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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Lição 10- O Exercício Ministerial na Casa do Senhor


Texto Áureo: I. Co. 4.2 - Leitura Bíblica: Ne. 13.1-8

Objetivo: Mostrar aos alunos que o verdadeiro líder age com sabedoria e prudência, porque sabe que a sua autoridade procede do soberano e único Deus.

INTRODUÇÃO

Em dias difíceis, e de crise, o exercício ministerial exerce papel fundamental. Sem um ministério firme e comprometido com a Palavra, o povo é conduzido à ruína. Na aula de hoje atentaremos para esse importante tema. Definiremos bíblico-teologicamente o significado de ministério, destacaremos a relevância de um ministério em conformidade com os padrões bíblicos, e ao final, o papel que o ministério exerce na condução da obra de Deus.

1. MINISTÉRIO, DEFINIÇÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA

Ministério, em hebraico, vem do verbo sarat, que denota “ministro, servo, oficial” e se refere à pessoa que exerce trabalho na casa real (II Sm. 13.17) ou em uma corte de oficiais e servos públicos (II Cr. 27.1; 28.1; Et. 1.10). Este verbo deva ser distinguido de abad, que diz respeito ao serviço em geral. Essa palavra está associada ao serviço dado a um indivíduo de status, como no caso de José que serviu a Potifar (Gn. 39.4). O uso mais importante de sarat é no contexto da adoração ao Deus de Israel (Nm. 16.9; Dt. 10.8; Ez. 44.15,16). As referências apontam o papel especial de ministração diante de Deus ou do Seu povo. Os indivíduos que exerciam o ministério geralmente eram os sacerdotes levitas, tal como Arão (Ex. 28.35). Sarat também diz respeito à pessoa envolvida no serviço, comumente o termo é traduzido por “ministro” ou “servo”, o caso de Josué que servia a Moisés (Ex. 24.13; 33.11; Nm. 11.28; Js. 1.1) e dos anjos que servem a Deus (Sl. 103.21; 104;4). No Novo Testamento, destacamos duas palavras gregas para ministro: diakonos, frequentemente traduzida por servo, e o substantivo hyperetes que designa alguém em subordinação, desempenhando um papel, como um guardião (Mt. 5.25; 25.58; Mc. 14.54,46). O ministro, consoante ao exposto, é alguém que tem a responsabilidade de servir ao Senhor, como um guardião da doutrina, compromissado com a Palavra de Deus, para o bem do povo.

2. A IMPORTÂNCIA DO MINISTÉRIO SEGUNDO A VONTADE DE DEUS

Muitos querem ser ministros, mas poucos, de fato, estão dispostos servirem à Palavra de Deus. Nas horas de crise, o ministro que serve ao Senhor faz a diferença, basta atentarmos para o exemplo de Neemias que durante doze anos esteve firme, enfrentando oposição de dentro e de fora, mas sem fazer concessões em relação à vontade de Deus. Não há outro modo de conhecermos a Palavra de Deus, senão através da Palavra de Deus. A maior necessidade da igreja evangélica brasileira é o retorno à Bíblia, não apenas lê-la, mas, sobretudo, colocá-la em prática. Os ministros precisam dar o exemplo, devam ser leitores inveterados da Palavra, não podem trocar a Manual de Deus, pelos livros de autoajuda, os compêndios de psicologia moderna, ou mesmo pelas instruções dos gurus da administração eclesiástica. Conforme está escrito no capítulo 13 de Neemias, o povo começou a querer entrar pelo caminho do sincretismo religioso. O Senhor proibiu terminantemente que esse ecumenismo se realizasse (Ne. 13.1,2). A tolerância é necessária a todo cristão, mas não podemos fazer concessões em relação à Palavra. Os sacerdotes, para tirarem alguma vantagem, certamente econômica, abriram às portas a interesses contrários à vontade de Deus. Por esse motivo, Malaquias, como profeta do Senhor, denunciou a corrupção (Ml. 2.1-9). Há líderes eclesiásticos que vendem o povo com facilidade, principalmente aos interesses políticos, se obtiverem algum benefício próprio. A ordem do Senhor é contundente: “retirai-vos do meio deles” (II co. 6.17). A igreja do Senhor não precisa fazer conchavos com o mundo para adquirir visibilidade. Na maioria das vezes é sofrendo perseguição que a igreja mostra que é igreja.

3. O MINISTÉRIO E A RESTAURAÇÃO DA OBRA DE DEUS

Neemias conduziu o povo à restauração, não apenas dos muros, mas, principalmente, da espiritualidade. Mas esse mesmo povo se distanciou de Deus depois que Neemias retornou a Susã. A casa do Senhor passou a ter necessidades, isso porque os judeus se voltaram aos seus negócios. A prosperidade financeira não é garantia de verdadeira espiritualidade. Na verdade, há cristãos que justamente quando começam adquirir bens, mais se afastam de Deus. Se por um lado o povo fechava a mão, sendo inclusive denunciado pelo profeta Malaquias (Ml. 3.10), os sacerdotes, por outro, metiam a mão no que não lhes pertenciam, como fazia Eliasibe, ao beneficiar Tobias, o inimigo da obra do Senhor, alongando nas dependências do Templo (Ne. 13.4,5). Em virtude dos seus pecados sacerdotais, este também passou a ser conivente com o pecado (Ne. 13.2). Neemias, ao constatar aquela situação, a reconheceu como uma “mal” (Ne. 13.7). Observamos a falta de transparência e zelo na condução dos serviços do Senhor, especialmente no que tange aos recursos. Nos dias atuais, muitos pseudo-pastores utilizam os púlpitos, e também os meios de comunicação, para extorquir os irmãos mais fracos. Eles se vestem regaladamente, abusam dos bens da igreja, enquanto muitos, na própria igreja, padecem necessidade. Neemias percebeu a necessidade de agir imediatamente diante daqueles desmandos. Ele lançou todos os móveis da casa de Tobias fora da câmara do Senhor (Ne. 13.8-9). Jesus também agiu com firmeza diante daqueles que queriam transformar a Casa do Senhor em comércio (Mt. 21.13). O ministro do Senhor, ciente da sua responsabilidade perante Deus, não pode tolerar práticas indevidas que comprometam a seriedade da obra.

