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sábado, 26 de maio de 2012

Lição 9-Laodicéia, uma Igreja Morna


INTRODUÇÃO

A sétima e última carta do Apocalipse é dirigida à igreja de Cristo que estava em Laodicéia - uma das mais prósperas cidades da Ásia. Veremos que na época de Paulo, já havia uma igreja formada nesta cidade, e que por algum tempo fora assistida pelo obreiro Epafras. Observaremos que o conteúdo desta carta está contido de muitas referências a cultura local, que o Senhor usa para transmitir aos crentes laodicenses severas repreensões, afinal de contas, das sete igrejas, Laodicéia é a que estava em pior situação, pois eles haviam perdido seus principais bens: fervor, riqueza espiritual, visão e santidade. Por fim, Jesus lhes convoca ao arrependimento, a fim de que pudessem ser restituídos, e assim, alcançarem as promessas feitas aos que vencerem.

I - IMPORTANTES INFORMAÇÕES SOBRE A CIDADE

1.1 Nome. A forma grega da palavra Laodicéia é “Laodikia“, que significa “justiça do povo” dando a entender alguma forma de governo democrático. Esta cidade foi fundada por Antíoco II no terceiro século a.C., que lhe deu este nome em homenagem a sua esposa, Laodice. Na época havia outras cidades com este nome, no entanto, essa é chamada de Laodicéia de Lico, referindo-se a um rio afluente do Meander.

1.2 Localização. Era uma cidade da província romana da Ásia, a oeste daquilo que éalmente a Turquia Asíática. Localizada, na área sudoeste da Frígia, ficava 10 km ao sul de Hierápolis e 16 km a oeste de Colossos. Devido à sua posição, era um centro comercial extremamente próspero, por isso, quando sofreu no ano 60 d.C. um grande terremoto, recusou ser reconstruída com o auxílio do Império Romano, alegando ter condições de reerguer-se por seus próprios recursos.

1.3 Religião. Em 29 a.C., as elites da Ásia Menor, em sinal de gratidão a Roma, pediram permissão a César Augusto para que pudessem cultuá-lo como se fora uma divindade. A partir deste precedente desenvolveu-se o costume de honrar o imperador como um deus, prática difundida em todo império. Domiciano, que provavelmente foi o imperador na época em que João escreveu o Apocalipse, gostava que seus súditos se dirigissem a ele como Dominus Et Deus Noster (Nosso Senhor e Deus).


1.4 Fonte de renda. A cidade devia sua considerável riqueza a uma combinação de comércio, bancos, manufaturas e a produção de uma fina e lustrosa lã, assim como à produção de bálsamo para os olhos. No entanto, apesar de tanta opulência a cidade tinha uma desvantagem: nela não havia suprimento de água. A água que chegava até a cidade vinha através de canos de uma fonte que ficava a certa distância, e, provavelmente, chegava a seu destino morna o que naturalmente causava ânsia de vômito em quem ingeria.

II - COMO JESUS IDENTIFICA-SE A LAODICÉIA

Estando na rota natural de inúmeros viajantes e comerciantes, Laodicéia foi atingida pelo evangelho em data bem recuada, provavelmente quando Paulo estava morando em Éfeso (At 19.10), e talvez por intermédio de Epafras, que provavelmente foi um dos seus pastores: “Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servo de Cristo, combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus. Pois eu lhe dou testemunho de que tem grande zelo por vós, e pelos que estão em Laodicéia, e pelos que estão em Hierápolis” (Cl 4.12,13). O apóstolo Paulo, inclusive, faz menção na epístola ao Colossenses de uma carta que ele enviara aos cristãos laodicenses (Cl 4.15,16).

2.1 O remetente. Já vimos que para cada igreja Jesus identifica-se de forma diferente como remetente da carta. Para Laodicéia Ele se revela da seguinte forma: “E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus” (Ap 3.14);

2.1.1 “O Amém“. A palavra “amém” traz o significado de “assim seja“, “é assim“. Ela era usada na liturgia judaica e nos cultos de adoração como afirmação de fé na validade, ou veracidade da mensagem que era lida ou proferida. Ao ser aplicada a Cristo, esta palavra significa que Ele é a afirmação da Palavra de Deus (II Co 1.20);

2.1.2 “A testemunha fiel e verdadeira”. O dicionário Aurélio nos informa que a palavra “testemunha” significa: pessoa que viu ou ouviu alguma coisa ou que é chamada a juízo, para depor sobre o que viu ou ouviu. No caso, a igreja que estava em Laodicéia, não podia queixar-se de ser acusada injustamente, porque Jesus Cristo era a testemunha fiel (exata) e verdadeira (autêntica) que acompanhava o dia a dia da igreja, pois ele é onisciente (Ap 1.14) e onipresente (Ap 1.13).

