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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Lição 10- A Atuação Social da Igreja


Texto Áureo
“Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me” (Mt 25.34-36). – A preocupação social não pode ser biblicamente separada da vida cristã, Jesus iguala a maneira como tratamos os desprezados deste mundo com a forma como tratamos a ele. Tiago vai dizer em sua epístola que a fé salvífica não é simplesmente uma profissão de fé, mas sim, a que produz uma vida obediente: “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.” (Tg 2.14-18). Nossas obras mostram a autenticidade de nossa fé.
Verdade Prática
A Bíblia recomenda que estejamos zelosos também no auxílio aos carentes e necessitados, pois a mensagem do Evangelho contempla o ser humano integralmente.
Leitura Bíblica em Classe
Isaías 58.6-8, 10, 11; Tiago 2.14-17

Objetivos
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Saber que a pobreza é uma realidade sempre presente no mundo;
- Compreender que o socorro aos pobres é uma recomendação bíblica, e
- Conscientizar-se de que a ação social é uma responsabilidade da igreja.

Palavra-chave
AÇÃO SOCIAL

Ações em benefício dos necessitados.
Comentário
(I. Introdução)
Nesta aula temos a missão de orientar nossos alunos quanto à qualidade da fé que professamos. A missão integral da Igreja inclui não o dever, mas a consciência e a preocupação de agir em benefício dos necessitados. Como escreveu Tiago em sua epístola: a fé cria as obras, e as obras aperfeiçoam a fé - “Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada”(Tg 2.22). O reformador João Calvino entendia a riqueza e a pobreza como expressões do favor ou do julgamento de Deus sobre toda a comunidade, que então deveria redistribuir os seus recursos com vistas ao bem-comum. Calvino pergunta: “Por que é então que Deus permite a existência da pobreza aqui embaixo, a não ser porque ele deseja dar-nos ocasião para praticarmos o bem?” Como ensinou Jesus, “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13.35). Jesus certamente conhece os motivos que nos movem a fazer o que fazemos e a ser o que somos. Precisamos ter e desenvolver o temor do Senhor. Só o temor do Senhor nos trará uma consciência limpa e pura diante dele. Assim, desejo incentivá-lo à consciência e à transparência das reais motivações de sua fé. Boa Aula!
(II. Desenvolvimento)
I. POBREZA: UMA REALIDADE SEMPRE PRESENTE
1. Os pobres. Na America latina, a partir dos anos 1970, se desenvolveram duas grandes correntes teológicas que abalaram as tradições teológicas: a Teologia da Libertação (Católica) e a Teologia Evangélica da Missão Integral. Essas duas correntes enfatizam a necessidade da reflexão teológica a partir do compromisso social do povo de Deus. A condição social da America Latina levou os pensadores cristãos a desenvolver estas teologias baseadas na opção preferencial pelos pobres contra a pobreza e pela sua libertação e propõem o engajamento social dos cristãos na construção de uma sociedade mais justa e solidaria. A desigualdade social e a pobreza são problemas sociais que afetam a maioria dos países na atualidade. A pobreza existe em todos os países, pobres ou ricos, mas a desigualdade social é um fenômeno que ocorre principalmente em países não desenvolvidos. Resolver o problema é o desafio dos governos desses lugares. No entanto, não é tão simples quanto parece. O filósofo Karl Marx (1818-1883), interpreta a miséria como um instrumento utilizado pelas classes dominantes. Para ele, a desigualdade é resultado da divisão de classes – entre aqueles que detêm os meios de produção e os trabalhadores, que só têm a força de trabalho para garantir a sobrevivência. O contexto da comunidade cristã em Jerusalém, descrito em Atos 6, é de pobreza e necessidades sociais. O resultado do Pentecostes fez com que a igreja de Jerusalém triplicasse em quantidade, mas em contrapartida, crescia na mesma proporção o número de necessitados. Como consequência do crescimento, surgiram carências oriundas de um contexto social de extrema pobreza e miséria. A Igreja Primitiva passara a ser grande, mas seus líderes não podiam fechar os olhos para os pobres e necessitados. Uma igreja que cresce numericamente pode ver seu rebanho adoecer a uma velocidade desproporcional por pura falta de cuidado com as pessoas. A Igreja de Cristo precisa crescer integralmente e priorizar pessoas![1]
2. O problema da fome. Herdamos um mundo caído, e a pobreza, bem como a doença e a morte, como resultado do primeiro pecado. Antes da queda a terra dava seu fruto livremente, e Adão e Eva entendiam suas responsabilidades sob Deus e percebiam os benefícios da árvore da vida (Gn 2.15, 16). O estado sem pecado de Adão e Eva não significa que eles estavam livres da obrigação de cultivar e guardar o jardim. Antes, a obrigação de lutar pelo seu sustento estava entremeada no mandato e criação. Contudo, desde a queda, a terra passou a negar seu fruto e o homem se tornou irresponsável na execução de sua tarefa de domínio: “maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3.17b-19). Alguns vão ainda mais longe, e assassinam outros para possuir o que não lhes pertence (Gn 4.19. 23, 24)[2]. O livro de Juízes refere-se ao fato de que Israel empobreceu muito (Jz 6.1-6). Os midianitas destruíam as sementeiras, matavam o gado e não deixavam mantimento em Israel. Isso nos mostra que a pobreza era resultado de não haver proteção de Deus. Portanto, a Bíblia nunca lida com a pobreza fora do contexto da queda do homem no pecado. (Todo assunto deve ser considerado em relação à queda da humanidade no pecado. A questão da pobreza não é única nesse respeito.) Isso não quer dizer que, o crente que é pobre esteja em pecado, mas como está inserido num contexto social, sofre as conseqüências do desajuste social, ainda que com um diferencial: há um lugar de descanso, onde ele pode se achegar e descansar, na completa dependência de Deus o homem encontra tudo o que precisa para viver. Sim, o crente considera as circunstâncias da vida sob a ótica de Deus, aprende também a descansar n’Ele. Davi aprendeu isso depois de passar por grandes experiências. Ele disse no Sl 119.165 que “muita paz têm os que amam a tua lei, e para eles não há tropeço”. Quando o crente está em verdadeira sintonia com Deus, passa a enxergar pelos olhos da fé, passa a ver o invisível e usufruir das verdadeiras bênçãos que Ele reservou para os Seus queridos.
3. Precisamos ouvir a voz de Deus. A solução para a pobreza deve ser respondida à luz do que a Bíblia diz sobre a condição caída do homem, e os fatores que criam as condições para a pobreza. Deus determina que o crente cuide dos pobres, para negar isso, deve-se negar toda a Bíblia: “Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um a seu irmão” (Zc 7.9) e “O que oprime ao pobre insulta aquele que o criou, mas a este honra o que se compadece do necessitado” (Pv 14.31). Deus instrui o crente a oferecer socorro aos oprimidos, famintos, presos, cegos, estrangeiros, viúvas e órfãos. Nossa prioridade máxima, no cuidado aos pobres e necessitados, são os irmãos em Cristo (Gl 6.10). Jesus equiparou o cuidado com os irmãos na fé como se fossem a Ele próprio (Mt 25.40,45). A igreja primitiva estabeleceu uma comunidade que se importava com o próximo, que repartia suas posses a fim de suprir as necessidades uns dos outros (At 2.44,45; 4.34-37). A diaconia foi instituída para cuidar dos necessitados (At 6.1-6). Deus quer que os que têm em abundância compartilhem com os que nada têm para que haja igualdade entre o seu povo (2 Co 8.14,15; cf. Ef 4.28; Tt 3.14). Tiago desenvolve sua teologia prática afirmando que a verdadeira religião é atender aos necessitados (Tg 1.27) e também que Deus escolheu os que são pobres, para a salvação (2.5).
Sinopse do Tópico (1)
A pobreza é uma realidade social que decorre da Queda.
II. QUESTÕES SOCIAIS NO ANTIGO TESTAMENTO
1. Os ricos e os pobres em Israel. Quando lemos, o livro do profeta Amós, a descrição das casas de Samaria, de paredes de ébano e marfim para se ter uma idéia da prosperidade do país. Mas também da injustiça social que dela decorria: as escavações efetuadas em Tersa, a primeira capital, mostram um conjunto de casas bem construídas, separadas, por um muro, de uma ilhota de casebres, verdadeira favela, na realidade a situação daquela época era boa para alguns e ruim para outras, o dinheiro estava concentrado nas mãos dos poderosos das autoridades da época, foi por isso que Amós foi levantado por Deus para combater as injustiças que haviam na época. Muitos textos da tradição profética apresenta a temática das relações econômicas onde a perspectiva é a partir das pessoas e grupos sociais mais empobrecidos dentro daquela sociedade:
- “Fostes vós que devorastes a vinha, o que roubastes do pobre está em vossas casas. Com que direito esmagais o meu povo e calcais aos pés o rosto dos pobres?” (Is 3.14-15);
- “Teus chefes são rebeldes, parceiros de ladrões. Todos gostam de suborno e correm atrás de presentes. Não fazem justiça ao órfão e a causa da viúva não chega até eles” (Is 1.23);
- “Ai dos que decretam leis injustas e editam escritos de opressão: para afastar os humildes do julgamento e privar do direito os pobres do meu povo, para fazer das viúvas suas presas e roubar os órfãos” (Is 10.1);
- “Ouvi esta palavra, vacas de Basã, que estais sobre o monte de Samaria, que oprimis os fracos, explorais os pobres e dizeis aos vossos maridos: Trazei-nos o que beber” (Am 4.1);
- “Eles odeiam quem repreende no tribunal e detestam quem fala com sinceridade. Por isso: porque oprimis o indigente e lhe cobrais um imposto de trigo, construístes casas de pedra lavrada, mas não as habitareis; plantastes esplêndidas vinhas, mas não bebereis o seu vinho. Pois conheço vossos inúmeros delitos e vossos enormes pecados” (Am 5.10-12);
- “Ai do que constrói sua casa sem justiça e seus aposentos sem direito; que faz trabalhar seu próximo de graça e não lhe paga o salário” (Jr 22.13);
- “Eles não sabem fazer o que é reto” (Am 3.10).
