta deveria ser feita por toda agremiação que se diz cristã. Nem todas as igrejas que se dizem cristãs podem ser consideradas como tais de acordo com o parâmetro bíblico. Há quem defenda a prosperidade financeira como o critério de uma igreja verdadeira e abençoada por Deus. Na aula de hoje estudaremos a esse respeito, ressaltando que, uma igreja próspera é aquela que se pauta em conformidade com a Bíblia, a Palavra de Deus.

1. A VERDADEIRA IGREJA

A igreja - ekklesia em grego - é uma assembleia edificada por Jesus (Mt. 16.18), é um corpo que tem Cristo como cabeça (I Co. 12.17; Cl. 1.18), chamada para estar fora dos valores do mundo (Rm. 12.2) e composta por pessoas de todas as etnias e línguas (Cl. 3.11; Ap. 7.9). Os que estão em Cristo é uma nova criação (II Co. 5.17), participante de uma natureza divina (II Pe. 1.4), revestida do amor, o elo perfeito (Cl. 3.12-14) com o propósito de manifestar as grandezas daquele que a chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz (I Pe. 2.9). A igreja de Cristo é peregrina no mundo (Ef. 2.14-18), é cidadã dos céus, espera ansiosamente a Jesus Cristo (Fp. 3.20), por isso, não ama o mundo, já que está alicerçada no amor do Pai (I Jo. 2.15-17). Uma das marcas da igreja verdadeira é a comunhão - koinonia em grego - expressão exemplificada pela igreja de Jerusalém (At. 2.42), fundamentada no relacionamento comum em Cristo (I Co. 1.9). Essa koinonia inclui partilha tanto material quanto sacrificial (II Co. 8.1-5), sobretudo, sensibilidade para as necessidades dos domésticos da fé (Gl. 6.10). A unidade também é uma das características centrais da verdadeira igreja. A tendência humana, em razão do pecado, é criar facções, mas o desejo de Cristo é o de que todos sejam um (Jo. 17.11), que todos estejam unidos em um só pensamento e parecer (I Co. 1.10), ainda que na diversidade de dons e ministérios (I Co. 12-14; Rm. 12; Ef. 4; I Pe. 4.10). A divisão na igreja é problemática porque significa dividir a Cristo (I Co. 1.13), é uma demonstração de que seus membros não compreenderam as implicações do ministério (I Co. 3.5-20). A igreja é uma família, sendo Cristo o Primogênito entre muitos irmãos (Rm. 8.29), uma noiva que busca a pureza para o Seu amado (I Co. 11.2; Ap. 19.7), feita santa e inculpável (EF. 5.26,27).

2. A MISSÃO DA IGREJA VERDADEIRA

Ao contrário do que argumentam os adeptos da Teologia da Prosperidade, a missão precípua da igreja verdadeira é o crescimento espiritual, atingindo a plenitude de Cristo (Ef. 4.13). Para tanto ela deva se pautar pelo evangelho, a Palavra de Deus, que é o leite espiritual puro que conduz ao crescimento (I Pe. 2.2), que ilumina o caminho e guarda contra a tentação (Sl. 119.105) e purifica do pecado (Ef. 5.26), portanto, deva ser encorajada à santidade, à abstenção da imoralidade (I Ts. 4.4-8). A verdadeira igreja está em movimento, ela segue fazendo discípulos de todas as nações (Mt. 28.19), sendo testemunha fiel de Cristo, no poder do Espírito Santo (At. 1.8). Como corpo de Cristo, a igreja encarna-O (Cl. 1.15-20; 2.9), atuando em amor, não se deixando moldar aos padrões do mundo (Rm. 12.1). Sendo assim, a agenda da igreja não pode ser a do mundo, tendo em vista que sobre este impera Satanás (Ef. 6.10-18). A agenda da igreja não pode se alicerçar apenas em aspectos morais, denunciando o pecado, precisa também fazer o bem (At. 10.38), lembrando que Deus é Pai das misericórdias e Deus de toda consolação (II Co. 1.3-5). Talvez a igreja não seja capaz de modificar as estruturas sociais, mas poderá alterá-lo, agindo como sal da terra e luz do mundo (Mt. 5.13-16). Essa deva obedecer às autoridades (Rm. 13.1-13) e interceder por elas para que viva uma vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito (I Tm. 2.1-4), mas, em alguns casos, se fará necessário que a igreja resista a sistemas injustos (At. 4.19), isso quando Cesar ultrapassar seus limites (Mt. 22.21). Como consequência sobrevirá sobre ela a perseguição, que a conduzirá à bem-aventurança (Mt. 6.10) e ao sofrimento por amor a Cristo (II Tm. 3.12; I Co. 12.26; Hb. 13.3).

3. PROSPERIDADE VERDADEIRA DA IGREJA

Uma igreja verdadeiramente próspera é semelhante à igreja de Filadelfia, para qual o Senhor Jesus lhe dirigiu uma carta (Ap. 3.7-13). Ela sabe que Cristo conhece as suas obras, pois não nega o Seu nome através das ações (Ap. 3.8). Mesmo se encontrando ao redor de uma sinagoga de Satanás, não se deixa contaminar pelos benefícios mundanos (Ap. 2.9; 3.9), antes permanecer fieis à palavra, perseverante na doutrina, por isso será guardada na hora da provação (Ap. 3.10). Satanás é o enganador, e tem ludibriado muitas igrejas com suas propostas mundanas, resistidas por Cristo no monte da tentação (Mt. 4.1-11). Quando o Senhor vier arrebatar a Sua igreja, muitas daquelas agremiações religiosas que se dizem cristãs, mas que não se alicerçam na Palavra, antes seguem os anseios do mundo, ficarão para trás (II Ts. 2.9-12) A igreja verdadeira, entretanto, será levada para estar com Cristo, retirada do mundo por Deus antes da Tribulação (Jo. 14.1-3; I Ts. 4.13-18; I Co. 15.50-57). As “igrejas” da Teologia da Ganância já receberam seus galardões, tendo em vista que investem apenas no reino temporal. Mas a igreja verdadeiramente próspera colherá seus frutos na eternidade (Ap. 3.12). As “igrejas” pseudopentecostais se assemelham à igreja de Laodiceia, que também recebeu uma carta de Cristo (Ap. 3.14-22). As obras dessa igreja são conhecidas, pois nem são frias nem quentes, sem caráter ou identidade cristã, por isso será vomitada da boca do Senhor (Ap. 3.15,16). Instalada em uma cidade financeiramente próspera, a igreja de Laodicéia dispunha de uma medicina considerada avançada para a época, e da manufatura de roupas de lã, mesmo assim, Jesus a ela se dirige como pobre, cega, miserável e nua. Aconselha que essa compre, dEle, ouro refinado no fogo, roupas brancas para cobrir as vergonhas, e colírio para ungir os olhos e poder enxergar (Ap. 3.15-17).

CONCLUSÃO

Uma igreja verdadeiramente próspera não é aquela que tem uma arquitetura arrojada, instalações modernas, cadeiras confortáveis, sistema de condicionamento de ar. Uma igreja verdadeiramente próspera não é aquela que tem um patrimônio vultoso, que chama a atenção dos políticos pela sua imponência. Uma igreja verdadeiramente próspera é aquela que ama ao Senhor, que se pauta pela Sua Palavra, que O ama e que demonstra esse amor através da comunhão entre os irmãos. Uma igreja verdadeiramente próspera não prioriza as bênçãos terrenas, que o ladrão rouba e a traça corrói, mas as riquezas celestiais em Cristo Jesus, o qual se manifestará, ao Seu tempo, para dar o Seu galardão conforme lhe apraz.

BIBLIOGRAFIA

GETZ, G. A. Igreja: forma e essência. São Paulo: Vida Nova, 2007.

MULHOLLAND, D. M. Teologia da Igreja. São Paulo: Shedd Publicações, 2004.