CONCLUSÃO

Em alguns contextos evangélicos, os inimigos da obra de Deus estão sendo levados para cima do altar. Tais práticas acontecem porque alguns supostos ministros estão querendo tirar proveito próprio das influências. A corrupção se instalou em determinados arraiais evangélicos e já se naturalizou, as pessoas admitem como se tudo fosse normal. Os líderes, com a consciência cauterizada, não sentem mais o pecado, justificam seus atos profanos até citando versículos descontextualizados. A indignação santa, pautada na Palavra, é indispensável para que tenhamos mudanças reais na obra de Deus. Como fez Neemias, e o Senhor Jesus, precisamos lançar fora todas as práticas abomináveis, que não condizem com o Reino de Deus.

BIBLIOGRAFIA

BROWN, R. The message of Nehemiah. Downer Grove: IVP, 1998.

PACKER, J. I. Neemias: paixão pela fidelidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

Publicado no blog Subsidio EBD

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

ENQUETE ENCERRADA


ENCERRAMOS A ENQUETE COM A SEGUINTE PERGUNTA:


QUAL COMENTARISTA DE LIÇÕES DA EBD VOCÊ ADMIRA?Veja o resultado.


1° Antonio Gilberto(45%)´
2° Claudionor de Andrade(41%)
3° Elienai Cabral(35%)
4° Esequias Soares(32%)
5° Geremias do Couto e Wagner Gaby(29%)
6° José Gonçalves(22%)
7°Elinaldo Renovato(19%)

VOCÊ ACREDITA NA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE?

http://ebdistas.blogspot.com/

sábado, 26 de novembro de 2011

LIÇÕES BÍBLICAS- 1° TRIMESTRE DE 2012

TEMA:

A VERDADEIRA PROSPERIDADE - A VIDA CRISTÃ ABUNDANTE

COMENTARISTA - PR. JOSE GONÇALVES

CONSULTOR DOUTRINÁRIO E TEOLOGICO - Antonio Gilberto


01 – O SURGIMENTO DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE

02 – A PROSPERIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

03 – OS FRUTOS DA OBEDIÊNCIA NA VIDA DE ISRAEL

04 – A PROSPERIDADE NO NOVO TESTAMENTO

05 – A BENÇÃOS DE ISRAEL E O QUE CABE A IGREJA

06 – A PROSPERIDADE DOS BEM-ABENTURADOS

07 – TUDO POSSO NAQUELE QUE ME FORTALECE

08 – O PERIGO DE QUER BAGANHAR COM DEUS

09 – DÍZIMO E OFERTA

10 – UMA IGREJA VERDADEIRAMENTE PRÓSPERA

11 – COMO ALCANÇAR A VERDADEIRA PROSPERIDADE

12 – O PROPÓSITO DA VERDADEIRA PROSPERIDADE

13 – SOMENTE EM JESUS TEMOS A VERDADEIRA PROSPERIDADE


MEU DESEJO É QUE TODOS TENHAM UM BOM APROVEITAMENTO DESSES ESTUDOS

A TODOS UMA BOA AULA.

lIÇÃO9- A Organização do Serviço Religioso


O contexto da presente lição é de celebração pela construção e dedicação dos muros:
“E, na dedicação dos muros de Jerusalém, buscaram os levitas de todos os seus lugares, para os trazerem, a fim de fazerem a dedicação com alegria, louvores, canto, saltérios, alaúdes e harpas.” (Ne 12.27)

A adoração, o louvor e o culto são temas abordados pelo comentarista.

OS LEVITAS CANTORES

“E se ajuntaram os filhos dos cantores, tanto da campina dos arredores de Jerusalém como das aldeias de Netofa, como também da casa de Gilgal e dos campos de Gibeá e Azmavete; porque os cantores tinham edificado para si aldeias nos arredores de Jerusalém.” (Ne 12.28-29)

É equivocada a ideia de que o serviço dos levitas era apenas o de cantar. Na condição de auxiliares e cooperadores dos sacerdotes, estavam envolvidos nas tarefas do oferecimento dos sacrifícios e na administração geral do tabernáculo e do templo (Nm 1.47-54; 3.6-9)
Observe que Neemias nos informa que os levitas cantores “tinham edificados para si aldeias nos arredores de Jerusalém”, e foram buscados. Com a restauração dos muros, veio também a restauração do serviço dos cantores.
O pastor Elinaldo Renovato, em seu livro “Neemias: integridade e coragem em tempos de crise”, CPAD, 2011, p. 116, destaca a importância dos músicos e cantores no culto, mas relata uma triste realidade:
“Nessa área do louvor, infelizmente, há muitas distorções. Um verdadeiro mercantilismo vil tem prejudicado a adoração a Deus. Há cantores que se transformaram em mercadores do louvor. Só cantam se receberem ‘polpudos’ cachês, de acordo com a procura e a oferta pelos “artistas” gospel. Hoje, há muitos que se dizem levitas, mas não querem submeter-se aos sacerdotes líderes, que são pastores e dirigentes, nas igrejas. Boa parte deles não tem pastor. Tem empresários”.
A prática do mercantilismo está associada ao profissionalismo, ou seja, o ganho financeiro tornou-se a razão última da atividade de muitos cantores e músicos cristãos. É absurdo o volume de CD´s gravados e lançados, de pessoas que apesar de bem intencionadas, não possuem o talento musical necessário (se desejar pode chamar de dom) para tal produção. É claro que a Bíblia diz que todo o ser que tem fôlego deve louvar ao Senhor (Sl 150.6), mas não diz que tem que gravar CD. O pior, é que depois que gravam, passam a querer que os pastores abram em todos cultos espaços para quem cantem, para assim divulgarem o seu “trabalho”.
Muitos, além de desafinados são abusados. Testemunhei no último final de semana uma cena, onde a cantora insatisfeita por não ter sido chamada para sentar na tribuna, ficou mandando indireta para o dirigente do culto. Muitos destes “levitas”, quando recebem a oportunidade para cantar, pregam, doutrinam, dão testemunho, ou seja, resolvem fazer o show completo, sem o mínimo respeito pelo dirigente e pela ordem do culto.
Há “levitas” que são adúlteros, insubmissos (ou sem pastor), beberrões, enganadores, mentirosos, iníquos disfarçados de santos, e que estão por aí enganando a todos e cantando para a sua própria glória e lucro. Precisam ser purificados pelo sangue de Jesus e abandonar a prática deliberada do pecado.
Outros “levitas” modernos querem também administrar até o som da igreja, sempre reclamam da qualidade ou da altura do mesmo.
O trabalhador é digno do seu salário (Lc 10.7), mas o abuso de alguns é descarado com a cobranças de cachês absurdos, que não se justificam. No Brasil, há levitas cantores (pregadores também) cobrando cachês de R$ 10, 20, 30 mil para se “apresentarem. Mas, como já escrevi, enquanto tiver quem pague, haverá quem cobre e ganhe. Aliás, muitos eventos promovem o mútuo interesse em ganhar públicos e dinheiro por parte de quem convida e de quem é convidado. Há casos de cobrança de ingressos. As ofertas são “rachadas” em alguns shows, chamados de cultos, entre o pastor empresário e o levita artista.
Felizmente, em meio a tanta distorção, há aqueles levitas cantores que horam a Deus e aos pastores através do seu canto, de sua música e da sua vida, e se alegram com a justa provisão de Deus.