Durante o período de dominação romana na Palestina do primeiro século, o povo judeu encontrava-se em situação de “povo dominado” ou “escravizado”. A sociedade era dividida em quatro grandes grupos socioeconômicos: os ricos, grandes proprietários, comerciantes ou elementos provenientes do alto clero; os grupos médios, sacerdotes, pequenos e médios proprietários rurais ou comerciantes; os pobres, trabalhadores em geral, seja no campo ou nas cidades; e os miseráveis, mendigos, escravos ou excluídos sociais, como ladrões. Contudo, as diferenças sociais na palestina não se pautavam somente na riqueza ou pobreza do indivíduo, mas em diversos outros critérios, como sexo, função religiosa, conhecimento, pureza étnica, etc. Dois exemplos: uma mulher, ainda que proveniente de uma família rica, estava numa situação social inferior a de um levita; um samaritano, apesar da miscigenação com os israelitas, era considerado impuro e, socialmente, inferior a uma mulher judia.2. A escravidão em Israel. Críticos atribuem culpa à religião judaica e à fé cristã, pelo incentivo à escravidão desde tempos remotos, mas se examinarmos o Antigo Testamento veremos que era proibida a escravidão no meio do povo hebreu (Lv 25.42). Os únicos casos de servidão – radicalmente distinto de qualquer modelo das culturas pagãs – eram de punições de criminosos que deveriam restituir o roubo com serviço, (Ex 22.3); e de pobreza, quando as pessoas buscavam sustento trabalhando para outras, (Lv 25.39;Ex 21.7). É relevante que os hebreus escravos, por motivo de crime ou pobreza, só podiam servir aos seus senhores por seis anos, sendo compulsoriamente libertados. Mesmo no caso dos pobres, a opção de se tornarem servos era deles, a fim de que não morressem de fome. Na verdade, o princípio da escravidão entre hebreus, nada mais era do que ser tratado exatamente como um trabalhador livre, um empregado pago, (Lv 25.39,40; Cf. Mt 24.45s; Lc 19.11s). A Lei permitia aos hebreus comprar escravos vindos do mundo pagão (Lv 25.44), porém nenhum escravo era permitido no meio do povo se não houvesse profissão de fé e circuncisão para com o Deus de Israel. Isto era previsto para que a santidade do povo e a fidelidade a Deus fossem preservadas contra qualquer mistura de religiões do mundo pagão. Mas o escravo não era compulsoriamente circuncidado, pois a circuncisão só poderia ser administrada se a pessoa concordasse com os preceitos da fé de Israel, (Rm 2.25-29); caso contrário, ele era devolvido ao seu povo de origem. O tempo exigido para a liberdade de um escravo de outra origem era de cinqüenta anos. Jó usou o argumento da criação para referendar os direitos dos seus servos, (Jó 31.13-15):
·Os escravos tinham direito a um dia de descanso como qualquer trabalhador comum, (Êx 20.10; 23.12);
·Havia salário para o escravo, (Lv 25.40);
·Havia indenização por vexames provocados contra o escravo, (Ex 21.8,10);
·Os escravos tinham direito de se casarem com filhos ou filhas de seus senhores, tornando-se assim membros da família, (Ex 21.9);
·Se fugissem de seus senhores não poderiam ser devolvidos para os mesmos, (Dt 23.15-16). Isso era providencial porque os escravos fugiam de senhores que lhes maltratavam, e isso fazia com que seus donos perdessem o direito de seus serviços; a lei proibia todo e qualquer maltrato a um escravo.
·Se um escravo concordasse em ser um professo fiel ao Deus de Israel, ele tornava-se um membro da família, com privilégios que a outro membro poderia ser negado, (Lv 22.10-13);
·O ano sabático e o ano do jubileu eram datas de cada senhor dispensar os trabalhos de seus escravos, a menos que tais escravos se recusassem a deixar o serviço, sendo amados pelos seus senhores, se tornariam servos para sempre, (Ex 21.2,5);
·Havia leis que protegiam os escravos a cada possível circunstância degradante por parte dos senhores malvados, estes, para os quais era previsto punição;
Por estes motivos, o mercado escravagista judaico não interessava aos mercadores de escravos, havendo entre eles até mesmo um ditado que dizia “Quem comprar um escravo judeu arranja um senhor para si mesmo” [3].
3. O socorro aos pobres. No Antigo Testamento vemos que existe uma clara opção preferencial de Deus pelos pobres e oprimidos. Isto não significa que Deus faça acepção de pessoas ou de classe social. Mas com certeza Ele olha de maneira especial para aqueles que não têm vez, que não têm voz. A lei de Moisés continha dispositivos que iam além do mero atendimento de necessidades imediatas, criando condições para que houvesse menor desigualdade na sociedade de Israel. São exemplos disso a lei da rebusca (Lv 19.9-10; 23.22; Dt 24.19-21) e o ano do jubileu (Lv 25.8-34). Quando se chega à literatura profética, em especial aos “profetas éticos” do século oitavo a.C. (Isaías, Oséias, Amós e Miquéias), a justiça, a misericórdia e a generosidade no trato com os sofredores se tornam um tema dominante (Is 1.17,23; 3.14-15,18-23; 5.7-8; 58.5-10; Os 10.12; 12.5-7; Am 2.6-7; 4.1; 5.12,24; 8.4-6; Mq 2.1-2; 6.8). A justiça social ordenada por Deus determinava que os ricos não desprezassem os pobres (Dt 15. 7-11), e que o estrangeiro, a viúva e o órfão fossem atendidos em suas necessidades (Ex 22. 22; Dt 10. 18; 14. 29). Ezequiel 16.49 afirma que o pecado de Sodoma, além do orgulho, da vaidade e da imoralidade era que aquela cidade, sendo rica e abastada, nunca atendeu o pobre e o necessitado. O Velho Testamento encerra o objetivo de Deus ao entregar a Lei à Israel: que não houvesse miseráveis e injustiçados no meio do Seu povo.
Sinopse do Tópico (2)
Segundo a Lei de Moisés, os mais ricos deveriam assistir os mais pobres.
III. O NOVO TESTAMENTO E A AÇÃO SOCIAL DA IGREJA
1. Nos Evangelhos. O ministério terreno de Jesus objetivou trazer aos homens liberdade do pecado, de satanás, da lei e da morte. Ao definir seu ministério em Lucas 4.17-21, no qual interpreta sua missão em termos proféticos, asseverou: (a) um ministério de restauração material, pois se afirma enviado a restaurar os contritos de coração…; (b) um ministério de libertação social, desde que anuncia “liberdade aos cativos e abertura de prisão aos presos”; (c) um ministério de redenção espiritual, porquanto veio “apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança de Deus”…; (d) um ministério de consolação moral, uma vez que se propõe a “consolar todos os tristes”[4]. Jesus desenvolveu um ministério libertador deixando transparecer o caráter altruísta de sua Obra. Em Lucas 14.12-14, Jesus ensina o princípio e motivos altruístas ao se realizarem atos de generosidade acrescentando que a recompensa não será devolvida no tempo presente, mas na ressurreição dos justos. Aqui estão incluídos os pobres, enfermos, deficientes físicos, crianças, idosos, desamparados, desabrigados, encarcerados, bem como os incapazes de retribuir quaisquer favores recebidos (Lc 14. 13,14).
2. Na Igreja Primitiva. Quando Cristo veio ao mundo, a Palestina passava por graves problemas sócio-econômicos, de sorte que muitos o buscavam apenas para saciar a fome (Jo 6.26). É justamente nesse contexto que devemos estudar a ação social da igreja primitiva. Ler At 2. 43-46; 6. 1; Rm 15. 25-27; I Co 16. 1-4; II Co 8; 9; GI 2. 9; Fp 4. 18,19, etc. Conforme o relato de Atos, a comunidade cristã em Jerusalém vivia em comunhão exemplar. “Ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns”. Uma prática comum daquela igreja era a partilha de bens para atender aos necessitados (At 2.44,45; 4.34,35). Essa partilha era totalmente voluntária, e não compulsória. O que acontecia certamente era que os cristãos que possuíam uma melhor situação econômica vendiam suas casas e terras para atender aos irmãos mais necessitados. Uma observação a ser feita aqui é que a prática dos cristãos do segundo século, ainda que seja louvável, não é normativa para nós hoje. “E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister.” (Atos 2:44-45) Esta passagem nos perturba. Preferimos saltá-la para evitar o desafio que ela encerra. Devemos imitar literalmente estes crentes? Quis Jesus que todos seus seguidores vendessem suas possessões e repartissem o que obtivessem delas? Sem dúvida, o Senhor chamou a alguns de seus discípulos a uma pobreza voluntária total. Esse é o chamamento que fez ao jovem rico, por exemplo. A ele, Jesus disse expressamente que vendesse tudo e o desse aos pobres. Este foi também o chamado do frade Francisco de Assis, na idade média, e mais recentemente, o chamado de Madre Tereza, em Calcutá, ambos católicos romanos. Eles nos recordam que a vida não consiste na abundância dos bens que possuímos. Mas não todos os discípulos de Cristo são chamados a isso. A proibição da propriedade privada é uma doutrina marxista, não cristã. Mesmo na igreja em Jerusalém, a decisão de vender as propriedades e dar tudo foi uma questão voluntária. Quando passamos para o versículo 46, lemos que os crentes se reuniam “em suas casas”. Quer dizer, continuavam tendo casa e propriedades pessoais. Pelo visto, não haviam vendido todas as casas, seus móveis e suas propriedades! Contudo alguns tinham casas, e os crentes se reuniam nelas. Não obstante, não devemos evadir do desafio destes versículos. Alguns suspiram com alívio porque não sugeri que devemos vender tudo e repartir-lo. Mas, mesmo que não seja nosso chamado particular, todos fomos chamados a nos amarmos mutuamente como faziam aqueles cristãos [5].
3. Na Igreja Atual. O ponto decisivo para o mundo evangélico, foi sem dúvida alguma, o Congresso Internacional sobre a Evangelização Mundial realizado em julho de 1974, em Lausanne, na Suíça, cerca de 2.700 participantes vindos de mais de 150 nações, reuniram-se sob o lema “Que o Mundo Ouça Sua Voz”, endossando no encerramento do Congresso o Pacto de Lausanne. Após três sessões introdutórias sobre o propósito de Deus, a autoridade da Bíblia e a singularidade de Cristo, seguiu-se a quarta palestra, intitulada “A natureza da Evangelização” e, em seguida “A responsabilidade Social Cristã”. Esta última declara que “a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte de nosso dever cristão”[6]. A partir da conferência de Lausanne, na Suiça, em 1974, o mundo evangélico é levado a refletir sobre sua tarefa missionária e sobre a cooperação no cumprimento da missão. Com o lema “toda a Igreja levando todo o Evangelho a todo o Homem em todo o Mundo”, a conferência alcançou bem mais do que os participantes, criando um movimento mundial com benefícios incalculáveis para as missões. Conferências regionais foram realizadas e, em 1989, Lausanne II em Manilla, Filipinas. O movimento Lausanne quer:
a. dar uma orientação teológica, baseada na Bíblia, acerca da motivação missionária e seu conteúdo;
b. estimular os cristãos a uma responsabilidade maior pela evangelização que já vem ocorrendo nas diferentes denominações e movimentos;
c. inspirar os cristãos, individualmente, a um serviço intensivo de intercessão e de ofertar bem mais para missões;
d. conscientizar os cristãos de que evangelização e ação social devem acompanhar um ao outro; e
e. possibilitar contatos ecumênicos entre a cristandade evangélica para melhor planejamento e cooperação.
Sinopse do Tópico (3)
Os servos de Deus têm o compromisso de socorrer os pobres e necessitados.
(III. Conclusão)
O ministério de Jesus caracterizava-se pela compaixão amorosa a todos os sofredores e indigentes desse mundo (Mt 25.31-46; Lc 10.25-37). Idêntica solicitude é demonstrada tanto nos escritos proféticos do Antigo Testamento (Is 1.15-17; Mq 6.8) quanto nas epístolas neotestamentárias (Tg 1.27; 1Jo 3.17,18). Expressar o amor de Cristo de modo tangível pode ser um meio vital de a Igreja cumprir a missão que lhe foi confiada por Deus. Assim como em todos os aspectos da missão (ou propósito) da Igreja, é essencial que nossos motivos e métodos visem fazer tudo para a glória de Deus.
“Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.” (1Jo 3.18)
N’Ele, que me garante que: “… o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20.28),