Publicado no blog Subsidio EBD

Lição 10: Uma igreja verdadeiramente próspera


COMENTÁRIO

A expressão “Israel de Deus”, em Gálatas 6.16, divide a opinião dos estudiosos. Há os que acreditam que Paulo refere-se à Igreja, deduzindo que esta suplantou por completo a Israel nos projetos de Deus. Por outro lado, outros defendem que o apóstolo faz alusão, de fato, a Israel, e que a Igreja entrou no Plano da Salvação até que Deus cumpra seus propósitos com o Povo da Promessa.

A Bíblia de Estudo Pentecostal explica que a expressão “Israel de Deus” refere-se “a todo o povo de Deus debaixo do novo concerto”, isto é, a “todos os salvos, tanto judeus como gentios”. Vejamos por que a Igreja de Cristo é o Israel de Deus e que implicações tem este fato na doutrina da prosperidade.

I. O POVO DE DEUS NA VELHA E NOVA ALIANÇA

1. O Israel Nação. O Senhor elegeu Israel para ser a sua propriedade exclusiva (Êx 19.5,6; Dt 7.6,7). Por conseguinte, a nação hebreia deveria ser santa por ser sacerdotal, profética e real (Êx 19.5,6). Dessa forma, os judeus tinham por missão levar o nome do Senhor a todas as nações. Logo, tanto as bênçãos decorrentes da obediência como as maldições advindas da desobediência, na Antiga Aliança (Dt 27-28), devem ser entendidas no contexto da vocação de Israel.

O Senhor promete restaurar o seu povo através de uma “nova aliança” (Jr 31.31-34; Ez 36.26). Mas os judeus, devido à sua incredulidade e dureza de coração, vieram a rejeitar a Jesus como o mediador do novo concerto (Hb 9.15; 12.24; Jo 1.12). Por causa disso, o propósito de Deus de ter um povo que o representasse continuou com a Igreja de Cristo — o Israel do Novo Testamento. Isso não significa que Deus haja se esquecido do povo hebreu (Rm 11.2). Pelo contrário. Afirma Paulo que “todo o Israel será salvo” (Rm 11.26).

2. O Israel do Novo Testamento. A igreja é vista na Bíblia como a comunidade dos chamados para fora, “separada”. Paulo mostra que a Igreja entra no plano da salvação como um mistério (Ef 3.2-10; Rm 16.25-26; Cl 1.25-27). Tal mistério, explica ele, consiste no fato de a Igreja de Cristo ser o “povo de Deus” formado agora tanto por judeus como por gentios (Gl 6.16; Rm 2.28,29; Ef 2.14-22; Fp 3.3; 1 Pe 2.9). Como já foi dito isso não quer dizer que a Igreja tenha suplantado ou substituído a Israel. Paulo realça que Cristo é o “descendente” prometido por Deus, através do qual todas as nações da terra foram abençoadas com a proclamação das boas novas de salvação (Gl 3.16). Em Cristo, Deus não substituiu, mas deu continuidade ao processo de autorrevelação anteriormente iniciado no Antigo Testamento.

3. O povo único de Deus. Donald Hagner observa que a Igreja não assume o lugar de Israel, mas que Israel encontra sua verdadeira identidade na Igreja! O Novo Testamento revela que Deus, através de Jesus, renovou a aliança com seu povo e que nesse ato, tanto judeus como gentios formam um só povo. Ser parte da Igreja é reconhecer Jesus como o Messias — a plenitude das promessas divinas. Essa é a verdadeira prosperidade.

II. A IGREJA E SUA NATUREZA

1. Localidade e universalidade. Quando fazemos referência à igreja que está em uma determinada cidade, falamos do aspecto local da Igreja de Cristo (1 Co 1.2; At 13.1). Paulo também fala da universalidade da Igreja (1 Co 10.32). A Igreja é local, mas também é universal. Isto é, ela é formada por todos os crentes das mais diferentes culturas, raças e nações.

2. O ensino neotestamentário revela que a Igreja é una (Ef 4.4). Ela é um corpo e como tal seu funcionamento assemelha-se a um organismo vivo (1 Co 12.12). A Igreja é o Corpo de Cristo formado por todos os crentes regenerados em toda a parte do mundo através do sangue do Cordeiro.

3. A santidade é tanto posicional como progressiva. No primeiro caso, o crente é santo porque espiritualmente encontra-se em Cristo e, assim, participa de sua natureza santa. Todavia, no seu viver diário, o crente tem sua parte a fazer, isto é, ajustar-se ao que a Palavra de Deus ensina sobre um viver de pureza e integridade (2 Co 7.10).

III. A IGREJA E SUA MISSÃO

1. Adoração. Em sua primeira epístola aos Coríntios, Paulo dá diretrizes acerca de como deve ser o culto cristão (1 Co 14.26). Entre outras instruções, ele diz: “cada um de vós tem salmo”. Salmo aqui é uma referência ao hinário da Igreja Primitiva, embora saibamos que havia também expressões espontâneas de louvores e cânticos espirituais entre os primeiros crentes (Ef 5.19; Cl 3.16). A essência do culto cristão, portanto, é a adoração.

2. Instrução e edificação. No mesmo texto de 1 Coríntios 14.26, o apóstolo também diz que “cada um de vós tem [...] doutrina”. A palavra grega didaché, traduzida aqui como doutrina, é uma referência à instrução que era ministrada aos crentes através da exposição da Palavra de Deus. Toda igreja verdadeiramente bíblica necessita da exposição das Sagradas Escrituras. Pedro exorta aos crentes a desejarem ardentemente o genuíno leite espiritual capaz de dar crescimento para a salvação (1 Pe 2.2). É por isso que a igreja em Antioquia possuía mestres (At 13.1). O próprio Deus colocou-os na Igreja, visando o pleno desenvolvimento dos santos (Ef 4.11,12).

Paulo afirma que o propósito disso tudo é a edificação da Igreja (1 Co 14.3,26). Outro aspecto a ser observado é que, embora a Escritura mostre o lado comunal da Igreja Primitiva, o Novo Testamento não é avesso aos bens materiais desde que estes sejam usados para a glória de Deus, para a expansão de seu Reino e para o socorro dos mais necessitados (At 4.32-35). O exemplo de Barnabé é bastante significativo (At 4.36-37).

3. Proclamação. Uma igreja adoradora, instruída na Palavra e verdadeiramente próspera, tem como foco principal a proclamação do Evangelho de Cristo. A missão da Igreja é colocar em prática a Grande Comissão (Mt 28.19). Fomos chamados para sermos proclamadores das boas novas do Reino de Deus (1 Pe 2.9). Uma igreja que não prega e não evangeliza está longe de ser realmente próspera, por mais rica que seja.

CONCLUSÃO

A Igreja é o “Israel de Deus” e, como tal, tem a missão de representá-lo nessa terra. O importante não é apenas ser abençoado, mas ter plena comunhão com o Abençoador. Isso significa fazer parte do corpo místico de Cristo que é a sua Igreja. Celebremos o fato de sermos o Israel de Deus, mas não nos esqueçamos das responsabilidades que isso também nos traz. A igreja realmente próspera é aquela que cumpre plenamente a missão que nos confiou o Senhor Jesus.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

1° Ebdolescentes.Participem!

O evento acontecerá as 9 horas no Templo Matriz.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Lição 9 - Dízimos e Ofertas


INTRODUÇÃO

Existe fundamento bíblico para o ensinamento dos dízimos e ofertas. Mas a Teologia da Ganância distorceu de tal modo essa doutrina que se faz necessário esclarecê-la a fim de evitar alguns abusos. Na aula de hoje estudaremos a respeito dos dízimos e ofertas, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, e, ao final, avaliaremos a aplicação dessa prática para a igreja, atentando para as orientações bíblicas.