A PURIFICAÇÃO DOS SACERDOTES E LEVITAS

“E purificaram-se os sacerdotes e os levitas; e logo purificaram o povo, e as portas, e o muro.” (Ne 12.30)

O ato de purificar-se tem conotação com santidade de vida. Pensamentos, palavras e obras devem estar livres de qualquer coisa que torne o adorador “impuro”.
A condição de “pureza” deve ser primeiro vista na liderança da igreja, para em seguida ser imitada e buscada pelo povo.
Fico perplexo com o discurso de alguns líderes, que dão ênfase a uma pureza “doutrinária” (equivocadamente com ênfase em usos e costumes), mas vivem uma verdadeira anarquia moral.
São líderes impecáveis no discurso, mas reprováveis na prática.
São líderes que combatem brincos, colares, pulseiras, maquiagem, televisão, internet, etc. mas, que estão envolvidos com corrupção, roubo, adultério, suborno, esquemas fraudulentos e toda a sorte de articulação para se manterem, ou tirar vantagem do “poder” da posição que ocupa.
São líderes rigorosos com os seus auxiliares e com o povo, mas não possuem o mesmo rigor com a sua familia. Com um discurso de falsa pureza, censuram as jovens da igreja que usam calça comprida, jóias e maquiagem, mas as próprias filhas (e até a esposa) se vestem e se adornam da mesma maneira. É preciso acabar com esta hipocrisia. É preciso combater tal incoerência.
São líderes que chamam de liberais os que não aceitam o seu legalismo e farisaísmo evangélico.
São líderes que falam do avanço do Reino, mas que negociam campos eclesiásticos e o patrimônio da igreja local. São empresários da fé metidos em questões judiciais, promotores de escândalos.
São líderes cínicos e loucos, que já perderam o temor de Deus, que já cauterizaram a própria consciência.
São líderes que se protegem na capa de “ungido”, mas que já estão reprovados por Deus.
São líderes com aparência de espirituais, mas que são carnais.
São líderes que disputam e defendem a presidência de igrejas e de convenções a todo custo, mas que já foram vomitados pelo Senhor da Igreja.
São líderes que enriquecem às custas da exploração dos simples.
São líderes que afirmam combater o diabo, mas que já venderam a alma ao próprio.
Graças a Deus pelos líderes crentes e santos que ainda militam pela causa do mestre.
Que o Senhor nos purifique (líderes, levitas e cantores) dos nossos pecados, e que nos convertamos a Ele.

CULTO E LITURGIA SANTA

Muitas das mazelas que contemplamos em nossos cultos são decorrentes do estado moral e espiritual caóticos em que vive algumas lideranças e igrejas.

O culto e a forma de realizá-lo (liturgia), deixou de buscar a glória de Deus, e agora serve aos interesses humanos da busca por cura, libertação, prosperidade, problemas de justiça, etc. As necessidades humanas estão presentes na grande maioria das mensagens e hinos, em detrimento de um louvor e de uma adoração que proclame as obras e os atributos de Deus.
Para manter alguns cultos “cheios”, a pregação da Palavra foi trocada por “atrações” ou por promessas de “bênçãos” aos espectadores ou clientes. Temos agora muitas templos cheios, mas igrejas doentes.
O culto perdeu a sua forma simples de ser, e agora, enquadrado na sua nova e moderna razão de ser (comercial), tem nomes atrativos, do tipo “Culto da Vitória”, “Culto da Conquista”, “Culto da Virada”, “Culto do Milagre” etc.
Pois é, templos grandes e cultos cheios, na cabeça de muitos é sinônimo de status e poder de liderança. É uma marca do sucesso ministerial. Puro engano e tolice.
Culto e liturgia restaurados, só serão possíveis quando a liderança e o povo forem restaurados, purificados e libertos dos seus pecados.
Que tal começarmos restaurando a oração nos cultos. O relato abaixo, feito pelo historiador Emílio Conde sobre um culto realizado entre 1925-1926, nos revela o quanto precisamos retornar às boas e salutares práticas litúrgicas:
“Às sete horas da noite os crentes começavam a reunir-se. Vêm depressa e enchem o salão. A primeira coisa que fazem quando entram é dobrar os joelhos e orar. Alguns oram alto e outros em silêncio. Mais e mais pessoas chegam, todas alegres e cheias de zelo pela obra de Deus. Ninguém fica conversando antes do culto, mas todos estão orando fervorosamente a Deus pelo bom andamento do culto”. (Texto extraído da obra “Diário do Pioneiro”, de Ivar Vingren, publicado pela CPAD, 2010, p. 142)
Os estudos no livro de Neemias estão nos oferecendo uma boa oportunidade para refletirmos sobre a nossa própria condição.

Que esta reflexão produza em nós transformação para a glória de Deus.

Publicado no Blog do Pr. Altair Germano

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Lição 8-O Compromisso com a Palavra de Deus


Objetivo: Mostrar aos alunos que o compromisso com a Bíblia é requisito fundamental para a igreja de Cristo seguir em obediência.

INTRODUÇÃO

O avivamento, conforme temos estudado nestas últimas lições, traz implicações duradouras. Na aula de hoje, atentaremos para os resultados de um compromisso com a Palavra de Deus. A princípio, destacaremos a necessidade de um compromisso incondicional com a Palavra de Deus. Em seguida, apontaremos a consolidação da obra de Deus através da Sua Palavra. Por fim, ressaltaremos algumas verdades bíblicas que devam ser consideradas.

