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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Lição 7: Tudo posso Naquele que me fortalece


INTRODUÇÃO

Na aula de hoje, veremos o que de fato significa a conhecidíssima declaração de Paulo: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.13). Muitos falsos mestres e doutores interpretam essa passagem fora de seu contexto e, extravagantemente, ensinam que o crente pode possuir o que quiser e fazer o que bem entender, pois Deus o apoiará em todas as circunstâncias. Assim, o “posso todas as coisas” passou a ser usado como se fosse um mantra que garante tudo na vida, independentemente da vontade divina.

Uma vez que esta interpretação exótica do texto sagrado é mais presunção do que confiança em Deus e mais triunfalismo do que verdadeira fé, precisamos entender o que realmente o apóstolo quis dizer quando afirmou: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”.

I. PROSPERIDADE NA ADVERSIDADE

1. Escassez e abundância. Uma das regras básicas da interpretação da Bíblia é a análise do texto de acordo com o seu contexto. Por conseguinte, quando alguém, para fantasiar uma existência saudável, rica e isenta de problemas, fundamenta-se, por exemplo, em Filipenses 4.13, está perversamente torcendo a Palavra de Deus. Além do mais, o próprio Cristo advertiu-nos: “Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). Vejamos, pois, o que realmente quis dizer o apóstolo.

Antes de mais nada, Paulo declara sua total dependência de Cristo em todas as circunstâncias: “Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade” (Fp 4.12). Nesse versículo, o apóstolo deixa bem claro que, embora já houvesse experimentado escassez e abundância, jamais deixou de confiar em Deus. Sejam quais fossem as circunstâncias, o Senhor Jesus era a sua contínua suficiência. É por isso que, nEle, o apóstolo podia todas as coisas.

Se alguém, portanto, quiser justificar a Teologia da Prosperidade com base na vida de Paulo, perde o seu tempo. Ele não ficou rico no seu exercício ministerial. Pelo contrário. Ele iniciou o seu ministério fazendo tendas (At 18.3) e terminou a sua carreira em uma prisão em Roma (Fp 1.3; At 28.30). No final de seus dias, precisou que Timóteo lhe enviasse uma capa, para se aquecer no cárcere (2 Tm 4.13). O que disso concluímos? O contentamento do apóstolo não dependia da abundância ou da escassez de bens materiais, mas da suficiência em Cristo.

2. Perseguição e rejeição. Apesar de Paulo haver escrito a Epístola aos Filipenses durante o seu encarceramento, impressiona-nos ver-lhe a alegria e o regozijo (Fp 1.7,13,14). Tal fato evidencia uma grande verdade: a alegria do cristão independe de circunstâncias, pois é a demonstração da verdadeira paz com Deus. Portanto, ao contrário do que muita gente possa imaginar, a prisão do apóstolo estava sendo uma fonte de bênçãos para o progresso do Evangelho assim como fora a sua liberdade (Fp 1.13,14). O importante para ele é que o Senhor Jesus fosse exaltado através do seu testemunho, ainda que de dentro de uma masmorra.

Não vemos, em Paulo, um escapismo triunfalista que nega o sofrimento na vida do crente através de uma irresponsável e leviana confissão: “Tudo posso, tudo posso”. Tampouco vemo-lo lamentando-se por haver Deus permitido fosse ele encarcerado. O que prevalece, no apóstolo, é o contentamento em todas as coisas (Fp 4.11,12)!

II. PROSPERIDADE NA HUMILDADE

1. O exemplo de Paulo. Ao demonstrar contentamento, independentemente das circunstâncias, Paulo não manifesta orgulho. Na realidade, o apóstolo demonstra que a sua felicidade era o resultado de sua total dependência de Deus. Infelizmente, a declaração do “tudo posso” transformou-se, para muitos, em uma chave mágica para conquistar tudo o que desejam, a fim de se sentirem pequenos deuses. O texto de Filipenses contrapõe-se a esse comportamento (Fp 2.4). Não podemos concordar com uma prosperidade que fomenta a soberba. A declaração paulina, longe de engrandecer-nos, deve esvaziar-nos de tudo, para que tenhamos a verdadeira riqueza: a suficiência divina!

2. O exemplo de Cristo. O maior exemplo de humildade, para o apóstolo, não era ele, mas Cristo Jesus que, mesmo sendo Deus, fez-se homem, assumindo a forma de servo (Fp 2.5-7). A encarnação, ao invés de lhe diminuir a divindade, acrescentou-lhe a humanidade. Ele não perdeu os atributos divinos, mas se esvaziou de sua glória para que, com Ele, fôssemos glorificados (Jo 17.5). Caia por terra toda a ostentação. Pois o Filho de Deus, embora rico e dono de todo o Universo, fez-se pobre por amor a nós (Fp 2.6; 2 Co 8.9).

III. PROSPERIDADE NA CARIDADE E NA UNIDADE

1. Amor e caridade. Em Filipenses 1.9, Paulo destaca o caráter dos irmãos de Filipos que, sensibilizados com a sua situação, resolveram ajudá-lo generosamente (Fp 4.15). O modelo de prosperidade ensinado por Paulo nada tem com o adotado hoje. Atualmente, prosperidade significa, entre outras coisas, independência de Deus. No entanto, Paulo demonstra que o crente, seja rico, seja pobre, sempre dependerá do Senhor, porque sem Ele nada podemos fazer. Toda a suficiência vem do Pai Celeste. Você sabia disso?

2. Provisão e gratidão. É interessante analisarmos o “tudo posso” de Paulo em Filipenses 4.13 à luz do que ele disse no versículo 11. Conforme lemos, o apóstolo revela ter aprendido a estar contente quer na necessidade, quer na abundância. Ele demonstra, assim, que toda a nossa suficiência acha-se em Deus e não em nós mesmos. Por isso, ao invés de lamentar-se, recebe a oferta que os filipenses lhe enviaram como um “sacrifício agradável e aprazível a Deus” (Fp 4.18). Paulo sabia que o Senhor amparava-o através dos crentes de Filipos. E nem por isso ele se sentia menos próspero.

3. A comunhão e a sã doutrina. Um ensinamento que se sobressai na Epístola aos Filipenses é que a real felicidade fundamenta-se tanto em nosso relacionamento com Deus quanto com o próximo (Fp 2.1-6; 4.2). Logo, a prosperidade genuinamente bíblica consolida-se na unidade e na comunhão do Espírito Santo.

Por outro lado, o apóstolo alerta-nos quanto aos maus obreiros (Fp 3.2). Uma igreja biblicamente próspera não somente mantém-se coesa internamente, mas também se guarda das intrusões externas. As heresias e modismos estão enfermando igrejas e desviando muitos crentes da verdade. Lembremo-nos de que a prosperidade bíblica é decorrente da sã doutrina.

CONCLUSÃO

Por conseguinte, o “tudo posso” do apóstolo Paulo revela nossa total e completa dependência de Deus. Sendo um homem dependente de Deus, o apóstolo não moldava a sua vida pelas circunstâncias. Cristo era o centro de sua existência. O mesmo Deus que o fortalecia na abundância, também o sustentava na escassez. Dessa forma, afirmemos com segurança e ousadia: “Tudo posso naquele que me fortalece!” Amém.

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