Francisco A Barbosa
auxilioaomestre@bol.com.br

Notas Bibliográficas
[1]. 1º Trimestre de 2011; Título: Atos dos Apóstolos — Até aos confins da Terra; Comentarista: Claudionor Corrêa de Andrade. Lição 7: Assistência Social, um importante negócio; 13 de Fevereiro de 2011; Interação;
[2]. As Causas da Pobreza, Gary DeMar, Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto, disponivel em: http://www.monergismo.com/textos/politica/as-causas-pobreza_demar.pdf;
[3]. Teologia Hoje, A ESCRAVIDÃO, A LEI DE DEUS, E O VERDADEIRO CRISTIANISMO, por Rev. Moisés C. Bezerril, disponível em http://teologiaselecionada.blogspot.com/2008/03/escravido-lei-de-deus-e-o-verdadeiro.html;
[4]. Lessa, Hélcio da Silva. Ação Social cristã. pg. 25;
[5]. Adaptado de STOTT, John. SINAIS DE UMA IGREJA VIVA;
[6]. Stott, John R. W.Comen
ta o pacto de Lausanne. pg. 27.;

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Lição 9 - PRESERVANDO A IDENTIDADE DA IGREJA


Leitura bíblica: 2 Coríntios 11.3; Atos 20.25-32


Introdução


A lição 9, de 28/8/2011, estimula-nos a perseverarmos naquilo que temos aprendido, mantendo a simplicidade do Evangelho (1 Co 15.1,2; Gl 1.6-8; 2 Co 11.4; Hb 3.14). Daí o comentador ter asseverado, na Verdade Prática: “Só existe um meio de a Igreja de Cristo preservar a sua identidade como a agência por excelência do Reino de Deus: obedecer amorosa e incondicionalmente à Bíblia Sagrada” (Lições Bíblicas do Mestre, CPAD, p.63).


I. O que é a identidade da Igreja


1. O termo “identidade” diz respeito ao “conjunto de características próprias de uma pessoa ou um grupo que possibilitam a sua identificação ou reconhecimento” (idem, p.65).


2. A identidade da Igreja é tríplice:

a) Identidade teológica. A Igreja é diferente das religiões e seitas e do mundo por causa das doutrinas bíblicas que observa, as quais são inegociáveis.
b) Identidade eclesiástica. Diz respeito a ministérios principais e auxiliares, títulos eclesiásticos, administração eclesiástica, liturgia, etc.
c) Identidade consuetudinária. Engloba usos, costumes, práticas, etc.

II. Por que a Igreja deve preservar sua identidade


1. A Igreja é o “sal da terra” (Mt 5.13), o qual é conservador, preservador (1 Tm 6.20; 2 Tm 1.13,14; Ap 2.25). Mas ser conservador, do ponto de vista bíblico, não significa ser extremista, exagerado, fanático ou desequilibrado (Ec 7.16,17; Pv 4.26,27; 2 Tm 1.13,14; 1 Tm 6.20; Ap 2.25; 3.11).


2. Ser conservador não é fazer dos usos e costumes acausa do Evangelho, visto que eles são o seu efeito. Deve-se levar em conta que a verdadeira santificação ocorre a partir do espírito — de dentro para fora (1 Ts 5.23; Mt 23.25,26; Hb 4.12). Preservar a identidade também não é ser legalista ou agir como os fariseus. Estes eram formalistas, regionalistas, ritualistas, nominalistas e endeusavam as obras (Mt 16.6; Mc 8.15; At 11.26; At 15.5,10; Mt 23).


3. Ser conservador é priorizar a sã doutrina (Tt 2.1; 1 Tm 4.16), manter os bons costumes (2 Ts 2.15; 3.6; 1 Co 15.33; Sl 11.3; Ml 1.8; Tg 2.12; Jz 17.6; 21.25) e opor-se à secularização (Rm 12.1,2; Lc 17.26-30; Tg 4.4; 1 Jo 5.19; Is 5.20).


III. O que significa preservar a identidade


1. No sentido geral, como “organismo místico composto por todos os que, pela fé, aceitaram o sacrifício vicário de Cristo” (idem, p.65), a Igreja deve preservar a sã doutrina. No sentido específico, como igreja local, deve preservar a sua história, a sua tradição, etc.


2. “A Igreja, como instituição divina, tem o seu manual de regra e conduta: a Bíblia Sagrada — a Palavra de Deus” (idem). Segue-se que a Igreja deve respeitar o primado da Palavra de Deus, a nossa fonte de autoridade primária, precípua, primacial (1 Pe 1.24,25; 1 Co 4.6). Primado é a condição do que está em primeiro lugar, que tem prioridade, primazia, excelência, preeminência (Gl 1.8; Sl 138.2, ARA; 119.105; Jo 7.17).