1. COMPROMISSO COM A PALAVRA DE DEUS

Ainda que tenhamos estudado a respeito em lições anteriores, mesmo assim vale a pena repetir: não existe avivamento autêntico sem a intervenção direta da Palavra de Deus por meio da qual o Espírito Santo atua (II Tm. 3.16,17). Nos tempos de Esdras e Neemias tudo começou quando o povo de Israel se reuniu para buscar a Palavra de Deus (Ne. 8.1), não há possibilidade de reforma genuína sem a ministração bíblica (Ne. 8.13,18). Ela é o fundamento e os limites da reforma. Não podemos pôr outra base além daquela que recebemos de Deus (Ne. 10.29). Existem muitos movimentos evangélicos nos dias atuais que querem impor seus modismos, baseados em modelos de administração mundana, mas não podemos esquecer que os parâmetros a serem seguidos foram estabelecidos pelo Senhor em Sua Palavra. Depois que a Palavra é exposta, aqueles que a ouvem devem sair da zona de conforto, buscar a obediência ao Senhor, demonstrar compromisso diante da Palavra (Ne. 9.38). A liderança exerce papel primordial nesse aspecto, pois o exemplo deve partir daqueles que estão à frente do trabalho (Ne. 9.38; 10.1-27). Neemias foi um dos primeiros a assinar o documento (Ne. 10.1), dando o exemplo a ser observados pelos demais, os sacerdotes (Ne. 10.2-8), os levitas (10.9-13), chefes de famílias (Ne. 10.14-27), e o povo em geral (Ne. 10.28). Nesses dias de crise, os líderes evangélicos precisam voltar ao compromisso com a Palavra de Deus. Ainda que implique em falta de popularidade, ou perseguições daqueles que desconhecem a Bíblia. Carecermos de uma liderança totalmente consagrada a Deus, que não faça concessão com o pecado (Ne. 10.28), que coloque a Palavra de Deus em primeiro plano (Ne. 10.29), que se oponha à mistura do evangelho com as práticas mundanas (Ne. 10.30).

2. A CONSOLIDAÇÃO DA OBRA PELA PALAVRA DE DEUS

A obra de Deus é consolidada através da Palavra de Deus, e essa privilegia pessoas, não estruturas. Existem obreiros que se preocupam demasiadamente com construções, transformam edificações de tijolos no alvo principal. Neemias sabia da necessidade da reparação dos muros, mas seu objetivo era o desenvolvimento das pessoas. A cidade fora reconstruída para as pessoas, não as pessoas por causa das cidades. Do mesmo modo, os templos existem para as pessoas, não as pessoas por causa dos templos. Depois da cidade erguida, os líderes decidiram nela habitar (Ne. 11.1,2), resolveram abrir mão da prosperidade financeira, e viverem uma vida mais simples, juntamente com o povo. Paulo nos lembra que a piedade com contentamento é grande fonte de lucro (I Tm. 6.6). Templos são erguidos todos os dias nas igrejas evangélicas no Brasil, mas eles precisam ser freqüentados. Eles não devem servir apenas de adorno para as cidades, é preciso que a Palavra seja ali exposta, e os crentes não podem abandonar a congregação como é costume de alguns (Hb. 10.25). Nesta era de internet e televisão, há aqueles que não mais querem ir às igrejas, são os chamados desigrejados. Ainda que seja uma expressão da moda, e muitos o estejam fazendo, não podemos esquecer que somos partes de um todo, membros do corpo de Cristo, portanto, precisamos uns dos outros (I Co. 12). Não existem igrejas perfeitas, todas elas têm seus entraves, é necessário agir com tolerância em relação aos outros. A normalidade na igreja é justamente a anormalidade, somos todos cristãos incompletos, em um processo de construção, caminhando para a glória de Deus. Do mesmo modo que fomos alcançados pela graça de Deus, devemos ser graciosos no tratamento com os irmãos da igreja (Ef. 2.8,9).


3. AS VERDADES DA PALAVRA DE DEUS

Consoante ao exposto, devemos atentar para a Palavra de Deus. Como ponto de partida, devemos renovar nosso pacto, e permanecermos em contato com o Senhor e com o povo a quem Ele denominou de igreja (Mt. 16.18). Para tanto, precisamos perseguir a vontade de Deus (Ne. 10.30), separemo-nos, portanto, do pecado (Ne. 10.28) e estejamos dispostos a viver para Deus. A observância do Dia do Senhor também deva ser levada em consideração (Ne. 10.31). Os cristãos não dependem da guarda de dias para serem salvos, nem mesmo do Sábado (Cl. 2.16,17), considerando que este foi feito por causa do homem e não o homem por causa dele (Mc. 2.27). Por outro lado, o mercantilismo e a ganância estão transformando as pessoas em máquinas. Em busca de lucro desenfreado, as pessoas trabalham dia e noite, não separam tempo necessário para ir à igreja e para se congregarem com os irmãos. A natureza, criação de Deus, também tem sido desrespeitada (Ne. 10.31). Alguns crentes se utilizam de passagens descontextualizadas das Escrituras para propagarem a destruição ao meio ambiente. Aguardamos a volta do Senhor a qualquer momento, e essa é a bendita esperança da igreja, mas não sabemos quando ela acontecerá (I Ts. 4.13-17). Por isso, sejamos mordomos da criação de Deus, estejamos envolvidos no processo de redenção da natureza, que geme (Rm. 8.22). Em meio a essa sociedade controlada pelo lucro e o dinheiro, não podemos nos deixar conduzir pela lógica de Mamon (Mt. 6.24). Aprendamos, pois a exercer a generosidade (II Co. 8.4; 9.13; I Tm. 6.18), as dívidas não podem continuar, para sempre, sendo um jugo sobre as pessoas (Ne. 10.31), ainda que o cristão deva ser prudente ao contrair dívidas, ser parcimonioso em suas compras (Rm. 13.8). Não esqueçamos de contribuir para o desenvolvimento da obra do Senhor, a casa de Deus precisa ser mantida (Ne. 10.32-39), para isso servem os dízimos e as ofertas (Ml. 3.10).

CONCLUSÃO

A crise evangélica se revela no descaso em relação à Palavra de Deus. Precisamos resgatar o compromisso com a Bíblia, necessitamos de uma liderança firme, que não faça concessões ao pecado e que não se distancie dos princípios da Sagrada Escritura. Os crentes também devam ser admoestados a abandonarem seus pecados, a viverem em santificação para Deus. A “graça barata”, para usar uma expressão de Bonhoeffer, está formando uma geração de “crentes baratos”, que não mais carregam a cruz do discipulado, e que não levam a sério a radicalidade do cristianismo (Mt. 16.24).

BIBLIOGRAFIA

BROWN, R. The message of Nehemiah. Downers Grove: IVP, 1998.

PACKER, J. I. Neemias: paixão pela fidelidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

Publicado no blog Subsidio EBD

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Lição 7-Arrependimento, a Base para o Concerto


INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos a importância do arrependimento não apenas em relação à Judá, quando do retorno do cativeiro, mas o analisaremos como um princípio gerado pela Palavra de Deus, sendo válido para todos em todas as épocas.