1. DÍZIMOS E OFERTAS NO ANTIGO TESTAMENTO

No Antigo Testamento existem diferentes palavras que se referem a dízimo. Asar - dez ou décima parte - se encontra em Gn. 28.22; Dt. 14.22; 26.12; I Sm. 8.15,17; Ne. 10.37,38. Maaser - também significa décima parte - pode ser encontrada em Gn. 14.20; Lv. 27.30-32; Nm. 18.24, 26; Dt. 12.6,11,17. A análise histórica do termo e da prática remete a um costume antigo, anterior à cultura judaica, muito antes da lei mosaica (Gn. 14.17-20). Nesse texto, nos deparamos com Abrãao apresentando a décima parte dos despojos de guerra a Melquisedeque. Posteriormente, Jacó faz um voto ao Senhor, pedindo que o abençoe, e, em retorno, promete entregar o dízimo de tudo o que viesse a possuir (Gn. 28.20-22). No tempo da Lei, colheitas, frutas e animais do rebanho deveriam ser dizimados (Lv. 27.30-32). Os dízimos eram entregues aos levitas (Nm. 18.21), esses gerenciavam os recursos (Lv. 14.22-27), beneficiando também os estrangeiros, órfãos e viúvas (Lv. 14.28,29). Os dízimos deveriam ser conduzidos a Jerusalém (Dt. 12.5-17). Em algumas ocasiões o povo judeu deixou de atentar para essa prática, como após o cativeiro, deixando de levar os dízimos à casa do tesouro, por isso, o Senhor conclama o povo a retornar a esse aspecto do Pacto, fazendo prova dEle, que responderia com bênçãos de prosperidade agrícola, e repreendendo o devorador (Ml. 3.10,11). As ofertas tinham um caráter mais específico no Antigo Testamento, poderiam ser requisitadas, com vistas a algum serviço (Ex. 36.4-6). Mesmo assim, ninguém era obrigado a trazê-las, pois se tratava de atitudes voluntárias - nadabah em hebraico (Lv. 7.1; Ed. 1.1-6; 7.16). As ofertas de paz - neder em hebraico - eram entregues como agradecimento por algum feito do Senhor (Lv. 7.11-12), bem como a dos votos - neder em hebraico (I Sm. 1.11,24).

2. DÍZIMOS E OFERTAS NO NOVO TESTAMENTO

Os defensores da Teologia da Ganância impõem, através de passagens isoladas do Antigo Testamento, que o dízimo deva ser obrigatório e que as pessoas devam dar muito mais do que isso, mesmo contra as suas possibilidades, para tanto, citam Lc. 21.1-4. No Novo Testamento o dízimo, dekatóo (Hb. 7.6,9), - apodekatóo - Mt. 23.23; Lc. 11.42; Hb. 7.5) em grego, não é um mandamento, mas um princípio a ser observado, já que cada um deve dar de acordo com sua prosperidade (I Co. 6.1,2). O voto pessoal de Jacó, que se encontra em Gn. 28.20-22 não pode ser generalizado, muito menos aplicado diretamente à igreja. No Novo Testamento a lei maior é a da generosidade, pautada pelo amor (Rm. 13.8). Os dízimos e ofertas devem ser entregues não como barganha ou mandamento, mas com amor, sobretudo em gratidão pela providência de Deus. Dar com alegria é um critério fundamental (II Co. 9.6,7), para tanto é preciso exercitar a liberalidade (I Co. 16.2), reconhecendo que não passamos de mordomos e que Deus é o dono de todas as coisas (I Co. 4.1,2). A partir dessa percepção bíblica, não é errado dizimar, tendo em vista que esse é um princípio orientado pelo Senhor, antes da Lei (Gn. 14.20), na Lei (Lv. 27.30), nos livros históricos (Ne. 12.44), poéticos (Pv. 3.9,10) e proféticos (Ml. 3.8-11). Lembremos que Jesus não se opôs à observância dos dízimos dos fariseus, mas sua mera exterioridade, sem levar em conta a justiça, misericórdia, fé e amor (Mt. 23.23; Lc. 11.32) Não precisamos mais fazer prova de Deus hoje, pois Ele já provou Seu amor para conosco (Rm. 5.8), por isso, em gratidão, devemos levar nossos dízimos e ofertas à igreja, certos de que ceifaremos bênçãos para a eternidade (II Co. 9.6; Lc. 6.38).

3. DÍZIMOS E OFERTAS NA IGREJA DE HOJE

A Teologia da Ganância tem deturpado a doutrina bíblica dos dízimos e ofertas. Seus mentores, interessados em fazer fortuna com o dinheiro dos fiéis, estão incentivando a barganha, utilizando indevidamente passagens bíblicas para justificarem a ostentação. Alguns deles não pedem apenas os dízimos, mas que as pessoas entreguem tudo o que têm, se aproveitando da ignorância das pessoas. Diferentemente do que esses propõem, a igreja deve instruir aos irmãos a serem generosos, a trazerem os dízimos e ofertas ao Senhor, não por medo de serem amaldiçoados ou rotulando de ladrões aqueles que não o fazem, mas a o fazerem com alegria e gratidão ao Senhor, reconhecendo Sua providência. Em uma sociedade que colocou o dinheiro acima de todos os valores, governada por Mamom (Mt. 6.24), muitos crentes se deixaram contaminar pela ideia de acumularem o máximo que podem. O maior investimento, no entanto, não é a bolsa de valores, mas o Reino de Deus, ganhando almas para Cristo (Lc. 16.9) e suprindo as necessidades dos domésticos na fé (Gl. 6.10). Os líderes da igreja precisam dar exemplo na administração dos dízimos e ofertas para não acontecer como nos tempos de Neemias (Ne. 12.1-5) e para servir de estímulo à contribuição (Ne. 12.44). Investir em pessoas, não apenas em coisas, deve ser o alvo primordial de toda igreja séria. De nada adianta ter templos vultosos, enquanto a maioria dos fiéis padecem necessidade. A igreja de Jerusalém nos deu exemplo ao demonstrar sensibilidade em relação aos mais pobres (At. 2.42). Os crentes também precisam estar atentar às carências pastorais, lembrando sempre que digno é o obreiro do seu salário (Mt. 10.10; Lc. 10.7; I Co. 9.7-14; I Tm. 5.17,18).

CONCLUSÃO

A doutrina dos dízimos e ofertas precisa ser sabiamente aplicada na igreja, evitando extremos, de um lado daqueles que se opõem totalmente a essa prática, do outro, os que extorquem os fiéis. O ensinamento sobre os dízimos e ofertas deve ser orientado à luz das Escrituras, sem coerção, avaliando os contextos das passagens do Antigo e do Novo Testamento. As aplicações devem considerar o principio bíblico da gratidão, que resulta em generosidade e liberalidade.

BIBLIOGRAFIA

KELLY, R. E. Should the church teach tithing? New York: WCP, 2000.

LIMA, P. C. Dizimista, eu? Rio de Janeiro: CPAD, 2001.

Publicado no blog Subsidio EBD

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Lição 9: Dízimos e ofertas


DÍZIMOS E OFERTAS

Definição — Décima parte.

Ordenado pelo Senhor — Lv 27.30-32; Ml 3.10.

Propósito do dízimo no AT — O dízimo de Israel era entregue para o sustento dos levitas (Nm 18.21) e dos sacerdotes (Nm 18.28), para ajudar nas refeições sagradas (Dt 14.22-27), e para socorrer os pobres, os órfãos e as viúvas (Dt 14.28,29).

Qual a lição a ser aprendida — Deus é dono de tudo — Êx 19.5; Sl 24.1; Ag 2.8.

Propósito dos dízimos no NT — Promoção do Reino de Deus e ajuda aos necessitados (1 Co 9.9-14; Cl 2.10).

Nossas contribuições devem ser voluntárias e generosas, segundo o AT (Êx 25.1,2) e o NT (2 Co 9.7)!


COMENTÁRIO

Palavra Chave

Dízimo: Décima parte de tudo aquilo que é devolvido ao Senhor, quer em dinheiro, quer em produtos e bens.

A lição de hoje tem como objetivo estudar um tema muito conhecido e ainda tratado de forma equivocada por alguns. As distorções provenientes da Teologia da Prosperidade comprometem as práticas bíblicas de o crente ofertar e dizimar para a Obra do Senhor. Nesta aula, porém, você terá oportunidade de verificar o assunto à luz das Escrituras Sagradas.