3. Fontes secundárias de autoridade:

a) Razão. Não tem o primado porque a fé no que dizem as Escrituras precede a razão (1 Co 2.14,15; Mt 11.25; Sl 25.14). Em boa parte do protestantismo, o racionalismo tem ocupado o centro do palco. Liberalismo e modernismo são termos cunhados para descrever a equivocada insistência no primado da razão.
b) Tradições. A posição oficial e histórica do romanismo, por exemplo, tem sido a de fazer a tradição papal o supremo tribunal de recursos, o que é um erro.
c) Teologia. Esta apresenta o que os teólogos falíveis dizem da inerrante e infalível Palavra de Deus.
d) História da Igreja. Não é a Igreja que determina o que a Bíblia ensina, e sim o inverso.
e) Experiências. O pentecostal que se preza valoriza as experiências e os milagres, mas não os prioriza (2 Co 12.1-4 com 1 Co 15.1-4; Jo 10.41; 1 Co 12.28; Dt 13.1-4; Ap 2.20-22).

4. A lição em apreço contempla também a defesa da fé: “Cada crente deve preservar a doutrina de Cristo, lutando contra as várias distorções e heresias que surgem a cada dia (2 Jo vv.9,10; 1 Tm 6.3-5). A doutrina bíblica não pode ser modificada, substituída ou anulada por supostas revelações, visões e profecias (At 20.27-30; 1 Tm 6.20)” (idem, p.66).

a) A Palavra de Deus alerta quanto a espíritos enganadores (1 Tm 4.1): falsos deuses (Jo 17.3; Sl 95.3; 2 Co 4.4); outro Jesus e outro espírito (2 Co 11.4; At 5.32; Jo 14.17); anjos caídos e demônios (Ap 12.3,4,9; Gl 1.8; Ef 6.12).
b) A Palavra de Deus alerta quanto aos falsificadores da Palavra de Deus (2 Co 2.17): falsos cristos ou anticristos(Mt 24.24a; Mc 13.22a.; 1 Jo 2.18,19; 2 Jo v.7); falsos cientistas (1 Tm 6.20,21; 2 Co 4.4; Sl 10.4); pregadores e mestres falsos (2 Tm 4.1-5; 2 Pe 2.1,2; 3.16); pastores e apóstolos enganadores (2 Co 11.5,13; Ez 34.1-10);falsos adoradores (Mt 15.7-9; Jo 4.23,24); falsos irmãos(2 Co 11.15,24-28; Gl 2.3,4; Tg 1.26; Rm 16.17,18);falsos profetas (Mt 7.15; 24.11,24; Mc 13.22; At 13.6; 2 Pe 2.1; 1 Jo 4.1); milagreiros e ilusionistas (Mt 24.24b; Mc 13.22b; 2 Co 11.13-15).

5. Não devemos desprezar as pregações, os ensinamentos, as profecias, bem como os sinais e prodígios (At 17.11a; 2.13; 1 Co 14.39; 1 Ts 5.19,20). Entretanto, cabe a nós julgá-los (Jo 7.24; At 17.11b; 1 Ts 5.21, ARA; 1 Co 10.15; 14.29; 1 Jo 4.1; Hb 13.9).


6. Os critérios bíblicos para um julgamento segundo a reta justiça:

a) Teste pela Palavra de Deus (At 17.11; Hb 5.12-14).
b) Sintonia do Corpo com a Cabeça (Ef 4.14,15; 1 Co 2.16; 1 Jo 2.20,27; Nm 9.15-22).
c) Dom de discernir os espíritos (1 Co 12.10,11; At 13.6-11; 16.1-18).
d) Bom senso (1 Co 14.33; At 9.10,11).
e) Cumprimento da predição, no caso da profecia (Ez 33.33; Dt 18.21,22; Jr 28.9), se bem que apenas isso não é suficiente para autenticá-la (Dt 13.1,2; Jo 14.23a).
f) Vida do pregador, profeta ou milagreiro (2 Tm 2.20,21; Gl 5.22).

Ciro Sanches Zibordi

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

LIÇÕES BÍBLICAS-CPAD- 4° TRIMESTRE DE 2011


LIÇÕES BÍBLICAS PARA A ESCOLA DOMINICAL
4º. Trimestre DE 2011
TEMA CENTRAL: NEEMIAS – Integridade e coragem em tempos de crise

Sumário

Lição 01 – Quando a crise mostra sua face

Lição 02 – Liderança em tempos de crise

Lição 03 – Aprendendo com as portas de Jerusalém

Lição 04 – Como enfrentar a oposição à obra de Deus

Lição 05 – A conspiração dos inimigos contra Neemias

Lição 06 – Neemias lidera um genuíno avivamento

Lição 07 – Arrependimento, a base para o conserto

Lição 08 – O compromisso com a palavra de Deus

Lição 09 – A organização do serviço religioso

Lição 10 – O Exercício ministerial na casa do Senhor

Lição 11 – O Dia de adoração e serviço a Deus

Lição 12 – As conseqüências do jugo desigual

Lição 13 – A integridade de um líder

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

LIÇÃO 8 - IGREJA – AGENTE TRANSFORMADOR DA SOCIEDADE


Texto Básico: Marcos 2:13-17; Atos 2:37-41
E Jesus, tendo ouvido isso, disse-lhes: os sãos não necessitam de médico, mas sim os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores”(Mc 2:17)