I - DEFINIÇÃO DE ARREPENDIMENTO
Podemos recorrer aos termos originais, no Antigo e no Novo Testamento, para termos uma compreensão mais clara do que vem a ser “arrependimento”. As palavras utilizadas no Antigo Testamento para expressar a ideia de arrependimento são shuv(virar para trás, voltar) e nicham (arrepender-se, consolar). Shuv ocorre mais de cem vezes no sentido teológico de desviar-se de Deus (I Sm 15.11; Jr 3.19); também significa ‘voltar para Deus’ (Jr 3.7; Os 6.1). Às vezes, esse termo é utilizado no sentido de desviar-se do bem (Ez 18.24,26), mas também é usado no sentido de desviar-se do mal (Is 59.20; Ez 3.19).
O verbo nicham tem um aspecto emocional que não se percebe na palavra shuv, mas ambos os termos transmitem.
O Novo Testamento emprega epistrepho no sentido de voltar-se para Deus (At 15.19; II Co 3.16) e metanoeo/metanoia para a ideia de arrependimento (At 2.38; 17.30; 20.21; Rm 2.4). Utiliza-se de metanoeo para expressar o significado de shuv, que indica uma ênfase à mente e à vontade. Mas também é certo que metanoiano Novo Testamento, é mais que uma mudança intelectual. Ressalta o fato de uma reviravolta da pessoa inteira, que passa a operar uma mudança fundamental de atitudes básicas.

II - ARREPENDIMENTO E CONFISSÃO DE PECADOS
A Lei do Senhor foi abundantemente lida e o resultado foi um genuíno avivamento, que começou com um genuíno arrependimento. Já fazia um bom tempo que os estatutos do Senhor não eram observados (Ne 8.17). O próprio cativeiro havia sido causado pela apostasia e imoralidade da nação judaica. Quando eles desprezaram a Lei de Deus e as mensagens proféticas, o resultado foi o fracasso, o cativeiro, a vergonha e a ruína (II Cr 36.15-21). O salmo 137 retrata bem o quadro espiritual e emocional do povo após a queda (Sl 137). Já o salmo 126 traz uma realidade totalmente oposta. Os moradores de Judá haviam sido libertos e a alegria se espalhara por toda a nação.
O avivamento, porém, ainda estava por vir. Além da antiga dívida para com Deus, os setenta anos de convívio com os ímpios babilônios trouxeram prejuízos à sua identidade de “nação santa e peculiar dentre todos os povos” (Ex 19.5). Após a reconstrução do templo e dos muros, o povo foi reunido para ouvir a Palavra do Senhor. Como Ela é viva, eficaz e penetrante (Hb 4.12); ao ouvi-La durante seis horas consecutivas, o povo se prostrou arrependido e, durante mais seis horas, confessaram os seus pecados (Ne 9.3).
Interessante que aquele avivamento foi um retorno à experiência do Sinai (Ex 19), e uma rememoração de tudo quanto o Senhor havia operado na trajetória de Israel. Eles se arrependeram de sua ingratidão para com o Deus que tudo houvera provido até então. Vejamos alguns pontos daquela maravilhosa oração:
  • Reconhecimento de Deus como o Todo-Poderoso e Criador (Ne 9.5,6);
  • Lembrança das promessas feitas a Abraão (Ne 9.7,8);
  • Lembrança da misericórdia de Deus em relação a Israel no Egito (Ne 9.9);
  • Lembrança dos sinais e prodígios operados por Deus no Egito (Ne 9.10-12);
  • Lembrança da Glória no Sinai (Ne 9.13);
  • Lembrança das provisões do Senhor (Ne 9.15);
  • Lembrança da dureza de coração de seus antepassados (Ne 9.16-18);
  • Lembrança da longanimidade de Deus (Ne 9.19-21);
  • Lembrança das vitórias nas guerras em Canaã (Ne 9.22-25);
As terríveis oscilações espirituais e suas consequências (Ne 9.26-29).
Diante dessa retrospectiva de pecados e dureza de coração de Israel e, misericórdias e longanimidade de Deus, o povo prostrou-se arrependido. Interessante que não é apenas o juízo do Senhor que nos leva ao arrependimento, a sua benignidade também tem esse poder (Rm 2.4).
O verdadeiro arrependimento move o coração de Deus, e é sempre acompanhado de confissão de pecados. Foi assim com o salmista Davi (Sl 51.10-12; 16,17); com os ninivitas (Jn 3.5-10) e com o Filho Pródigo ( Lc 15.17-24). Naquela ocasião não foi diferente. Devido o sincero arrependimento, o Senhor lhes perdoou os pecados. Interessante que isso já havia sido predito quando da consagração do Templo na época do rei Salomão (II Cr 6.36-39). O que aconteceu com Judá é o que acontece com todos quantos se arrependem de seus pecados, mesmo na atual dispensação. Traçando um paralelo entre II Cr 7.14 e At 3.19, chegamos ao seguinte esquema:
ARREPENDIMENTO->CONVERSÃO->PERDÃO->REFRIGÉRIO

III - SANTIDADE, O FRUTO DO ARREPENDIMENTO
Notamos que a atitude inicial dos judeus quando se arrependeram de seus maus caminhos foi afastar-se dos povos pagãos. Entenda-se por pagão toda e qualquer pessoa que não crê no Deus Todo-Poderoso somente, e na sua Palavra como única regra de fé e prática. Eles se apartaram daqueles cuja religião, cultura, estilo de vida, ética, cosmovisão destoava totalmente daquilo que o Deus de Israel implementara para o seu povo. Não esqueçamos do conceito básico de santidade, a saber: separadopor e consagrado a. Desde os primórdios que essa era a proposição de Deus para o seu povo:
  • Quando de seu chamado, Abraão foi convidado a se separar do paganismo de sua terra (Gn 12.1);
  • Certa feita, Jacó precisou retirar de sua casa todo e qualquer elemento estranho à santidade de Deus (Gn 35.1,2);
  • O próprio Deus afirmou de forma solene, no Sinai, que Israel seria separado de todas as nações (Ex 19.5);
  • O Senhor preveniu os filhos de Israel a não se misturarem com as nações vizinhas (Dt 7.1-4);
  • O erro do grande rei Salomão foi não ter se apartado das nações ímpias, que estavam ao seu redor (I Rs 11.1-6);
  • As dez tribos caíram por terem se misturado às práticas pecaminosas das nações pagãs (II Rs 17.7-18);
  • Judá havia caído por não preservar a santidade ao Senhor (II Cr 36.15,16).
Quando fizeram uma análise histórica, perceberam que o fracasso de Israel sempre esteve ligado ao abandono da santidade. A história de Israel, na realidade, é a repercussão daquilo que foi proferido nos montes Ebal e Gerizim (Dt 28). As bênçãos acompanham uma vida de santidade e as maldições, uma vida de pecaminosidade. Por isso, os judeus imediatamente se apartaram dos ímpios, para desfrutarem das bênçãos do Senhor.
A exposição incansável da Palavra de Deus gera santidade no povo. Isso também ocorreu nos dias do rei Josias. Depois do ensinamento da Lei, o rei iniciou uma reforma geral em Israel. Tudo o que não agradava ao Senhor foi banido e o povo retornou à santidade.
É impossível haver um verdadeiro arrependimento sem que haja também uma mudança total de vida por parte do arrependido. Em todos os casos citados, a Palavra de Deus foi proferida, o pecador sentiu o peso do pecado, arrependeu-se, e mudou de atitude. Baseados nas palavras do apóstolo Paulo em II Co 7.9,10, podemos entender melhor esse princípio. Vejamos:
EXPOSIÇÃO DA PALAVRA
->
TRISTEZA SEGUNDO DEUS
->
ARREPENDIMENTO
->
MUDANÇA DE VIDA