I. DÍZIMOS E OFERTAS NA BÍBLIA

1. O Antigo Testamento. O vocábulo dízimo quer dizer “a décima parte”. No contexto bíblico, refere-se àquilo que é devolvido ao Senhor, quer em dinheiro, quer em produtos e bens (Pv 3.9). Já a oferta tem o sentido de contribuição voluntária. O que deve ficar claro é que a lei mosaica não criou as práticas do dízimo ou das ofertas, mas apenas deu-lhes conteúdo e forma através das diversas normas ou leis que as regulamentaram. Tal verdade fica patente ao constatar que o ofertar já era uma prática observada nos dias de Abel (Gn 4.4), e que o dízimo já era praticado pelos patriarcas (Gn 14.20; 28.22).

No período mosaico, o dízimo aparece como preceito de um princípio já existente no período patriarcal. Os preceitos mudam e até desaparecem, todavia, os princípios são imutáveis e permanentes. De acordo com a Lei de Moisés, os dízimos deveriam ser entregues aos sacerdotes para a manutenção do culto e também para o sustento dos levitas, já que estes não tinham possessão em Israel (Nm 18.20-32).

2. O Novo Testamento. Os que supõem estar a prática do dízimo restrita ao Antigo Testamento precisam entender que a natureza e os fundamentos do culto não mudaram. Mudou apenas a forma e a liturgia, mas não a sua função: a adoração a Deus deve ser em espírito e verdade! O culto levítico com seus rituais já não existe. Todavia, o princípio da adoração continua o mesmo (1 Pe 2.9; Ap 1.6). O dízimo levítico pertencia à ordem de Arão, que era transitória. Todavia, o dízimo cristão pertence à ordem de Melquisedeque que é eterna e, portanto, anterior à Lei de Moisés (Hb 5.10; 7.1-10; Sl 110.4).

Jesus não veio ab-rogar a lei, mas cumpri-la (Mt 5.17). Ele não apenas reconheceu a observância da prática do dízimo, mas a recomendou (Mt 23.23). Nas epístolas, Paulo faz referência ao dízimo levítico para extrair dele o princípio de que o obreiro é digno do seu salário (1 Co 9.9-14; Lv 6.16,26; Dt 18.1). Se o apóstolo não reconhecesse a legitimidade da prática do dízimo, jamais teria usado esses textos do Antigo Testamento.

II. A PRÁTICA DO DÍZIMO E DAS OFERTAS COMO FORMA DE ADORAÇÃO

1. Reconhecimento da soberania e da bondade de Deus. Um dos princípios básicos da prática do dízimo é o reconhecimento de que Deus é soberano sobre todas as coisas. Tudo vem dEle e é para Ele (Ag 2.8; Cl 1.17). Quando o crente devolve a Deus o seu dízimo, demonstra que reconhece o Senhor como a fonte de todas as coisas. À saudação de Melquisedeque: “Bendito seja o Deus Altíssimo!”, respondeu Abraão dando-lhe o dízimo (Gn 14.20). O princípio da devolução do dízimo demonstra que somos dependentes de Deus. É lamentável que alguns crentes ignorem esse fato e ajam como se as suas conquistas materiais fossem apenas mérito de seus esforços (Jz 7.2).

2. Reconhecimento do valor do próximo. Deuteronômio registra que havia um tipo de dízimo que deveria ser repartido entre os pobres (Dt 14.28,29; 26.12-15). Esse “dízimo comunitário” devia ser praticado a cada três anos. O propósito é mostrar apreço pelos menos favorecidos. Inclusive, há uma promessa de a bênção do Senhor estar sobre todas as atividades de quem cumprir esse preceito.

III. DÍZIMOS E OFERTAS COMO FONTES DE BÊNÇÃOS

1. A bênção da multiplicação. Tanto o Antigo como o Novo Testamento demonstram que Deus reconhece e recompensa a fidelidade do seu povo. Quando o crente é liberal em contribuir para o Reino de Deus, uma decorrência natural do seu gesto é a bênção da multiplicação dada pelo Senhor. Deus promete derramar bênçãos sem medida e fazer abundar em toda graça (2 Co 9.6-10). Malaquias relaciona a prosperidade do povo de Israel à devolução dos dízimos e das ofertas (Ml 3.10,11). O mesmo princípio é destacado em o Novo Testamento quando Paulo diz que Deus é poderoso para fazer abundar em toda graça aqueles que demonstram voluntariedade em contribuir para o Reino de Deus.

2. A bênção da restituição. A Bíblia revela que o Senhor é um Deus de restituição (Jl 2.25). O profeta Joel mostra que a terra de Israel era atacada constantemente por gafanhotos que, em diferentes estágios de desenvolvimento, destruíam as suas lavouras. Para garantir a sobrevivência do povo, Deus promete restituir o que a praga consumiu (Jl 1.4; 2.25; Na 3.16). Malaquias associa o devorador àquele “que consome o fruto da terra” (Ml 3.11). A referência aplica-se, num primeiro plano, às pragas de gafanhotos, e num segundo plano a toda ação do mal sobre o povo.

3. A bênção da provisão. Na Antiga Aliança, o Senhor prometeu “derramar bênçãos sem medida” sobre o seu povo (Ml 3.10). Na Nova Aliança, Ele deseja que o crente tenha “toda suficiência” (2 Co 9.8). A prosperidade bíblica é viver na suficiência de Cristo (2 Co 3.5; 9.8). Tal suficiência é vista como sendo a provisão divina para os filhos de Deus. Deve ser lembrado, no entanto, que essa suficiência não deve ser confundida simplesmente com a aquisição de posses materiais, mas o ter o necessário para viver com dignidade e, principalmente, possuir paz com Deus e alegrar-se nEle (Fp 4.11; 2 Ts 3.16). Por toda a Escritura, observamos o cuidado do Senhor no sentido de prover para o seu povo aquilo que é necessário para o seu viver (Mt 6.25-33). Quando conscientizarmo-nos que estamos honrando o Senhor com nossos dízimos e ofertas, Ele derramará sobre nós sua provisão.

CONCLUSÃO

Vimos, pois, que a prática dos dízimos e das ofertas sempre esteve presente na história do povo de Deus. Evidentemente que fica para nós o princípio de que somos abençoados não porque contribuímos, mas contribuímos porque já somos abençoados. Deus reconhece a voluntariedade do crente em contribuir para o seu Reino e, por graça e misericórdia, derrama sobre nós as suas muitas e ricas bênçãos.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O Perigo de Querer Barganhar com Deus



INTRODUÇÃO

A Teologia da Ganância está fundamentada na relação de causa e efeito, isto é, na possibilidade do ser humano barganhar com Deus. Na aula de hoje, destacaremos essa impossibilidade, tendo em vista a graça de Deus, que desconstrói essa relação de troca. No início, mostraremos que a Bíblia, como Palavra de Deus, condena a barganha com Deus, em seguida, que esse tipo de ensinamento é perigoso por desconsiderar o favor imerecido de Deus.

1. A BÍBLIA CONDENA A BARGANHA COM DEUS

A Bíblia é susceptível à construção de qualquer doutrina, ela pode ser usada para fundamentar qualquer posicionamento humano. Ao longo da história, ela foi usada para justificar o extermínio de pessoas, o preconceito contra os negros, entre outros descalabros. A Bíblia é a Palavra de Deus, mas precisa ser lida com sinceridade e responsabilidade, sobretudo com disposição para ouvir o que o Senhor tem a dizer (Ap. 2.7,11). O texto bíblico precisa ser considerado em sua inteireza, e contextualizado, dentro de uma revelação específica para determinado tempo, avaliando as possibilidades para a sua aplicação, tendo como crivo o evangelho de Cristo (Lc. 11.52). Tal como os amigos de Jó, muitos defendem, nos dias atuais, que as adversidades pelas quais muitos cristãos passam advêm de pecado, como também acreditavam os discípulos de Jesus (Jo. 9.1). O próprio Diabo acreditava que Jó se distanciaria de Deus se viesse a perder o que possuía (Jó. 1.6-12; 2.1-10), não são poucos que, como Elifaz, Zofar e Bildade querem fazer o mesmo. O Tentador também barganhou com Cristo quanto o Senhor foi tentado no deserto, prometendo-LHE as glórias desta era, caso se prostrasse e o adorasse (Mt. 4.8-10). A barganha é sempre uma doutrina satânica, respaldada pela religiosidade humana, o evangelho de Cristo é escândalo para o mundo e para a religião, pois Cristo morreu justamente pelos que não mereciam (II Co. 10.2). A base desse evangelho é o amor, revelado no agape, na disposição de Deus de entregar Seu Filho para que todos os que nEle creem tenham a vida eterna (Jo. 3.16).