INTRODUÇÃO Dada a importância da igreja no propósito de Deus, ela é chamada para ser o principal agente do reino de Deus no mundo. Para que isso aconteça, a igreja e seus membros precisam manifestar os sinais do reino, ser instrumentos do reino na vida das pessoas, da sociedade, do mundo. Sempre que a igreja busca em primeiro lugar a glória de Deus, fazer a vontade de Deus, viver uma vida de humildade, amor, abnegação, altruísmo, solidariedade, santidade, etc., ela se torna agente transformador da sociedade e instrumento inabalável do reino de Deus.
I. A IGREJA E A SOCIEDADE
1. O que é uma sociedade.
 “O significado geral de sociedade refere-se simplesmente a um grupo de pessoas vivendo juntas numa comunidade organizada. A origem da palavra sociedade vem do latim societas, uma "associação amistosa com outros". Societas é derivado de socius, que significa "companheiro", e assim o significado de sociedade é intimamente relacionado àquilo que é social. Está implícito no significado de sociedade que seus membros compartilham interesse ou preocupação mútuas sobre um objetivo comum. Como tal, sociedade é muitas vezes usado como sinônimo para o coletivo de cidadãos de um país governados por instituições nacionais que lidam com o bem-estar cívico”(Wikipédia)
Ao decidir que o homem não poderia viver só, Deus criou a família(Gn 1:28), formando uma mulher, tirada do homem, para que, por meio da família, pudesse se constituir a sociedade. A família é a “célula-mater” da sociedade, ou seja, é a única origem possível para uma sociedade, é o grupo fundamental da sociedade e, como tal, deve ser tratada. Sem a família a sociedade desaparece.
A Bíblia ensina que não há como sustentar-se ou manter-se uma sociedade sem que se fortaleça a família, sem que a família tenha a devida proteção e seja honrada pelos demais grupos e estruturas sociais. A destruição da família implica na destruição da sociedade e o que vemos, na atualidade, é exatamente este processo de destruição. O inimigo de nossas almas tem atacado particularmente a família, pois sabe que, destruída a família, a um só tempo ele destrói a sociedade e cada integrante da família. A defesa da família e seu fortalecimento, portanto, é atitude que deve nortear todas as ações de cada crente em particular e da Igreja na vida em sociedade.
2. Jesus e a sociedade. Desde a infância, Jesus sabia como agir e interagir numa sociedade organizada (Lc 2:52). Ele era amorosamente amistoso (Lc 2:39-51). Ao contrário dos escribas e fariseus, Jesus não se importava de estar na companhia de publicanos e pecadores (Mc 2:15,16). Para comprovar nossa afirmativa, dentre dezenas, vamos citar quatro exemplos.
a) Jesus presente em Festas - “E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali a mãe de Jesus. E foram convidados Jesus e seus discípulos para as bodas“(João 2:1-2). Ele não alegou que não podia aceitar o Convite. Pelo contrário, tendo sido convidado, ele foi. Não era uma festa só para as famílias dos noivos, não! Pelo contrário, eram muitos os presentes, tanto que a provisão de vinho não foi suficiente. Mas, não era somente numa festa de Casamento que ele podia ir. Ele comparecia, também, nas festas de caráter nacional, realizadas em Jerusalém, a Capital de Israel: “E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, que venha a mim e beba... Então, muitos da multidão, ouvindo essa palavra, diziam: verdadeiramente, este é o Profeta”(João 7:37-40). Ele não vivia escondido do povo, mas, estava no meio dele.
b) Jesus aceitou um convite para jantar, ou cear. O convite foi feito por um fariseu. O Senhor Jesus não teve qualquer dificuldade em aceitar. Ele não fazia acepção de pessoas – “E rogou-lhe um fariseu que comesse com ele; e entrando em casa do fariseu, assentou-se à mesa”. Ele não apenas foi à casa do fariseu como também operou ali um milagre, salvando uma mulher pecadora durante o jantar"(Lc 7:36-38).
c) Jesus comia com publicanos e pecadores. Nenhum Judeu faria isto. Jesus, no entanto, não se preocupava sobre o que iriam falar a seu respeito se o vissem no meio daquela gente de baixa reputação. E, realmente, falaram: “aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores, e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: não necessitam de médico os sãos, mas sim os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento” (Mt 9:10-13).
c) Jesus andava sem qualquer receio, no meio da multidão. Jesus não pregava em cabines de vidros à prova de balas, não entrava e saía pelas portas dos fundos, não vivia cercado por seguranças. O cheiro do povo não o incomodava – “... E, indo ele, apertava-o a multidão. E uma mulher que tinha um fluxo de sangue, havia doze anos, e gastara com remédios todos os seus haveres, e por nenhum pudera ser curada. Chegando por detrás dele, tocou na orla do seu vestido, e logo estancou o fluxo do seu sangue. E disse Jesus: Quem é que me tocou? E, negando todos, disse Pedro e os que estavam com ele: Mestre, a multidão te aperta e te oprime, e dizes: quem é que me tocou?”(Lc 8:42-45).
Enganam-se aqueles que pensam que para poder servir a Deus, para ser santo, é necessário viver recluso num Mosteiro, ou num Convento. Certamente que quem pensa desta maneira não conhece a oração sacerdotal de Jesus, quando pediu ao Pai pelos seus discípulos, entre os quais nós, hoje, nos incluímos, dizendo: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal”(João 17:15).
É entre os homens de todas as camadas sociais sem qualquer distinção, que ele quer que seus discípulos estejam, porquanto os considerou como sal e como luz – “Vos sois o sal da terra...vós sois a luz do mundo”(Mt 5:13-15). Sal guardado à sete chaves e luz acesa no deserto, não faz sentido. Jesus não foi anti-social, não fugiu dos homens, não viveu recluso.
Se somos cristãos precisamos viver como Jesus viveu e fazer como ele fez. Ele quer que sejamos uma benção onde quer que estejamos, um instrumento de libertação de vidas, um agente transformador da sociedade em que vivemos. Para isto precisamos conhecer o segredo de Jesus. Jesus tinha um segredo: ele agia, pensava e sentia de forma diferente da dos homens de seu tempo, mas, vivia entre eles como se fosse igual. Sigamos o exemplo do nosso Mestre!
3. A Igreja na sociedade. Por estar no mundo e por se apresentar em grupos sociais, as chamadas “igrejas locais”, a Igreja acaba tendo de ter um papel importantíssimo perante a sociedade. Deus não nos tirou do mundo nem Jesus quis que isto se fizesse (João 17:15) e, diante desta realidade, assim como fez nosso Senhor, devemos, também, ter uma atuação social digna de nota, que sirva de testemunho de nossa comunhão com Deus.
Uma comunidade cristã que não interage com as pessoas à sua volta não completará a Grande Comissão, pois precisa justamente da interação para fazer Deus conhecido. Quando utilizamos essa expressão, não estamos dando a entender que a igreja precisa envolver-se com as práticas do mundo, ou associar-se a ele em seus pensamentos e ações. Não foi esse o projeto de Deus. Se uma igreja se associa com o mundo, acaba se parecendo com ele, perdendo sua característica de agente transformador comissionado pelo Senhor. Quando se fala em a Igreja interagir, isso implica viver e agir com o outro sem perder suas particularidades. Uma igreja pode envolver-se em ações sociais sem comprometer sua vocação e mensagem. Dependendo da sua estrutura, pode prestar assistência social - primeiramente aos domésticos da fé, como ordena a Palavra de Deus - a todos que precisarem, e oferecer-lhes o pão do céu, sempre mostrando que o alimento material é insuficiente sem o espiritual.
II. A IGREJA E A PROTEÇÃO SOCIAL
1. Através da oração.
 Um recurso eficaz e poderoso para abençoar e proteger a sociedade é a intercessão do povo de Deus. O apóstolo Paulo adverte-nos da seguinte forma: “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam... orações... por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade”(1Tm 2:2). Aqui há uma menção especial aos reis e todos os que se acham investidos de autoridade. Eles devem ocupar lugar especial em nossas orações. Em outra passagem, Paulo nos lembra de que as autoridades foram instituídas por Deus(Rm 13:1) e que elas são os ministros de Deus para o nosso bem(Rm 13:4). Esse versículo ganha tom especial quando lembramos que foi escrito na época de Nero. As terríveis perseguições infligidas aos cristãos sob o comando do perverso imperador não abalaram a convicção dos cristãos de que deveriam orar por seus líderes governamentais. O Novo Testamento ensina que o cristão deve ser leal ao governo sob o qual vive, exceto quando o governo ordena que desobedeça a Deus. Nesse caso, a primeira responsabilidade é para com Deus. O cristão não deve se envolver em revoluções ou violência contra o governo. Deve simplesmente se recusar a obedecer a qualquer ordem contrária à Palavra de Deus.
Portanto, orar por todos os homens, incluindo reis e autoridades, é bom por si só e aceitável diante de Deus, nosso Salvador (1Tm 2:3). A omissão presente na Igreja na atualidade com relação à intercessão pela Pátria, seja em rogos, seja em orações, seja em jejuns, seja em ações e gestos de colaboração com o governo e demais segmentos sociais pelo bem-estar da coletividade, é mais uma demonstração da falta de amor que há no seio dos que cristãos se dizem ser.
Muitos têm preferido, na atualidade, fazer “declarações”, “determinações” de que tal cidade é do Senhor Jesus, tal bairro é do Senhor Jesus, inclusive se “especializando” em “batalhas espirituais” contra “demônios territoriais”, como se isto fosse suficiente para transformar uma vila, uma cidade ou um país. Não é através de “palavras mágicas” ou “práticas ocultistas” que se conseguirá demonstrar amor pela Pátria, que se intercederá pela Pátria.
2. Por intermédio dos conselhos divinos. Antes da instauração da monarquia em Israel, os profetas eram os únicos canais humanos e legítimos de comunicação entre Deus e o povo. Alguns deles foram conselheiros de reis, vivendo na corte como Daniel e Isaías, cooperando com eles nos assuntos espirituais e políticos. Outros, como Jeremias, tiveram de enfrentar reis e autoridades incrédulas, buscando o bem-estar do povo.
Os profetas falavam em nome de Jeová, Deus de Israel, e suas profecias vinham diretas do Espírito Santo, que dava a eles o discernimento para interpretar os acontecimentos passados, os acontecimentos contemporâneos e os futuros. Além do mais, os profetas de Israel eram profundos conhecedores de seu povo e do sistema político, social e religioso de sua nação. Eles conheciam assuntos da casa real, das políticas interna e externa. Esses mensageiros do Senhor exerciam uma função social de grande importância: denunciavam as injustiças sociais e os pecados do povo, dos governantes e até dos sacerdotes(Jr 2:1 2,1 3,19; 25.3-7; Ml 1:1-2.17). Encontramos Isaias dando orientação sobre política internacional a Acaz(Is 7:3-7). O mesmo aparece comJeremias(Jr 37:5-9). Daniel ocupou alto cargo na política da Babilônia (Dn 6:2-3). Oséiasreprovou a aliança insensata do Reino do Norte com o Egito (Os 7:11) e denunciou os abusos e a luxúria nas festas da coroação dos reis(Os 7:5).
Clamemos a Deus para que levante homens autênticos para que falem ousadamente a sua Palavra. Sim, homens irrepreensíveis, a fim de aconselharem e confrontarem os pecados da nação (Mc 6:17,18).
3. Por meio dos valores cristãos. Nestes últimos dias, há um verdadeiro ataque aos princípios da “moral cristã”, ainda persistentes, sobretudo, no tratamento jurídico da família. Dissemina-se a prática do divórcio, ataca-se violentamente a instituição do casamento, com a legalização e aumento crescente das uniões sem casamento entre as pessoas, sem se falar na chamada “liberação sexual”, que deu guarida e conivência com todo o tipo de prática sexual condenada pelas Escrituras Sagradas, com especial enfoque no homossexualismo. E por falar em homossexualismo, antes era um assunto que gerava polemica e rejeição. Todavia, a TV e o meio artístico, como formadores de opinião tanto para o bem quanto para o mal, colocaram homossexuais em programas e novelas, que são vistos por milhões de pessoas, difundindo a idéia de que ser homossexual é perfeitamente normal, e não uma inversão de valores. Dessa forma, com o afrouxamento moral e das convicções antes tidas por certas, alarga-se a permissividade social e moral.
Esta permissividade no campo da família atingiu a sociedade como um todo, até porque a formação das gerações futuras ficou completamente comprometida, ante a instabilidade surgida com a multiplicidade de casamentos, com as uniões informais e com o aumento da promiscuidade sexual, que levou, inclusive, à legalização da prática do aborto.
A permissividade social é tanta que algumas igrejas ditas evangélicas estão sendo influenciadas pelo curso deste mundo(Ef 2:2). Entretanto, a Igreja não deve se omitir diante de erros que venham de encontro à Lei moral de Deus. A Igreja existe para anunciar o Evangelho, para proclamar a verdade e, como tal, não pode, em absoluto, se omitir quando medidas, atos e decisões forem tomadas em desacordo com a sã doutrina, que venham desestimular os valores cristãos.
Cada vez mais são intensas as investidas dos inimigos do Evangelho em nosso país. Como exemplos, citamos a apresentação de projetos para criminalizar a “homofobia”, para deformar o conceito de família. Vimos, recentemente, o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal da união homossexual no Brasil, atropelando com nitidez o artigo 226 da Constituição Federal. A todas essas medidas diabólicas, dentre muitas que estão tramitando no congresso, quando muito, é apresentada uma tardia manifestação dos órgãos de cúpula das igrejas evangélicas, sem que haja uma mobilização permanente e preventiva em defesa da sã doutrina.
Não é comportamento de um cristão genuíno e verdadeiro o confronto, o uso da violência, o desrespeito e a irreverência, que tanto têm caracterizado o chamado “ativismo político”. Entretanto, dentro da lei e da ordem, dentro dos direitos fundamentais da pessoa humana, pode e deve o cristão apresentar suas reivindicações, proclamar o Evangelho e exigir que os governantes observem a Palavra de Deus. Como João Batista, não podemos nos calar ao vermos as “ilicitudes” dos governantes, chamando-os, de modo pacífico, ordeiro, mas firme e com autoridade do Espírito Santo, à verdade, mesmo que isto custe a nossa cabeça (Mc 6:18). Exemplo de reivindicação bem sucedida e que se pautou pelos parâmetros cristãos temos na luta pela concessão de direitos civis aos negros norte-americanos pelo pastor batista Martin Luther King (1929-1968).
Quais pastores têm se levantado contra as ilicitudes dos governantes, de forma clara e contundente? Não tenho visto nenhum, exceto o pr. Malafaia, que tem sido o homem que mais tem combatido os projetos políticos nefastos que tendem denegrir os valores morais cristãos, os padrões morais da Igreja do Senhor e da família, dentre outras cousas. Carecemos desesperadamente de homens destemidos, que não olhem para o seu umbigo, que venham a defender, através dos meios de comunicação, os valores cristãos e os princípios estabelecidos por Deus nas Escrituras Sagradas.
III. A IGREJA E A ASSISTÊNCIA À SOCIEDADE
1. A evangelização.
 “[...] Precisamos deixar os nossos guetos eclesiásticos e penetrar na sociedade não-cristã. Na missão de serviço sacrificial da igreja a evangelização é primordial. A evangelização mundial requer que a igreja inteira leve o evangelho integral ao mundo todo. A igreja ocupa o ponto central do propósito divino para com o mundo, e é o agente que ele promoveu para difundir o evangelho”(PACTO DE LAUSAME – CAP.6).
A ordem do Senhor é para que se pregue a toda criatura, mesmo aquela que, pela sua conduta, pela sua forma de proceder, seja a pior pessoa que exista sobre a face da Terra. Não cabe à Igreja julgar os homens e dizer a quem deve, ou não, ser pregada a Palavra. O Senhor foi enfático em dizer que toda criatura deve ouvir a mensagem do Evangelho, seja esta pessoa quem for. É interessante observarmos que, nos dias do profeta Jonas, o Senhor mandou que fosse feita a pregação a todos os ninivitas, sem exceção alguma, ainda que eles fossem os homens mais cruéis que existiam no mundo naquele tempo. Mesmo sendo o que eram, foram alcançados pela misericórdia divina. Observe o exemplo de Jesus, Ele ia ao encontro dos publicanos e das meretrizes, considerados a escória da sociedade de seu tempo, e nós, o que estamos a fazer?
2. A ação social. Somos cônscios que a evangelização é a missão máxima da igreja. Ela deve pregar o Evangelho em tempo e fora de tempo(2Tm 4:2), em quaisquer circunstancias, a todos os povos e etnias, anunciar que Jesus veio salvar o homem, perdoar os nossos pecados e restabelecer a comunhão entre Deus e a humanidade. Todavia, a missão integral da igreja, também, envolve o aspecto social, no qual a Igreja deve ser paradigma para todos os segmentos religiosos.
A Igreja deve estar ciente de que a evangelização e a ação social não são mutuamente exclusivas. Não somente deve manter interesse pela assistência social, mas, também, deve partilhar o seu interesse pela justiça e pela conciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão.
A igreja que não está preocupada com os problemas das pessoas e procura somente o bem espiritual de seus membros, negligenciando a necessidade daqueles que estão à sua volta, não tem manifestado o Reino de Deus; não tem sido sal para a Terra, nem luz para o mundo.
3. Restaurando a sociedade. Ao longo da história humana Deus implementou diversas maneiras de tratar com o ser humano sempre no afã de restaurar a sua identidade perdida. Neste período da Graça de Deus está sendo apresentada ao ser humano a mensagem do Evangelho. A mensagem de que “o tempo está cumprido e que o reino de Deus chegou”, ou seja, que Jesus salva o homem e o liberta do pecado, pondo-o, novamente, em comunhão com Deus, restaurando-lhe, assim, a dignidade originalmente concedida na criação, bem como lhe assegurando a vida eterna.
Ao aceitar a mensagem do Evangelho o ser humano passa a se comportar de maneira condizente com a vontade de Deus; passa refletir a respeito dos princípios e valores, que se encontram na Palavra de Deus, em todos os níveis de nossas relações: na família, na igreja, na escola, no trabalho e nas amizades. Isto equivale dizer que o Evangelho de Cristo não visa apenas salvar o homem do pecado e do inferno, mas também levá-lo a agir como instrumento transformador da sociedade na qual acha-se inserido.
CONCLUSÃO Para que a igreja seja uma verdadeira agente do reino, primeiramente ela precisa refletir sobre a sua relação com Deus, fazer disso a sua prioridade máxima, identificar-se com os seus propósitos, associar-se a ele em sua obra de restauração da criação. A igreja precisa ser teocêntrica, a começar do seu culto. Quando o culto e a vida da igreja são voltados em primeiro lugar para a satisfação de necessidades humanas, e não para a glória e o louvor de Deus, a igreja deixa de ser teocêntrica, e em assim fazendo, não pode ser agente do reino de Deus no mundo.
Além disso, a Igreja jamais deve ignorar a missão que lhe foi dada por Deus. Se isso acontecer, a Igreja negará a sua razão de ser e está sujeita ao juízo de Deus, como aconteceu com Israel. A missão primordial da igreja no que diz respeito ao mundo é a proclamação do “evangelho do reino”, assim como fizeram Jesus e os seus discípulos. Corretamente entendido, esse evangelho inclui muitas coisas importantes. Em primeiro lugar, esse evangelho é um convite a indivíduos, famílias e comunidades para se reconciliarem com Deus mediante o arrependimento e a fé em Cristo. Todavia, o evangelho são as boas novas de Deus para todos os aspectos da vida, pessoal e coletiva. Assim sendo, a legítima proclamação do evangelho não vai se limitar ao aspecto religioso e à dimensão individual (experiência de conversão pessoal), mas vai mostrar o senhorio de Cristo sobre todos os aspectos da existência. Além disso, essa proclamação não ficará restrita ao aspecto verbal, mas incluirá ações concretas que expressem amor de Deus pelas pessoas (Tg 2:14-17; 1João 3:16-18). Aí podem ser incluídas muitas iniciativas, que vão desde o socorro a necessidades imediatas até a luta por mudanças estruturais que irão produzir maior justiça na sociedade. Exemplos: auxílio financeiro a pessoas e instituições, trabalho voluntário, mobilização para a criação de leis justas, luta pela ética na vida pública, participação em projetos comuns com outras igrejas e instituições, etc. Portanto, influenciemos e transformemos a sociedade, para que o nome de Cristo seja glorificado entre os homens. Amém!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas: William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Revista Ensinador Cristão – nº 47.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS. 