III - LAODICÉIA, UMA IGREJA MORNA, POBRE, CEGA E NUA

Já vimos em outras lições que Éfeso perdera o amor, Pérgamo casara com o mundo, Tiatira tolerou o pecado, Sardes estava morta; e agora o Cristo que está no meio dos castiçais e anda no meio dos deles, sondou esta igreja e em sua carta deixou claro que a igreja de Laodicéia estava com a cara da cidade: orgulhosa e auto-suficiente, pois, ao invés de influenciar, tinha sido influenciada, e que apesar de pensarem estar bem, aos seus próprios olhos: “tu dizes“, não estavam aos olhos dEle “e não sabes que és“. Eis abaixo o seguinte diagnóstico dado por Jesus:

3.1 A igreja perdera seu fervor espiritual. O Cristo glorificado consegue detectar que aquela comunidade de cristãos o servia sem fervor, por isso afirma categoricamente: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente” (Ap 3.15). Jesus diz que a temperatura espiritual daquela igreja se encontrava idêntica a da água que eles recebiam, e que estava sentindo náuseas “Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca” (Ap 3.16). O crente em estado de mornidão é aquele que hesita entre dois pensamentos (I Rs 18.21); o coração está dividido (Os 10.2a); serve ao Senhor parcialmente (II Cr 25.2b) e é um bolo que não foi virado (Os 7.8b).

3.2 A igreja tinha perdido seus valores. Apesar de igreja alegar possuir riqueza“rico sou e estou enriquecido e de nada tenho falta” (Ap 3.17-a), porque a cidade possuía um importante centro bancário e de troca de moedas, o Senhor a reprova severamente dizendo: “és pobre” (Ap 3.17-b). “Supõe-se que a igreja estava desfrutando dessa aparente prosperidade porque ao contrário de Esmirna que se opunha ao culto ao imperador mesmo lhes custando a pobreza e a morte, os crentes de Laodicéia, pelo contrário, para evitarem a perseguição e não perderem seus bens, prestavam homenagem a Domiciano como um deus, alegando ser apenas por formalidade e não de coração”(CHAMPLIN, 2002, p. 432).

3.3 A igreja tinha perdido sua visão. A medicina de Laodicéia estava tão avançada ao ponto de descobrirem o unguento oftálmico que trouxe muitos benefícios para alguns tipos de enfermidades nos olhos. No entanto, Jesus lhes confessa abertamente:“és pobre, e cego” (Ap 3.17-b). Os cristãos tinham olhos apenas para os bens materiais, perdendo assim a visão do Reino, que dá primazia aos bens espirituais “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam” (Mt 6.19,20)

3.4 A igreja tinha perdido suas vestimentas. Laodicéia também era famosa por sua indústria de lã e sua produção de excelentes peças de vestuários. Apesar disso, Cristo diz: “és pobre, cego e nu” (Ap 3.17-b). Como podemos ver, as vestes luxuosas dos crentes de Laodicéia não podiam cobrir sua nudez espiritual, tal qual as folhas de figueira não foram suficientes para cobrir a nudez do primeiro casal no Éden (Gn 3.7).

IV - EXORTAÇÕES E PROMESSAS

Diante do que foi exposto pelo Senhor Jesus aquela igreja na carta, percebemos que seu propósito era revelar a doença e mostrar a cura que consistia em: atender a sua repreensão (Hb 12.5); aceitar o seu castigo (Hb 12.6,7; I Co 11.32); ser zeloso (Tg 2.14) e se arrepender (Ap 3.19). Logo, podemos perceber que a situação não era irremediável e que cabia aqueles cristãos perceberem essa oportunidade de renovarem sua aliança com Cristo que os convida a comprar dele bens que o dinheiro não pode adquirir, mas que se pode obter por sua maravilhosa graça. Por isso, os aconselha, dizendo:

4.1 “…compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças” (Ap 3.18-a).Isso aponta para uma fé verdadeira que é mais preciosa que o ouro perecível (I Pe 1.7);

4.2 “…vestes brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez…” (Ap 3.18-b). Que diz respeito a uma vida espiritual de pureza e santidade (Ap 3.4; 19.8);

4.3 “…e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas…” (Ap 3.18-c).Que indica a iluminação dos olhos do entendimento pela revelação da Palavra e do Espírito (Sl 19.8; Ef 1.18).

CONCLUSÃO

Como pudemos perceber, mesmo em meio a uma tamanha mornidão, orgulho, presunção e cegueira da parte da igreja de Laodicéia, o Senhor Jesus gentilmente deseja restaurar-lhes a comunhão perdida, dizendo que estava à porta e batia, indicando uma iniciativa; que desejava estar e cear com eles. Porém, para isso, deveriam cumprir a sua parte ouvindo a sua voz e abrindo a porta (Ap 3.20). Por fim, ainda diz que os vencedores seriam galardoados, reinando com ele no Milênio (Ap 3.21).

REFERÊNCIAS

STAMPS, Donald C. Biblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse, versículo por versículo. CPAD.
ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo. HAGNOS.

Publicado no site da Rede Brasil de Comunicação

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