2. OS ARTIFÍCIOS PERIGOSOS DA BARGANHA COM DEUS

A doutrina da barganha com Deus é perigosa porque condiciona a operação de Deus às atitudes humanas. O ser humano é posto diante de leis e decretos que são considerados infalíveis. A famosa expressão “toda ação resulta em uma reação” é amplamente usada pelos adeptos da barganha. Essa lei se aplica aos valores seculares, mundo, às trocas empresariais, mas nada tem a ver com o relacionamento do homem com Deus, não deve ser imitada pela igreja do Deus Vivo. Cristo é a verdade que liberta (Jo. 8.32-36), e, por causa dEle, nenhum ritual religioso pode restringir a graça (Cl. 2.16-23). A barganha perdeu toda e qualquer razão de ser, pois, na cruz, a cédula foi rasgada, não existe mais débito (Cl. 2.14,15). Nos primórdios da igreja cristã a doutrina da barganha adentrou as igrejas da Galácia. Paulo reconheceu o perigo daquele ensinamento, por isso escreveu urgentemente àquelas igrejas (Gl. 1.1-13). A circuncisão, naquelas comunidades, é o exemplo de lei que se impõe como entrave à manifestação da graça de Deus. Paradoxalmente, em Cristo não existe mais lei, senão a do amor, o fruto que em nos opera para a vida, não para a morte (Gl. 5.21,22). Aqueles que se fiam na lei não agem com amor, apenas conseguem impor sobre os outros as suas interpretações, suas neuroses, concretizada em perseguições, tal como fez Paulo, quando adepto do farisaísmo (Fp. 3.4,6; I Tm. 1.13).

3. BARGANHA É O ESTELIONATO DA GRAÇA DE DEUS

A barganha com Deus é um estelionato contra a graça de Deus, ela nega o princípio maior da ética do evangelho. A religiosidade fundamentada na competitividade leva às pessoas a quererem ser sempre uma melhores do que as outras. Tal como Caim, somos levados a medir constantemente as atitudes dos outros pelas nossas, inclusive no que tange à espiritualidade, impossibilitando a operação do amor de Deus (I Jo. 3.11-13). As pessoas que se fiam na barganha com Deus vivem sempre amedrontadas, não conseguem desfrutar da plena liberdade que há em Cristo (Gl. 5.13-16). É bem verdade que o homem ceifará o que semear, mas isso somente na dimensão da lei, pois, na graça, a ética é respaldada pelo amor. É o amor de Deus que nos constrange a fazer o bem (Gl. 6.9-10), como expressava Agostinho, “amemos a Deus e podemos fazer o que quisermos”. Os dividendos dessa condição existencial será para a eternidade, reconhecimento divino do nosso desprendimento (II Co. 9.7-11). As atitudes cristãs, inclusive a contribuição, é uma extensão da atuação graciosa de Deus. Os adeptos da Teologia da Ganância, no entanto, transformam essa ética em práticas legalistas. O objetivo central desses é o acúmulo de bens, a fim de viverem regaladamente, enquanto os pobres da igreja padecem necessidade. Mas o julgamento de Deus sobrevirá sobre eles, pois, conforme já antecipou Pedro, esses “farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.” (II Pe. 2.3)

CONCLUSÃO

O Jesus pregado pelos Teólogos da Ganância nada tem a ver com Aquele revelado nas Escrituras. Mais que isso, conforme revela Paulo aos coríntios, se trata de outro espírito e de outro evangelho (II Co. 11.1-4). A doutrina da barganha defendida por tais pregoeiros é perigosa porque põe em questão a manifestação escandalosa da graça de Deus através da cruz de Cristo (I Co. 2.14; 3.19). O relacionamento do crente com Deus, e com o próximo, se fundamenta não na misericórdia e na graça, mas na troca de favores, que nada tem a ver com o genuíno evangelho (I Co. 13).

BIBLIOGRAFIA

FABIO, C. Sem barganhas com Deus. São Paulo: Fonte Editorial, 2005.

GONÇALVES, J. A prosperidade à luz da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

Publicado no blog Subsidio EBD

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Lição 8-O perigo de querer barganhar com Deus


INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos que o desejo de se barganhar com Deus é algo totalmente reprovável, pois contraria todos os princípios da Palavra de Deus. Com a introdução de certas heresias e modismos no contexto evangélico, a velha prática da barganha voltou a induzir as pessoas a usar a fé, e até mesmo a Bíblia, para obter vantagens duvidosas e até ímpias. É uma tentativa de chantagear a Deus.

Agindo dessa forma, o crente já não busca a Deus com o coração de um verdadeiro adorador, mas como um mercador espertalhão que procura levar vantagem em tudo. Os pregadores da prosperidade vêm transformando a santíssima fé numa moeda de troca. Cuidado, Deus não se deixa escarnecer.

I. A BARGANHA NA BÍBLIA

1. No Antigo Testamento. O livro de Jó relata a história do patriarca que, abençoado por Deus, teve sua família e bens perdidos em pouquíssimo tempo (1-2). Sua fidelidade, porém, era algo que transcendia todas as suas posses. Assim, mesmo tendo o Diabo dito que Jó negaria ao Senhor se viesse a perder tudo (1.6-12; 2.1-10), isto não aconteceu (1.22). Ele não precisou barganhar com o Senhor para ser abençoado; sua fidelidade a Deus foram suficientes (42.10-17).

2. Em o Novo Testamento. Até mesmo ao próprio Cristo o tentador teve coragem de propor uma barganha (Mt 4.8-10). Mais tarde, Simão, o mago, ofereceu dinheiro a Pedro e a João em troca da capacidade de se conceder o batismo com o Espírito Santo (At 8.14-24). E por causa disso, foi duramente repreendido pelos apóstolos. Cuidado, não se negocia com coisas santas.

3. As Escrituras condenam a barganha. As Escrituras evidenciam que barganhar com Deus é tentar negociar o inegociável: a simplicidade do Evangelho de Cristo Jesus (2 Co 11.3). O meigo nazareno é o autor e consumador da nossa fé (Hb 12.2), por isso, devemos servi-lo voluntária e espontaneamente, certos de que Ele tem cuidado de nós (1 Pe 5.7). As Sagradas Escrituras destacam o amor como o elemento supremo de devoção a Deus e de profunda compaixão pelo próximo. Em Cristo, somos impulsionados a amar uns aos outros sem esperar nada em troca, pois é exatamente isto que nos caracteriza como discípulos do Mestre (Jo 13.35).

II. PRESSUPOSTOS DA “TEOLOGIA DA BARGANHA”

1. A falsa doutrina do direito legal. A teologia da barganha tem como pressuposto a doutrina do direito legal do crente. Segundo essa crença exótica e antibíblica, Jesus Cristo, ao morrer na cruz, conquistou para os crentes muitos direitos. Cabe agora ao cristão conscientizar-se da existência deles e reivindicar, para si, a sua concretização. Dessa forma, a posse da bênção é um direito líquido e certo e que não depende da vontade divina.