domingo, 7 de agosto de 2011

LIÇÃO 7-A BELEZA DO SERVIÇO CRISTÃO




INTRODUÇÃO:

Palavra Chave:
Serviço: No grego bíblico diakōnia: serviço amoroso prestado a Deus a favor dos santos e da Seara do Mestre.

Trabalhar para Cristo, como a Bíblia o requer, significa tributar-lhe toda a nossa afeição e amor. Ao discorrer sobre a importância do serviço cristão, o pastor inglês, Matthew Henry, mostra-se mais do que claro; faz-se categórico e firme: "Se o trabalho é feito em nome de Cristo, a honra é devida ao nome dele".
Tem você se esforçado pelo Reino de Deus? Quantas almas já ganhou este ano para Jesus? Você contribui para a Obra Missionária e para o Serviço de Assistência Social? Lembre-se destas palavras de Agostinho: "Deus não se torna maior se você o reverencia, mas você se torna maior se o serve". Mas, afinal, o que é o Serviço Cristão?

I. O QUE É O SERVIÇO CRISTÃO

Alguém afirmou, certa feita, que nada há sem importância no serviço de Deus. Aos olhos do Rei, tanto é importante aquele que leva o Evangelho aos tribais das selvas amazônicas, como aquele que se põe a falar da mensagem da cruz ao vizinho; acham-se ambos comprometidos com o serviço cristão (At 10.21-48; 13.1-3).
1. Definição. Serviço Cristão é o trabalho que, amorosa e sacrificalmente, consagramos a Deus, visando a expansão de seu Reino até aos confins da terra, no poder e unção do Espírito Santo (At 1.8).
2. Conceito teológico. O Serviço Cristão não é apenas prática; é doutrina e teologia; encontra-se fundamentado nas Escrituras Sagradas e na experiência histórica da Igreja. Por conseguinte, é-nos permitido afirmar que o Serviço Cristão é a teologia em ação. Leia reflexivamente a Epístola de Paulo aos Filipenses.