CONCLUSÃO
Concluímos, portanto, que o arrependimento é imprescindível para se alcançar o perdão de Deus e, consequentemente, para a renovação do pacto, da aliança divina. De nada teria servido toda a restauração estrutural da cidade de Jerusalém se ela não viesse também acompanhada da restauração espiritual, que teve como ponto de partida o arrependimento.

Publicado no site da Rede Brasil de Comunicação

sábado, 5 de novembro de 2011

Lição 6-Neemias Lidera um Genuíno Avivamento


Texto Áureo
“E Esdras, o sacerdote, trouxe a Lei perante a congregação […] E leu nela […] desde a alva até ao meio-dia, perante homens, e mulheres, e sábios; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei” (Ne 8.2,3). - A primeira vez que surge o nome e Esdras, contemporâneo de Neemias e que havia chegado ali treze anos antes, vindo da Babilônia, como sacerdote e escriba, era o líder religioso, enquanto Neemias era o líder político, o tirsata (governador).
Verdade Prática
Somente o genuíno ensino da Palavra de Deus é capaz de produzir um verdadeiro avivamento.
Leitura Bíblica em Classe
Neemias 8.1-3,5,6,9,10.
Objetivos
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- SABER que um genuíno avivamento só pode ocorrer à partir do estudo e da prática da Palavra de Deus;
- COMPREENDER que a Bíblia é a inerrante e infalível Palavra de Deus, e
- CONSCIENTIZAR-SE de que o genuíno avivamento ocorre quando há entendimento da Palavra de Deus.
Palavra-chave
AVIVAMENTO - retorno de algo à sua verdadeira natureza e propósito.

Comentário
(I. Introdução)
O livro da Lei de Moisés, lido por Esdras, o sacerdote e escriba, era provavelmente o Pentateuco, os cinco primeiros livros da nossa Bíblia, atribuídos à autoria de Moisés. Naquela época, um escriba era uma combinação de advogado, tabelião, estudioso e consultor. Os escribas estavam entre as pessoas mais educadas; por esta razão eram mestres. O povo ouviu atentamente a Esdras enquanto lia a Palavra de Deus e tiveram suas vidas mudadas. Este fato foi real para aqueles judeus tanto quanto o é para nós hoje, no entanto, devemos ter cuidado, pois, ouvir a Palavra de Deus tão freqüentemente pode trazer insensibilidade às suas palavras, e nos deixar imunes aos seus ensinos. Para que isso não aconteça, devemos ouvir cuidadosamente cada versículo e orar para que o Espírito Santo nos ensine a aplicar o seu conteúdo à nossa vida prática. Quando observamos a história da fé judaica e cristã, quanto aos avivamentos ocorridos, temos que nenhum deles aconteceu sem uma volta às Escrituras. Não há avivamento verdadeiro e duradouro sem um retorno à pureza da Palavra, um ensino por pessoas autorizadas e cheias do Espírito Santo, aptas a ensinar sem mistura. Nosso meio pentecostal acostumou-se a confundir avivamento com movimento, avivamento com oração, jejuns, vigílias, montes… quando na verdade, o verdadeiro avivamento começa no culto de ensino, na escola dominical. Avivamento sem ensino e aplicação da Bíblia Sagrada não passa de um mero movimento religioso; não trará modificação de hábitos, restauração de vidas. Hoje, temos a responsabilidade de reavaliarmos nosso papel e responsabilidade para um real avivamento nesses dias de frieza, mistura e pseudo-ensino. Aproveite! Boa Aula!