A doutrina do direito legal, ensinam os falsos mestres, deu amplos poderes ao crente. E este, agora, pode usá-los como moeda de troca sem levar em conta o querer divino. Os tais ensinadores acreditam que Deus não tem direito de dizer “não” a quem Ele conferiu o direito de exigir. A suma desse ensino perigoso e bizarro é que o fiel ganha todos os direitos e Deus perde toda a soberania! Ou seja, segundo esse aleijão doutrinário, Deus não passa de um fantoche nas mãos do crente. No entanto, ignoram os pregadores da Teologia da Prosperidade o fato de o Soberano não dividir a sua glória com ninguém (Is 42.8).

2. A prática do determinismo. Já é bastante conhecida a famigerada doutrina do determinismo que ensina, entre outras coisas, que não é mais preciso orar e sim determinar! Para os que propagam essa teologia, a vontade divina, pouco importa. A verdade, porém, é que Deus não é refém de lei alguma, pois Ele é soberano (Is 55.8). Ele criou todas as coisas e de todas é Senhor.

A expiação de Cristo proveu a bênção da cura tanto da alma como do corpo (1 Pe 2.24; Mt 8.16,17). Ele proveu-nos também o direito à vida eterna e a provisão para uma vida plena (Jo 10.10). Não obstante, isso não significa que o crente não passará por adversidades, sofrimentos ou tampouco que ele jamais virá a adoecer. A Palavra de Deus afirma que a redenção plena do ser humano só será uma realidade quando, por Cristo, e nos últimos dias, a glória final for revelada nos filhos de Deus (Rm 8.19,23; Ap 21.4,5).

III. O PERIGO DE BARGANHAR COM DEUS

1. O perigo de se ter um Deus imanente, mas não transcendente. Embora, Deus seja o grande Criador, intervém na sua criação e se relaciona com ela (imanência) (2 Co 6.16). Não estamos entregues à própria sorte. O Senhor tem prazer em nos abençoar. Entretanto, não podemos nos esquecer que Ele é soberano e está acima de toda criação (transcendência). Podemos vê-lo nas coisas criadas (Sl 19.1), mas isso não significa que tudo é Deus, porque Ele é distinto de sua criação (transcendência).

Ao priorizar a relação de Deus com a criação, a Teologia da Prosperidade ignora propositalmente a soberania e a vontade divinas. O Todo-Poderoso acaba por torna-se uma simples marionete nas mãos do ser humano. Nessa concepção, o papel de Deus assemelha-se ao de um garçom que existe apenas para servir e satisfazer as exigências dos seus clientes.

2. O perigo de se transformar o sujeito em objeto. A teologia da barganha transforma o acessório em objetivo. Transforma gente em mercadoria e a fé em um grande negócio! Observa-se hoje que muitos pregadores midiáticos mantêm seus ministérios não para glória de Deus, mas para atenderem a uma demanda do mercado religioso. É um evangelho que procura satisfazer vontades e não necessidades. O culto, que à luz da Bíblia, deve estar em torno de Deus, passa a ser tão somente um momento de autossatisfação. Isto quer dizer que os bens materiais passam a ser a razão de viver das pessoas. É a adoração à criatura em vez de ao Criador (Rm 1.24,25).

3. O perigo da espiritualidade fundamentada em técnicas e não em relacionamentos. A prática da barganha transforma o relacionamento com Deus em algo meramente técnico e interesseiro. Para que gastar horas buscando a Deus em oração se é possível encurtar o caminho através de “fórmulas de fé” que têm o poder de colocar Deus na parede? A fé é reduzida a uma fórmula e Deus a um bem de consumo! O relacionamento com o Eterno deixa de existir e é substituído por um jogo de interesses onde se objetiva unicamente a aquisição de vantagens materiais e muitas vezes iníquas. Tal ensino faz da vida cristã algo superficial e vergonhoso. Aquilo que Paulo ensinou sobre a piedade (1 Tm 4.7) perde completamente a sua razão de ser, pois as posições invertem-se e Deus passa a ser, inconscientemente, na cabeça de algumas pessoas, algo que pode ser controlado ao seu bel-prazer.

CONCLUSÃO

Não podemos cair na tentação de barganhar com Deus. Isto por uma razão bastante simples: nada temos de real valor para propor em troca e muito menos o direito de assim procedermos. O profeta Isaías afirmou que até os nossos mais exaltados atos de justiça não passam de trapos de imundícia diante dEle (Is 64.6). Para sermos abençoados necessitamos de Deus em todas as coisas e em todo o tempo. Ele em nenhum momento se nega a abençoar-nos, segundo a sua soberana e perfeita vontade (Mt 6.10; 26.42).

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

LIÇÃO Nº 07 - TUDO POSSO NAQUELE QUE ME FORTALECE


I – INTRODUÇÃO:

Entre as lutas e carencias humanas, podemos notar que, embora sejamos ensinados de que a graça de Deus supre tudo, ela, no entanto, não nos isenta da necessidade de amigos, da escassez de bens materiais e financeiros.

II – A SUFICIENCIA DE PAULO:

Leiamos Fp 4:10-13 - Paulo agradece pela oferta que Epafrodito lhe trouxera da Igreja de Filipos.

(A) - Fp 4:10 – “MUITO ME REGOZIJO NO SENHOR” – Isto significa que Paulo apresentou “alegres agradecimentos ao Senhor” no momento em que recebera a oferta. Não resta dúvida de que as dádivas que então chegaram às mãos de Paulo por intermedio de Epafrodito, chegaram no mais oportuno momento. Mas, ao mesmo tempo em que se regozija pela generosidade dos filipenses, sente o apóstolo que lhes deve asseverar sua completa independencia das condições materiais, pois pode depender do poder de Cristo existente nele, não sendo um homem ansioso à espera de dádivas. É a graça da liberalidade outorgada pelos filipenses que enche de regozijo o coração do apóstolo Paulo.

(B) - Fp 4:11 - A política financeira de Paulo era não viver às custas de seus convertidos. Ele achava que, à semelhança dos outros apóstolos e líderes cristãos, tinha o direito de receber sustento, mas decidiu não usufruir desse direito (l Cor 9:12; 2 Tes 3:9).

A bagagem de Paulo era bem leve: suas posses se limitavam às roupas do corpo e talvez algumas ferramentas de seu ofício; sabia como sobreviver com o mínimo; na verdade, forçara-se a aprender em como se contentar com pouco.

- “JÁ APRENDI A CONTENTAR-ME EM TODA E QUALQUER SITUAÇÃO” - A palavra traduzida por “contentar-me” denota o ideal da pessoa totalmente autossuficiente. Paulo a emprega a fim de expressar sua independencia das circunstancias externas. Estava sempre consciente de sua total dependencia de Deus.

O APÓSTOLO ERA MAIS “SUFICIENTE EM DEUS” do que “AUTOSSUFICIENTE” - 2 Cor 5:5.

As palavras de Paulo foram expandidas por John Bunyan no cântico do menino pastor:

“Estou contente com o que tenho,
Seja pouco ou seja muito,
E é alegria o que mais almejo, Senhor,
Porque ela indica os que salvaste.
Nesta peregrinação concede-me medida total de alegria:
Provação agora, bênção depois.
Eis a bem-aventurança das gerações”.

Esta atitude opõe-se de frente à ambição. O próprio Cristo e Seus discípulos pronunciaram solenes advertências, descrevendo a “pessoa avarenta” como “idólatra” - Lc 12.15 comparar Ef 5.5; Hb 3.15

(C) - Fp 4:12 - Paulo acumulava vasta experiencia em passar com menos do que o suficiente, em algumas ocasiões, e ter mais do que o suficiente, noutras. Isso pouca diferença lhe fazia.

“APRENDI TANTO A TER FARTURA, COMO A TER FOME, TANTO A TER ABUNDANCIA, COMO A PADECER NECESSIDADE” - Só podemos imaginar o que é que Paulo considerava “abundancia” — tudo que estivesse acima do mínimo necessario quanto à alimentação e vestuario, sem dúvida alguma. Sendo um homem educado em ambiente elevado, sua conversão significou a entrada num novo modo de vida.