II. AS BASES DOUTRINÁRIAS DO SERVIÇO CRISTÃO

Se o ser humano nasceu para o trabalho, como diz Jó, como fugiremos nós ao serviço cristão? Conheçamos, pois, as suas bases.
1. No Antigo Testamento. O Senhor Deus não criou o ser humano para a ociosidade (Gn 1.26). O trabalho, por conseguinte, não pode ser visto como punição; é uma dádiva dos céus; enobrece-nos, fazendo-nos cooperadores de Deus (1 Co 3.9). Martinho Lutero, referindo-se à sua importância, é convincentemente claro: "O simples ordenhar de vacas pode ser feito para a glória de Deus".
Amorosamente afeiçoados às lidas divinas, os homens de Deus sempre operaram no campo do impossível. Chamado para ser o pai dos que crêem, deixou Abraão a sua terra natal, e foi em busca da formosa herança (Gn 12.1-3). Moisés, já intimado por Deus para libertar Israel do Egito, não vacilou; enfrentou a ira do Faraó e transpôs o Mar Vermelho com as tribos do Senhor (Ex 3.1-10; 14.15-26). E Josué? Sentindo o peso de sua vocação, tomou a terra de Canaã (Js 1.1-9).
De igual modo, convocou Deus os juízes, os reis, os justos e os profetas; todos com a missão de alargar as fronteiras do seu Reino. Leia Hebreus 11, onde se acham narrados os grandes feitos dos heróis que, ousada e amorosamente, acreditaram nas promessas divinas.
2. No Novo Testamento. Foi o Senhor Jesus o primeiro servo de Deus no Novo Testamento; sua encarnação representou o serviço dos serviços ao Pai Celeste. Tomando nossa forma, fez-se servo de todos, embora de tudo Senhor (Fp 2.5-11). Aliás, em Isaías é tratado como o Servo de Jeová (Is 53.11). No Evangelho, é o laborioso obreiro (Jo 5.17).
Mais tarde, convoca os discípulos (Jo 1.35-51). Com o avanço da obra evangelística, o Senhor, já ressurreto, constrange Paulo a que ingresse nesta peleja. E, assim, o apóstolo, deixando Antioquia, chega ao ponto mais extremo do mundo de então, anunciando intrepidamente o Evangelho de Cristo sem impedimento algum (At 28.31). A partir daí, vem o Senhor compelindo os obreiros à sua Seara. Sempre denodados, prosseguem eles no Serviço Cristão até que o Rei dos reis e Senhor dos senhores venha nos buscar (Jo 9.4).

III. OS OBJETIVOS DO SERVIÇO CRISTÃO

Sempre preocupado com o Serviço Cristão, afirmou J. H. Jowett: "O ministério que nada custa, nada realiza". Como discordar do irmão Jowett? Os objetivos do Serviço Cristão, na difusão universal do Evangelho de Cristo, são mui amorosos e abrangentes.
1. Adorar a Deus. O autor do Apocalipse registra esta convocação, a fim de que todos adoremos a Deus na beleza de sua santidade: "Temei a Deus e dai-lhe glória, porque vinda é a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas" (Ap 14.7).
Não há trabalho tão elevado como adorar a Deus. A palavra culto, em inglês, é representada pelo vocábulo service; significa este tanto um culto quanto um préstimo, obséquio ou ocupação.
2. Pregar o Evangelho. Antes de ascender aos céus, o Senhor Jesus comissiona os discípulos a pregar o Evangelho até aos confins da terra: "É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!" (Mt 28.18,19).
3. Exercer o magistério eclesiástico. Notemos como é importante a Educação Cristã: "Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra" (2 Tm 3.16,17). Por conseguinte, temos de nos dedicar ardentemente ao ensino sistemático e ordenado da Palavra de Deus.
4. Visitar os santos em suas necessidades. É o que nos recomenda o enérgico Tiago: "A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo" (Tg 1.27).
Tem você se dedicado ao serviço de assistência social? Se você realmente adora a Deus, haverá de socorrer os irmãos em suas necessidades e tribulações. Não podemos esquecer-nos de nossas responsabilidades sociais. O mesmo Deus que nos conclama a evangelizar, requer ajudemos nós os domésticos na fé.

CONCLUSÃO

Se não nos dedicarmos integral, sacrifical e amorosamente ao Serviço Cristão, como nos haveremos ante o Tribunal de Cristo? Exige Ele de cada um de seus filhos não somente que se envolva, mas principalmente que se comprometa com a divulgação do Evangelho até aos confins da terra.
O Senhor Jesus foi, em todas as coisas, um singular exemplo de serviço. Porque, então, como seus discípulos, não nos dedicamos também ao Serviço Cristão?


FONTE: LIÇÕES BÍBLICAS 2º Trimestre de 2008


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

LIÇÃO 6- A EFICÁCIA DO TESTEMUNHO CRISTÃO



Introdução
Testemunho: Testemunho cristão é a costura ética e bíblica que o crente exerce na sociedade em que vive.

“A vida do cristão deve ser uma representação visível de Cristo”. A afirmação é de um dos mais lúcidos teólogos evangélicos ingleses do século XVII. Foi tão feliz o irmão Thomas Brooks ao definir o testemunho do salvo neste mundo, que somos todos obrigados a concordar com ele.
Neste domingo, estudaremos as implicações do testemunho cristão no viver diário de quem professa seguir o Senhor Jesus. Não estamos lidando com teorias ou especulações; lidamos com algo prático que nos leva a proclamar o Evangelho não com meras palavras, mas com ações efetivas.
Tem você vivido como Cristão? Como está o seu testemunho como salvo? Pode o mundo ver Cristo em seu dia-a-dia?

I. O QUE É O TESTEMUNHO CRISTÃO

Bruno Skolimowsky, que muito se esforçou pela evangelização de nossa pátria, compôs um hino que, lindamente, sintetiza o testemunho do salvo: “O povo de Deus, aqui na terra, tem um sinal/ Povo que vive em santa guerra contra o mal”. (Harpa Cristã, 455) Que sinal é este?

1. Definição. Testemunho cristão é a postura bíblica e verdadeiramente ética que exercemos no cotidiano, numa demonstração clara e inequívoca de que, realmente, somos discípulos de Cristo (Mt 5.20).

2. O testemunho cristão na Bíblia. Diversas designações recebe o testemunho cristão: luz resplandecente (Mt 5.16); santidade em toda a maneira de viver (1 Pe 1.15); zelo pelo bem (1 Pe 3.13); maneira de viver (Hb 13.7); exemplo de boas obras (1 Ts 1.7). Há, ainda, outros nomes pelos quais o testemunho cristão é destacado no Novo Testamento. A Bíblia de Estudo de Aplicação Pessoal é um grande estímulo para as disciplinas da vida cristã.

II. OBJETIVOS DO TESTEMUNHO CRISTÃO

Ao discorrer sobre o testemunho cristão, asseverou o teólogo Agostinho: “Aquilo porque vivo, comunico”. O que estamos comunicando com a nossa vida? Pode o mundo ver Cristo em nós? Vejamos, pois, quais os objetivos do testemunho cristão:

1. Glorificar o nome de Deus. No Sermão da Montanha, exorta-nos o Senhor Jesus a glorificar a Deus através de nosso testemunho: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16).
Lemos no Comentário Bíblico Beacon: “A luz dos discípulos deveria ser as suas boas obras. Se eles brilhassem de forma coerente com aquilo que professavam, ela iria glorificar a Deus. Louvar ao Senhor com a nossa vida é mais importante do que louvá-lo com os nossos lábios”.

2. Protestar contra as más obras. A vida dos discípulos do Nazareno deve ser mais eloqüente do que suas palavras. Haja vista os derradeiros momentos de Estevão (At 7.55-60). Em seu livro Verdade Absoluta, Nancy Pearcey reafirma que o nosso cristianismo não pode circunscrever-se aos cultos públicos; tem de ser irradiado no cotidiano de cada crente.

3. Agir como luz do mundo e sal da terra. Como luz do mundo e sal da terra é a nossa obrigação impedir a degenerescência irremediável da sociedade. Leia os capítulos cinco, seis e sete de Mateus. Se o mundo se corrompe, a Igreja se renova no poder do Espírito Santo.

4. Ajudar na propagação do Evangelho. Certa vez, um missionário reuniu os seus discípulos, e ordenou-lhes: “Ide e pregai o Evangelho. Se for preciso, usai as palavras”. Isto porque, prega-se a mensagem do Cristo não somente com palavras, mas principalmente com as ações. É o que Pedro recomenda-nos em sua epístola (1 Pe 3.16).

III. EM QUE CONSISTE O TESTEMUNHO CRISTÃO

Mais uma vez citamos Agostinho, um dos maiores teólogos da Igreja Cristã: “Aquilo por que vivo, comunico”. Isto significa que as palavras somente têm real eficácia se estiverem acompanhadas de obras. Já imaginou um testemunho sem ação? Noutras palavras, o nosso testemunho cristão, como servos de Deus, consiste:

1. No bom procedimento no lar. A fim de fortalecer o testemunho cristão no lar evangélico, faz-nos o apóstolo Paulo diversas admoestações. Em primeiro lugar, que o esposo ame, terna e meigamente, a esposa. E que os pais não induzam seus filhos à ira, sendo-Ihes injustos e arbitrários. Quanto aos filhos, que honrem aos seus pais, sendo-lhes obedientes em tudo, porque isso é grato ao Senhor. Leia Efésios 5. E veja se você tem falhado nalguns desses itens.