(II. Desenvolvimento)
I. O POVO SE AJUNTOU NA PRAÇA PARA OUVIR A LEITURA DA LEI
1. Reunidos para ouvir a Lei. Quando Neemias chegou a Jerusalém, encontrou mais do que apenas paredes desmoronadas; encontrou vidas destruídas. Neemias decide então reunir o povo para ouvir o sacerdote e escriba Esdras fazer a leitura do livro da Lei do Senhor. O dia escolhido para este ato de restauração espiritual foi o primeiro do sétimo mês - Tishri (8.2), era o tempo da celebração da festa das trombetas - Yom Teruah (Dia do soprar das trombetas, o “Shofar” - chifre de carneiro; dia do grito ou gritaria) (Nm 29.1-6). Conforme está em Levítico. 23.23-25 e em Números 29.1: “Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês, tereis descanso, memorial com sonido de trombetas, santa convocação. Nenhum trabalho servil fareis, mas oferecereis oferta queimada ao SENHOR“. Esta é a única festividade que é celebrada num dia de lua nova, por isso também é conhecida como a Festa da Lua Nova (Rosh Shodesh): “Tocai a trombeta na lua nova, no tempo apontado da nossa solenidade. Porque isto é um estatuto para Israel, e uma lei do Deus de Jacó” (Sl 81.3-4). Nesse dia, Neemias fez o povo assentar-se para a leitura publica da lei, num contexto de ratificação ou renovação da aliança (Êx 24.7; Js 8.30-35; 2Rs 23.1-3). A lei não foi apenas lida, mas também explicada, para garantir que o povo compreendesse bem o seu significado. Acredita-se que tenha havido uma tradução simultânea do hebraico, língua das Escrituras Judaicas, para o aramaico, língua falada pelo povo. Imagine quão belo foi este dia! O sacerdote lendo a Lei no doce idioma hebraico, e outros traduzindo simultaneamente à congregação sentada, que de emoção chorava e louvava ao Senhor! O lugar para esse evento não poderia ter sido outro, a “Porta das Águas”: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre” (Jo 7.38). Um dos símbolos do Espírito Santo na Bíblia, é a água. Toda nossa vida cristã depende dEle; Ele nos gerou em Cristo efetuando a obra de regeneração; Ele nos foi dado como o outro ‘Ajudador’ ou ‘Consolador’. Como Jesus afirma: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós” (Jo 14.16-17). Um poderoso avivamento na história de Jerusalém ocorreu aqui (cap. 8), depois de reunirem-se para ouvir a leitura do livro da Lei, reunir-se-iam para confessar os seus pecados (9.1,3). A leitura da Palavra de Deus produz arrependimento e confissão de pecados!
2. O povo estava atento à leitura da Lei. De fato, o que ocorreu nesse episódio não foi apenas uma simples leitura, mas um curso intensivo, durante sete dias, seis horas por dia (Ne 8.3,18). Exaustão? Com alegria ouviam e deixavam-se transformar. O resultado foi choro e arrependimento; a multidão sensibilizada pelo que Deus estava falando aos seus corações ouve a ordem: “Nada de tristeza e de choro!”: podem sair, e comam e bebam e repartam com os que nada têm preparado“. A sequência do relato (v.12) nos mostra que o povo celebrou com grande alegria, pois agora compreendiam as palavras que lhes foram explicadas.
3. O culto de doutrina. “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1); Paulo clama aos destinatários de sua carta que apresentassem a Deus um culto racional; o conhecimento da palavra de Deus exige uma aplicação prática. A maioria das cartas do NT, como é o caso de Romanos, contém uma série de aplicações práticas no final, depois de estabelecer a base doutrinária. Como enfatiza Tiago: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não somente ouvintes” (Tg 1.22). Os crentes primitivos diariamente reuniam-se no templo, compartilhavam suas refeições com alegria e simplicidade de coração, louvavam a Deus e eram simpáticos a todos. Todos os dias havia conversões, e a Igreja ia crescendo. O culto ocupava lugar central na vida daqueles irmãos. Nesse culto havia ensino, comunhão, santa ceia e orações. Foi por meio desse culto que a igreja se edificou e se fortaleceu. Culto coletivo e familiar era prática constante daquela igreja primeva. Reunirmo-nos para cultuar e para aprender a Palavra é uma necessidade tão grande para a alma como o alimento é para o corpo. Este é o nosso culto racional! O salmista expressa seu amor pela casa de Deus e declara a felicidade dos que vão ao templo, cheios de fé para adorar, louvar e orar ao Senhor (Sl 84.2-4,10). Talvez tenhamos deixado as preocupações modernas influenciar demais nossa vida com Deus de maneira que, o tempo já não permite reunirmo-nos para ouvir a Palavra e o culto chamado “de Doutrina” perdeu sua importância e como resultado, o crente está perdendo a noção da importância das reuniões de estudo. Ao deixar de ir ao culto, qualquer que seja o motivo, trocar a Escola Bíblica Dominical por outra atividade qualquer, demonstra o desprezo pelo culto congregacional. Na verdade, estamos sendo reprovados como despenseiros por exercermos uma má administração do nosso tempo. Quem ama a Deus também ama a sua Palavra e nela medita dia e noite (Sl 1.2; 119.97).

SINOPSE DO TÓPICO (I)
O povo de Deus reuniu-se para ouvir atentamente a Sua Palavra.

II. O ENSINO BÍBLICO
1. Homens preparados para o ensino (Ne 8.7). Quando nos entregamos a Deus, assumimos um compromisso de sermos fiéis a ele. Para cumprir a nossa obrigação de obedecer tudo que Jesus tem nos ordenado (Mt 28.18-20), precisamos estudar para conhecer bem a palavra dele. Paulo disse a um irmão mais novo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15). Pedro escreveu a discípulos espalhados em vários lugares: “…santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós…” (1Pe 3.15). Ser preparado para falar a outros faz parte da nossa devoção ao Senhor. Paulo usou uma linguagem que deve chamar a nossa atenção quando disse a Timóteo: “Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra”(2Tm 2.21). Cabe ressaltar que o requerido aqui não é o repetir, explicar e defender regras de igrejas ou doutrinas decididas por grupos de homens. Toda denominação hoje possui o seu manual de regras, fé e prática, que em geral, são ‘enfiados goela abaixo’ dos membros por pregadores e professores que obrigatoriamente têm que seguir a linha doutrinária da denominação, ou perdem seus cargos. Esse terror de ser ‘excomungado’ tem contribuído para muitas afirmações e ações erradas (Jo 9.22; 7.13; 12.42). O crente fiel deve compreender que é melhor ser expulso pelos homens do que ser rejeitado por Deus (Lc 6.22). Oremos para que o Senhor conceda à sua Igreja homens e mulheres aptos para o ensino, quer por palavras, quer por ação.
2. O líder deve ser apto para o ensino. Além do pastor, há pessoas, na igreja local, que foram dotadas por Deus com habilidades para o ensino, conforme escreve Paulo: “Se é ensinar, haja dedicação ao ensino” (Rm 12.7b). Paulo reconhece a grande variedade e a natureza prática desses dons, bem como o entrelaçamento dos dotes naturais com os dons espirituais. Este critério pressupõe conhecimento da verdade e de Deus, e a habilidade para comunicar tal verdade. Não é raro encontrarmos crentes que possuem o talento da comunicação, mas doutrinariamente não têm muito para dizer e de igual modo, vemos crentes que possuem sólido conhecimento, mas não conseguem transmiti-lo a ninguém. Em ambos os casos, eles estão desqualificados para esse ofício. Habilidade para ensinar pressupõe conhecimento da Bíblia e do Deus da Bíblia, e a habilidade para comunicar tal conhecimento, aliás, um dos primeiros requisitos para se exercer o santo ministério é justamente a aptidão para o ensino (1Tm 3.2).
3. A Bíblia é a Palavra de Deus. As condições alarmantes de hoje causam a muitos homens e mulheres um sentimento profundo de inquietação. Ao mesmo tempo, muitos deles sentem uma verdadeira fome espiritual. Claramente, “eles sentem, em seu interior, a falta de tempo e espaço para que, por si mesmos, possam se encontrar” (Catherwood). Eles admiram-se da realidade de Deus e da Bíblia. Afinal de contas haverá respostas para nossas perguntas? “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12) (1). A Bíblia é, de fato, a Palavra de Deus. É indispensável para haver avivamento real que o crente dedique-se ao estudo sistemático e busque aplicar e obedecer fielmente as Sagradas Escrituras.