Ser cidadão de Tarso significava ser uma pessoa de grandes posses materiais. Entretanto, por amor a Cristo, Paulo havia dado também por perda todas as coisas – Fp 3.8 – O apóstolo aprendeu dali em diante, a sobreviver com o que pudesse ganhar mediante seu ofício de meio-expediente, de “fazer tendas” - l Tes 2:9; 2 Tes 3:8; At 18:3; 20:34.

Alguém perguntou ao filósofo Sócrates quem era a pessoa mais rica. Sócrates replicou:

- “Aquele que está contente com o pouco, visto que a alegria é a riqueza da natureza”.

(D) - Fp 4:13 - Paulo não coloca a seu crédito o aprendizado da lição sobre estar sempre contente; é graças Àquele que o capacita que o apóstolo diz: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”, ou seja, “nAquele que é meu Fortalecedor”, isto é, Cristo – 1 Tm 1.12.

Na verdade, quando se tornava mais consciente de sua fraqueza pessoal é que ele mais se certificava do poder de Cristo que nele residia - 2 Cor 12:9-10.

III – APESAR DA GRAÇA DE DEUS, PAULO ERA HUMANO, SUJEITO A LUTAS, SOFRIMENTOS E DIFICULDADES:

(1) - ESTEVE PRESO EM ROMA – At 28:16, 23

(2) - FOI MAL INTERPRETADO TEOLOGICAMENTE – Rm 3:8 – Colocaram nos lábios de Paulo a afirmação de que, para receber os benefícios de Deus, precisaríamos praticar males. Porém, na verdade, o que Paulo queria dizer é que, quanto mais injustos somos, mais se evidencia a graça divina. Paulo estava expondo a graça de Deus e não incentivando ao pecado.

(3) - FOI INCOMPREENDIDO NO PASTORADO: - I Cor 3:3-4 – Paulo pregava a unidade do corpo de Cristo, mostrando os diversos ministérios e valores de cada um dentro de cada comunidade. Mas nessa intenção pastoral de educar a Igreja, sobrou para ele. Alguns se revoltaram com sua pedagogia e insurgiram-se contra sua autoridade, fazendo com que ele passasse por angústias enormes.

(4) - TEVE AUSENCIA DE SUPORTE FINANCEIRO – I Cor 9:6 – A propria Igreja que Paulo fundou não tinha a visão de sustentá-lo!

(5) - SOFREU CALUNIAS – II Cor 1:17; 10:2 – A Igreja que o apóstolo Paulo fundou, o acusou de leviano; que vivia mundanamente. Por essa razão, ele resguardava-se de carregar dinheiro sozinho, fazendo-se acompanhar para não ser caluniado de desonesto - II Cor 8:20.

(6) - NÃO FOI VALORIZADO – II Cor 10:10 – Segundo historiadores, o apóstolo Paulo era baixinho, amorenado, de pernas curvas, com sobrancelhas que se encontravam no meio da testa e que, possivelmente, sofria de conjuntivite crônica. Logo, não tinha presença física. Também a palavra de Paulo não era valorizada. Ao contrario, os comentarios eram de que sua presença pessoal era fraca e a palavra desprezível Porém, Paulo tinha o coração impregnado da mensagem de Cristo, que ele anunciava com poder, resultado da unção que havia nele - At 25:22-23, 26:1-2, 24-32

(7) - TINHA UM “CURRICULUM VITAE” QUE NÃO TRAZIA BOAS RECOMENDAÇÕES – II Cor 11:23-29 – Para o apóstolo Paulo não existia a Teologia da Prosperidade, que diz que se alguma coisa de ruim acontece com o crente, é porque está em pecado.

(8) - PRECISAVA DOS AMIGOS - Paulo foi levado ao terceiro céu; teve visão de anjos; um encontro especial com Jesus; vivia cheio do Espírito Santo; debaixo da graça de Deus; transpirava poder; orava pelos enfermos e os curava; expulsava espíritos malignos; tinha poder para persuadir os que o contradiziam e que vivia como um verdadeiro cristão - II Tm 4:6-22

(8.1) - II Tm 4:9, 21 - Não obstante andar cheio do Espírito Santo, Paulo não desprezava a companhia do irmão, porquanto ele sabia que, no plano de Deus, a chegada de Timóteo seria graça para lhe suprir as carências.

(8.2) - II Tm 4:10-12, 19-20 – Paulo se fazia rodear de amigos que amava e cuja falta sentia de forma aguda e declarada. Ele sente falta de toda essa gente por uma razão muito simples: PAULO ERA HUMANO! Todos os homens de Deus precisam de amigos!

(8.3) - II Tm 4:10 – Paulo também teve profundas decepções com os amigos. Demas fazia parte da equipe de evangelização de Paulo; viajava com ele e o acompanhava em suas viagens evangelísticas (Cl 4:14; Fm 24), mas ele diz que o amigo Demas preferiu as atrações do presente século a ele, Paulo.

(8.4) - II Tm 4:14-15 – O amigo Alexandre causou-lhe muitos males, delatando atividades evangelísticas de Paulo (o que naqueles dias em Roma, era subversão). Fora um irmão que traiu Paulo.

(8.5) - II Tm 4:16 – Faltou solidariedade dos amigos. Ninguém se solidarizou com Paulo, ninguém foi a seu favor: nem a Igreja, nem os irmãos, nem os amigos!

(8.6) - II Tm 4:13, 21 – Paulo revela bem o frio que ele estava passando naquela masmorra úmida. Ele não nega que precisava de um amigo para trazer-lhe a capa, bem como os livros para que pudesse se aquecer e diminuir o tedio de se ficar recluso em uma prisão.

É maravilhoso ouvir Paulo dizer que tinha abundancia, apesar da prisão, das cadeias, da vida pobre que levava…
Diante de tal quadro, será que os falsos mestres e doutores acham ridícula a ideia de que alguém, em tais condições, pode dizer que “tem abundancia”?

Porém, o que eles não sabem e jamais podem imaginar é que Paulo vivia em “outro hemisferio” e que, com o seu bendito conhecimento sobre o que Cristo pode fazer, ele afirmou que:

- “TUDO POSSO NAQUELE QUE ME FORTALECE”.

IV – AS PROVISÕES DE DEUS PARA AS DIFICULDADES:

II Tm 4:17-18 – Paulo mostra que, apesar de não ter sido poupado da dor, ele era fortalecido em suas fraquezas e carencias. Ele sabia muito bem que o socorro de Deus era real e presente, pois para ele não há impedimentos, lugares lúgrubes demais, abismos ou poços tão profundos nos quais a graça de Deus não possa penetrar.

II Tm 44:11a – O Senhor sempre põe ao nosso lado alguns que nos amam e que nos confortam. Há sempre um “LUCAS” presente! Às vezes é a esposa; às vezes os nossos filhos, uma Igreja, um irmão, um amigo… Enfim, todo mundo pode ir embora, mas sempre haverá um “LUCAS”! Olhemos ao nosso lado: ELE ESTÁ AÍ! - Dn 2:16-17, 48-49 cf Pv 17.17; 18.24

Apesar da sua íntima comunhão com deus e de sua vida santa, Paulo jamais perdeu a fragilidade da natureza humana, pois ele não era nenhum super-homem – II Cor 2:12-13; 7:5; 11:8; Fp 2:27

V – CONSIDERAÇÕES FINAIS:

A graça de Deus não nos torna super-heróis. Mas, quando estamos solitarios, a graça de Deus vem através de Igrejas, amigos e irmãos que nos trazem ofertas, a capa, os livros e aqueles que permanecerão sempre ao nosso lado, em qualquer momento da nossa vida! Por isso, não importa quão desesperadoras as circunstancias possam ser, ou quão grande a soma delas todas. Temos que ter experiencia no segredo de enfrentar a ambas: a falta e a abundancia de recursos.

Da parte de Paulo, ele tinha aprendido uma das maiores lições que existem: Estar contente em qualquer situação em que se encontrasse. Esse é um segredo que só descobrimos quando passamos a ter uma vida sujeita à vontade de Deus.