2. No bom procedimento na sociedade. Leia novamente o texto bíblico desta lição, e veja como o crente deve proceder em sociedade. No livro E agora, como viveremos? o pensador norte-americano, Charles Colson, exorta aos cristãos que primem por um testemunho realmente eficaz; um testemunho que leve os incrédulos a enaltecer o nome de Cristo. Pode a sociedade perceber que você é, de fato, discípulo do Nazareno?
Não há como dissociar a vida espiritual da social; o que somos na Igreja tem de refletir-se fora dela. De forma reflexiva, leia o capítulo 13 da Epístola de Paulo aos Romanos. As reivindicações apresentadas pelo apóstolo são atendidas em seu dia-a-dia?

3. No bom procedimento no Estado. Como deve ser o nosso procedimento diante das autoridades constituídas? Exorta-nos Pedro a que honremos o Rei e a que respeitemos as autoridades (1 Pe 2.17). Afinal, não somos apenas cidadãos da pátria celeste; também o somos da terrenal. Como tais, temos direitos e deveres a serem cumpridos. Eis porque não devemos levantar-nos contra as autoridades constituídas, mas por estas interceder, a fim de que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada (1 Tm 2.2).

CONCLUSÃO

Como vai o seu testemunho? É realmente cristão? Ou não passa de meros discursos e palavras soltas? Horace Busnell é categórico: “A Bíblia chama de luz a vida do homem bom; faz parte da natureza da luz fluir espontaneamente em todas as direções e encher o mundo com seus raios”.
Por que, então, viver em trevas e permitir que o sal que em nós há torne-se insípido e venha a ser pisado pelos homens? Como luz do mundo e sal da terra, haveremos de impedir a degenerescência social enquanto aqui vivermos. Como é triste uma igreja sem testemunho! Os cristãos primitivos só conseguiram chegar aos confins da terra, porque o seu testemunho precedia-os de cidade em cidade.


FONTE: LIÇÕES BÍBLICAS 2º Trimestre de 2008

LIÇÃO 6- A EFICÁCIA DO TESTEMUNHO CRISTÃO


Onde teremos a oportunidade de de mostrar que somos o "sal da terra" e a "luz do mundo". Isto porque, a vida cristã deve ser o modelo e o referencial para a sociedade. Por isso, o Testemunho Cristão não deve ser visto como uma opção, e sim, como um imperativo...

Como disse o apóstolo Paulo: "Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus."
A palavra testemunho é oriunda do vocábulo latino testimoniu e significa, entre outras coisas: prova, vestígio, indício. De acordo com o vocabulário evangélico, testemunhar não é apenas contar o que Deus fez, mas também, pregar através do exemplo pessoal, que realmente somos imitadores de Cristo. O Testemunho Cristão refere-se ao comportamento e as atitudes dos servos de Deus, de acordo com o modelo bíblico, que o cristão demonstra, no seu dia-a-dia, que é um discípulo do Senhor Jesus. É dever de todo cristão, ter uma vida íntegra, independente do modelo e dos padrões da sociedade moderna. Como disse o Senhor, por intermédio do profeta Malaquias: "Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não serve" (Ml 3.18); demonstrando, assim, que o mundo deve ver esta diferença em nós (II Rs 4.9; I Tm 4.12).
Para ilustrar a importância do Testemunho Cristão, o Senhor Jesus utilizou-se de dois elementos comuns aos ouvintes: o sal e a luz. A ilustração do sal fala do nosso caráter; a luz fala do nosso testemunho. Observe que Cristo falou primeiro do sal da terra e depois da luz do mundo. Assim o caráter precede o testemunho. Vejamos algumas lições práticas que podemos extrair desses dois elementos:
O Cristão como Sal da Terra: O sal é chamado de cloreto de sódio. Esta substância tem propriedades importantes. Por esta razão Jesus a utilizou para tipificar o papel dos seus discípulos:
O sal é preservador: Ele conserva e preserva; daí ser figura da pureza. Sua cor alva também fala disso. Ele evita a deterioração.
O sal produz sede: "É a multidão perguntando aos apóstolos: "Que faremos varões irmãos?" (At 2.37). É o carcereiro de Filipos clamando: "Senhores! Que é necessário que eu faça para me salvar?" (At 16.31). São as multidões à procura de Jesus (Mt 4.25; 8.1; 12.15; 14.14). O crente, como sal, cria sede espiritual nos outros, e, como luz, conduz as pessoas Àquele que é a fonte da salvação.
O sal é invisível quando em ação: O sal antes de ser aplicado é visível, mas ao começar a agir, temperando, preservando, etc., toma-se invisível. O sal age invisivelmente, mas sua ação é claramente sentida.
O Cristão como Luz do Mundo: Diferente do sal, que não é visto em ação, a luz só tem valor quando é percebida. A ausência da luz permite que a escuridão prevaleça. Mas, quando a luz chega, as trevas desaparecem.
A luz não tem preconceitos: Ela tanto brilha sobre um criminoso como sobre uma criança inocente. Ela tanto brilha sobre um lamaçal, como sobre uma imaculada flor. Assim deve ser o crente no desempenho de sua missão de luz no mundo, esparzindo a luz do Evangelho de Cristo sobre todos os povos, raças, culturas e indivíduos, independente de idade, sexo, cor, religião, profissão e posição.
A luz precisa ser alimentada (vv. 15,16): A luz que iluminava as casas nos tempos de Jesus era de lamparina, alimentada através de um pavio mergulhado em azeite. O tipo de material da lâmpada variava, mas o combustível era um só: o azeite. O mesmo ocorre ao verdadeiro cristão. Ele depende sempre do óleo do Espírito Santo para difundir a luz de Cristo e a luz do Evangelho.
A luz não se mistura: Mesmo que ela ilumine lixo, sujeira, lamaçal, etc, ela não se contamina. Assim deve ser o crente: viver neste mundo tenebroso à difundir a luz de Cristo, sem se contaminar com o pecado e as obras infrutuosas das trevas. A importância vital desses dois símbolos pode ser observada pelos efeitos que exercem. Se o sal for insípido, perderá totalmente o seu valor (Mt 5.13). Se a luz estiver apagada ou escondida, nenhum benefício trará ao ambiente (Mt 5.14).

Podemos enumerar, pelo menos três objetivos do testemunho cristão:

Demonstrar à sociedade que somos novas criaturas: Não há nenhum erro em tornar conhecidas a mudanças realizadas em nós, por intermédio da ação do Espírito Santo, desde que o objetivo não seja a auto glorificação. Através do testemunho cristão, o crente demonstra à sociedade que já não é mais o mesmo, e que sua vida foi transformada, tornando-se numa nova criatura (Rm 8.1; II Co 5.17)
Evangelizar: Através do seu testemunho pessoal, o cristão também evangeliza. Sua própria vida já é um testemunho vivo do poder de Deus. Se demonstrarmos um bom testemunho diário, estaremos propagando, com eficácia, o poder do Evangelho que é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, conforme Rm 1.16.
Glorificar a Deus: Ninguém pode duvidar que, através do testemunho cristão, os homens podem glorificar a Deus. Jesus disse: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus." (Mt 5.16).

QUAL DEVE SER A ATITUDE DO CRISTÃO NO MUNDO?

A palavra de Deus, como "regra de fé e prática" do cristão, descreve os princípios divinos que direcionam e guiam a vida do cristão, independente de sua cultura, status, época, etc. (Sl 119.9,11,105; Jo 17.17). Vejamos, então, na Palavra de Deus, a atitude cristã neste mundo:
O Cristão não deve amar o mundo (I Jo 2.15):
A palavra mundo, neste texto, não se refere a humanidade, e sim, ao sistema corrompido e perverso. Como cristãos não devemos amar as coisas deste mundo, tais como: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (I Jo 2.16).
O Cristão não deve se conformar com o mundo (Rm 12.2):
A expressão "não vos conformeis" tem o sentido de "não tomeis a forma" ou "não sejas igual". Em outras palavras, o apóstolo Paulo estava dizendo é que o cristão não deve tomar a forma do mundo, ou seja, não deve andar de acordo com o modelo e os padrões deste mundo.
O Cristão não deve ser amigo do mundo (Tg 4.4):
O apóstolo Tiago nos adverte que "qualquer que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus". Ser amigo do mundo significa compartilhar com o modo de viver deste mundo que "jaz no maligno" (I Jo 5.19).

CONCLUSÃO

Como cristãos, devemos nos conscientizar que somos "sal da terra" e "luz do mundo" (Mt 5.13,14); bem como devemos nos comportar de modo íntegro, diante de Deus e dos homens, para que, através do nosso testemunho, Deus seja glorificado (Mt 5.16). Como sal, precisamos ter uma vida de tal forma que, aqueles que nos vêem e nos ouvem, sintam que nossa presença faz diferença. Como a luz, precisamos, através do nosso testemunho, contribuir para dissipar as trevas do pecado em nossa volta.