SINOPSE DO TÓPICO (II)
O líder deve saber ensinar a Palavra de Deus e ter a consciência de que ela é inerrante e infalível.

III. O ENTENDIMENTO DA PALAVRA GEROU O AVIVAMENTO
1. O ensino significativo. “E leram o livro, na Lei de Deus, e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse” (Ne 8.8). Enquanto Esdras lia as Escrituras do texto hebraico, os levitas iam traduzindo e explicando o significado em aramaico, a língua falada pelo povo. O “povo estava no seu lugar”, em pé, em sinal de reverência à Palavra de Deus. Essa leitura, interpretação e até o fato de ficar de pé mais tarde se tornaram parte do culto nas sinagogas e, também, em algumas igrejas cristãs hoje(2). O ato de explicar a leitura devia-se a duas coisas: o povo desconhecia a Lei e o a língua na qual esta Lei estava escrita já não era compreendida pela maioria da população. Exemplo maravilhoso para ser copiado e aplicado hoje, quando muitas vezes ministramos nossas aulas utilizando a técnica de palestra, um monólogo em que o preletor procura antecipar as dúvidas dos ouvintes e as esclarece. Muito mais eficaz é o estudo bíblico em que existe a oportunidade para ouvir as perguntas dos que se encontram presentes e explicar pessoalmente o que a Bíblia diz. Assim fez Esdras com a ajuda dos levitas, pois o auditório era muito grande. Cada texto exposto, fez com que todos compreendessem o real significado da Palavra de Deus. Entendendo-a, o povo chorou. Talvez - e aqui eu gostaria de convidar a uma reflexão - um dos motivos do esvaziamento de nossas escolas dominicais seja a forma de ensino utilizada e o despreparo da equipe responsável.
2. “Comei as gorduras, e bebei as doçuras” (Ne 8.10). Esdras e Neemias despediram o povo, ordenando a todos que fossem embora e se alimentassem do melhor que tivessem e que repartissem com os que não tinham nada. Parte importante da festa era repartir, oferecendo aos mais humildes a oportunidade de poder celebrar, pois “mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20.35). A Palavra de Deus ensina-nos a respeito do socorro que se deve prestar aos mais carentes: “Aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas” (Is 1.17). Não podemos ser omissos em relação ao sofrimento alheio (Tg 4.17).
3. “A alegria do Senhor é a nossa força” (Ne 8.10). O povo judeu estava desfrutando de grande alegria. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, a alegria é apresentada como uma marca que consiste no indivíduo e na comunidade. Não simplesmente uma emoção, mas questão de qualidade de vida. Não deve ser uma conseqüência isolada ou ocasional da fé, mas deve fazer parte integrante do relacionamento que o crente tem com Deus. A plenitude da alegria vem quando há um sentimento profundo da presença de Deus. ‘O contexto da passagem de Ne 8.10 foi um dos momentos mais marcantes na história do povo de Israel. Após muitos anos de exílio da Babilônia, o povo pôde voltar à sua terra, reconstruir os muros da cidade de Jerusalém e resgatar as tradições perdidas. Para isso, contou com as lideranças de Esdras e Neemias. Houve uma comoção geral quando o livro da Lei foi encontrado. Num primeiro instante, as pessoas choraram de alegria e depois foram orientadas pelos líderes do povo que fizessem festa, que se alegrassem. O povo entendeu essa orientação e promoveu uma grande festa para celebrar tudo o que estava acontecendo, mas principalmente pelo resgate da presença de Deus, consubstanciado pelo achado do livro da Lei. O mote para que fizessem festa foi de que “A Alegria do Senhor é Vossa Força!” Buscar a alegria e vivenciá-la é a meta de todo ser humano. Não há ninguém, em sã consciência, que não afirme que o maior objetivo de sua vida seja “ser feliz”. Nesta busca cometem-se os maiores absurdos, porque vale tudo para se conseguir a experiência da alegria. Talvez o maior exemplo desse absurdo seja a festa mais popular do Brasil: o carnaval. Todo o frenesi que se dá em torno do carnaval tem como objetivo promover a alegria. Não é segredo para ninguém que tudo acaba em cinzas na quarta-feira. Além dos instrumentos utilizados para promover a festa - que não são os mais aceitáveis -, ainda se tenta produzir a alegria de fora para dentro, do exterior para o interior. A alegria não é causa, é efeito. A festa do carnaval pode produzir muita coisa, mas a verdadeira alegria ela não produz. A verdadeira alegria é um estado de espírito, ou como o apóstolo Paulo chamou, é “fruto do Espírito”. Não é uma questão simplesmente religiosa, mas é o resultado da manifestação da Presença de Deus a partir do íntimo das pessoas, que se propaga coletivamente criando um ambiente de comoção que vai do choro ao riso e vice-versa. A experiência de se vivenciar a Alegria que vem do Senhor resulta, com certeza, em festas e celebrações, que são formas de se mostrar o sentimento que existe. A verdadeira alegria não fica escondida e nem camuflada; ela certamente se evidencia e é a grande força daquele que Teme ao Senhor!’ (3)

SINOPSE DO TÓPICO (III)
O genuíno avivamento ocorre quando a Palavra de Deus é estudada e compreendida pelos seus servos.

(III. Conclusão)
O primeiro resultado mencionado a respeito da leitura da Lei é que ela causou muita tristeza, pois tomaram consciência de que a Lei de Deus havia sido infringida. ‘Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei’ (Ne 8.9). Mas essa tristeza não durou muito tempo: ‘Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados‘ (Mt 5.4). Uma comunidade sem alegria é uma comunidade derrotada. Uma das principais razões da ausência de alegria é a presença do pecado; David, depois de pecar, orou ao Senhor: - “Lava-me completamente do meu pecado… Purifica-me com hissopo… Esconde a Tua face do meu pecado… Cria em mim um coração reto e puro…Torna a dar-me a alegria da Tua salvação“. Há uma necessidade urgente de reavivamento em nossos meio; o genuíno avivamento ocorre quando a Palavra de Deus é estudada e compreendida pelos seus servos. “Não se pode esperar nenhum movimento significativo em direção a Deus enquanto as coisas permanecerem como estão” (4).

“Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.” (1Jo 3.18)
N’Ele, que me garante: “Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8),
Francisco A Barbosa, auxilioaomestre@bol.com.br