Sempre que alguém vive em Deus e tem no cumprimento da vontade divina o seu mais alto ideal, obtém absoluta certeza de que todas as coisas de que necessita lhe serão acrescentadas. Tudo é possível somente àqueles que obtêm sua força diária em JEOVÁ - AQUELE QUE NOS FORTALECE.


FONTES DE CONSULTA:

O Novo Comentario da Bíblia – Edições Vida Nova

Novo Comentario Bíblico Contemporaneo – Editora Vida – F. F. Bruce

Comentario Bíblico Moody – Vl. 5 – Imprensa Batista Regular

A Graça de Deus Versus o Mito do Super-Homem – VINDE Comunicações – Caio Fábio

Publicado no blog Escola Biblica Dominical para Todos

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Lição 7: Tudo posso Naquele que me fortalece


INTRODUÇÃO

Na aula de hoje, veremos o que de fato significa a conhecidíssima declaração de Paulo: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.13). Muitos falsos mestres e doutores interpretam essa passagem fora de seu contexto e, extravagantemente, ensinam que o crente pode possuir o que quiser e fazer o que bem entender, pois Deus o apoiará em todas as circunstâncias. Assim, o “posso todas as coisas” passou a ser usado como se fosse um mantra que garante tudo na vida, independentemente da vontade divina.

Uma vez que esta interpretação exótica do texto sagrado é mais presunção do que confiança em Deus e mais triunfalismo do que verdadeira fé, precisamos entender o que realmente o apóstolo quis dizer quando afirmou: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”.

I. PROSPERIDADE NA ADVERSIDADE

1. Escassez e abundância. Uma das regras básicas da interpretação da Bíblia é a análise do texto de acordo com o seu contexto. Por conseguinte, quando alguém, para fantasiar uma existência saudável, rica e isenta de problemas, fundamenta-se, por exemplo, em Filipenses 4.13, está perversamente torcendo a Palavra de Deus. Além do mais, o próprio Cristo advertiu-nos: “Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). Vejamos, pois, o que realmente quis dizer o apóstolo.

Antes de mais nada, Paulo declara sua total dependência de Cristo em todas as circunstâncias: “Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade” (Fp 4.12). Nesse versículo, o apóstolo deixa bem claro que, embora já houvesse experimentado escassez e abundância, jamais deixou de confiar em Deus. Sejam quais fossem as circunstâncias, o Senhor Jesus era a sua contínua suficiência. É por isso que, nEle, o apóstolo podia todas as coisas.

Se alguém, portanto, quiser justificar a Teologia da Prosperidade com base na vida de Paulo, perde o seu tempo. Ele não ficou rico no seu exercício ministerial. Pelo contrário. Ele iniciou o seu ministério fazendo tendas (At 18.3) e terminou a sua carreira em uma prisão em Roma (Fp 1.3; At 28.30). No final de seus dias, precisou que Timóteo lhe enviasse uma capa, para se aquecer no cárcere (2 Tm 4.13). O que disso concluímos? O contentamento do apóstolo não dependia da abundância ou da escassez de bens materiais, mas da suficiência em Cristo.

2. Perseguição e rejeição. Apesar de Paulo haver escrito a Epístola aos Filipenses durante o seu encarceramento, impressiona-nos ver-lhe a alegria e o regozijo (Fp 1.7,13,14). Tal fato evidencia uma grande verdade: a alegria do cristão independe de circunstâncias, pois é a demonstração da verdadeira paz com Deus. Portanto, ao contrário do que muita gente possa imaginar, a prisão do apóstolo estava sendo uma fonte de bênçãos para o progresso do Evangelho assim como fora a sua liberdade (Fp 1.13,14). O importante para ele é que o Senhor Jesus fosse exaltado através do seu testemunho, ainda que de dentro de uma masmorra.

Não vemos, em Paulo, um escapismo triunfalista que nega o sofrimento na vida do crente através de uma irresponsável e leviana confissão: “Tudo posso, tudo posso”. Tampouco vemo-lo lamentando-se por haver Deus permitido fosse ele encarcerado. O que prevalece, no apóstolo, é o contentamento em todas as coisas (Fp 4.11,12)!

II. PROSPERIDADE NA HUMILDADE

1. O exemplo de Paulo. Ao demonstrar contentamento, independentemente das circunstâncias, Paulo não manifesta orgulho. Na realidade, o apóstolo demonstra que a sua felicidade era o resultado de sua total dependência de Deus. Infelizmente, a declaração do “tudo posso” transformou-se, para muitos, em uma chave mágica para conquistar tudo o que desejam, a fim de se sentirem pequenos deuses. O texto de Filipenses contrapõe-se a esse comportamento (Fp 2.4). Não podemos concordar com uma prosperidade que fomenta a soberba. A declaração paulina, longe de engrandecer-nos, deve esvaziar-nos de tudo, para que tenhamos a verdadeira riqueza: a suficiência divina!

2. O exemplo de Cristo. O maior exemplo de humildade, para o apóstolo, não era ele, mas Cristo Jesus que, mesmo sendo Deus, fez-se homem, assumindo a forma de servo (Fp 2.5-7). A encarnação, ao invés de lhe diminuir a divindade, acrescentou-lhe a humanidade. Ele não perdeu os atributos divinos, mas se esvaziou de sua glória para que, com Ele, fôssemos glorificados (Jo 17.5). Caia por terra toda a ostentação. Pois o Filho de Deus, embora rico e dono de todo o Universo, fez-se pobre por amor a nós (Fp 2.6; 2 Co 8.9).

III. PROSPERIDADE NA CARIDADE E NA UNIDADE

1. Amor e caridade. Em Filipenses 1.9, Paulo destaca o caráter dos irmãos de Filipos que, sensibilizados com a sua situação, resolveram ajudá-lo generosamente (Fp 4.15). O modelo de prosperidade ensinado por Paulo nada tem com o adotado hoje. Atualmente, prosperidade significa, entre outras coisas, independência de Deus. No entanto, Paulo demonstra que o crente, seja rico, seja pobre, sempre dependerá do Senhor, porque sem Ele nada podemos fazer. Toda a suficiência vem do Pai Celeste. Você sabia disso?

2. Provisão e gratidão. É interessante analisarmos o “tudo posso” de Paulo em Filipenses 4.13 à luz do que ele disse no versículo 11. Conforme lemos, o apóstolo revela ter aprendido a estar contente quer na necessidade, quer na abundância. Ele demonstra, assim, que toda a nossa suficiência acha-se em Deus e não em nós mesmos. Por isso, ao invés de lamentar-se, recebe a oferta que os filipenses lhe enviaram como um “sacrifício agradável e aprazível a Deus” (Fp 4.18). Paulo sabia que o Senhor amparava-o através dos crentes de Filipos. E nem por isso ele se sentia menos próspero.

3. A comunhão e a sã doutrina. Um ensinamento que se sobressai na Epístola aos Filipenses é que a real felicidade fundamenta-se tanto em nosso relacionamento com Deus quanto com o próximo (Fp 2.1-6; 4.2). Logo, a prosperidade genuinamente bíblica consolida-se na unidade e na comunhão do Espírito Santo.

Por outro lado, o apóstolo alerta-nos quanto aos maus obreiros (Fp 3.2). Uma igreja biblicamente próspera não somente mantém-se coesa internamente, mas também se guarda das intrusões externas. As heresias e modismos estão enfermando igrejas e desviando muitos crentes da verdade. Lembremo-nos de que a prosperidade bíblica é decorrente da sã doutrina.

CONCLUSÃO

Por conseguinte, o “tudo posso” do apóstolo Paulo revela nossa total e completa dependência de Deus. Sendo um homem dependente de Deus, o apóstolo não moldava a sua vida pelas circunstâncias. Cristo era o centro de sua existência. O mesmo Deus que o fortalecia na abundância, também o sustentava na escassez. Dessa forma, afirmemos com segurança e ousadia: “Tudo posso naquele que me fortalece!” Amém.