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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Lição 5-A Conspiração dos Inimigos contra Neemias


Sucedeu mais que, ouvindo Sambalate, Tobias, Gesém, o arábio, e o resto dos nossos inimigos que eu tinha edificado o muro e que nele já não havia brecha alguma, ainda que até este tempo não tinha posto as portas nos portais, (Ne 6.1)
Um inimigo é aquele que odeia alguém ou algo, e que procura sempre prejudicá-lo. Todos nós estamos passíveis de termos inimigos. A obra de Deus tem inimigos. Por bem que você faça, por íntegro que seja, sempre haverá aqueles que movidos por inveja, juízo equivocado, antipatia, cobiça ou influência malígna desejarão e buscarão sempre lhe fazer o mal.
INIMIGOS DECLARADOS
Há inimigos sem cerimônia alguma. Fazem questão que todos saibam o quanto te odeiam. As palavras e ações contra a tua vida são claras e públicas. A campanha contra o teu serviço prestado ao Reino de Deus é aberta. Nem todos os inimigos querem o teu lugar. Eles desejam apenas ver a tua derrota, o teu fracasso, a tua ruína e destruição. Os inimigos declarados nos oferecem uma vantagem, a de saber quem são e onde estão.
INIMIGOS CAMUFLADOS
Essa classe de inimigos é terrível, pois não se assumem como inimigos. Os inimigos camuflados fazem festa pra você, te recebem sempre com um sorriso largo, te honram publicamente, te abraçam, fazem juras de fidelidade, mas, no íntimo, te odeiam e não te suportam.
Os inimigos camuflados são maliciosos. Estão sempre por perto em busca de alguma vantagem pessoal: um cargo, um privilégio, dinheiro, benefícios, credibilidade, etc.. Enquanto assim agem, estão sempre envolvidos numa nova conspiração para tentar te derrubar. São cínicos, hipócritas, falso, mentirosos, covardes e diabólicos.
CONSPIRAÇÃO
Sambalate e Gesém enviaram a dizer: Vem, e congreguemo-nos juntamente nas aldeias, no vale de Ono. Porém intentavam fazer-me mal. (Ne 6.2)
Conspirar é tramar ou maquinar algo contra alguém. Os inimigos da obra de Deus e de Neemias tentaram desviá-lo do seu projeto e trabalho. Kidner (2006, p. 107-108) comenta que:
A sugestão do vale de Ono era plausível, porque estava aproximadamente equidistante de Samaria e de Jerusalém. Ao mesmo tempo, estava para Neemias mais de um dia de viagem da sua cidade, e (conforme indica Brockington) bem no limite do seu território ao noroeste, formando fronteira com os distritos de Samaria e de Asdode. Visto que estas duas regiões eram histis (cf. 4.2, 7) o plano cheirava traição. na melhor das hipóteses, a viagem teria desperdiçado dias preciosos; portanto, de modo bastante sábio, baseou sua recusa nisto, e não nas suas suspeitas. Alías, a tradução familiar: ‘estou fazendo grande obra’, talvez pareça ter um gosto de louvor-próprio. O sentido é melhor transmitido na, e.g., NEB: ‘Tenho trabaho importante em mãos,’ ou de modo ainda mais objetivo: ‘… uma tarefa enorme…’
Barber (2003, p. 87) descreve o episódio da seguinte forma:
Este convite, por carta, é uma medida muito astuta. Sua possibilidade é mortal. Os opositores de Neemias estão dizendo: “Vamos ser amigos. Tivemos nossas divergências no passado, mas agora você conseguiu o que queria - já construiu o muro de Jerusalém. Não podemos negar o seu direito de liderar os judeus como você acha melhor. Quer gostemos, quer não, somos vizinhos; temos de viver uns com os outros. Agora que o muro está pronto, é hora de uma conferência de paz. Escolha uma das vilas da planície de Ono. Lá poderemos reunir-nos e resolver nossas diferenças, planejando uma coexistência pacífica.” Tudo isso parece muito magnânimo. O convite promete uma resolução amigável das diferenças de muitos anos. Parece ainda mais razoável porque se sabe que os judeus estão em aperto, cansados e sofrendo pela fome. A “conferência” parece oferecer uma trégua, e certamente será vista pelos moradores de Jerusalém como uma alternativa aceitável à apoquentação. Qual o líder, com as pressões sociais dos cidadãos sobre os seus ombros, como também a responsabilidade militar de proteção da cidade, que não atenderia um convite assim tão aparentemente bondoso? Mas todos esses supostos pontos positivos deixam de lado um fato importante: até que ponto se confia no inimigo quando ele aparece repentinamente com um “ramo de oliveira” na mão? Os historiadores se lembrarão de que a mesma espécie de coisa aconteceu quando o Papa prometeu salvo-conduto a João Huss, como também tratamento justo, se ele apenas fosse à Conferência de Constança. Tais promessas não impediram que Huss fosse preso e queimado no tronco.
Os líderes da obra de Deus na atualidade precisam estar atentos diante de alguns convites para reuniões e conferências, que são verdadeiros laços e armadilhas de inimigos da obra que se fingem de amigos, entre os tais estão os políticos corruptos, que só buscam o próprio interesse, e que só aparecem repentinamente às vésperas de um novo pleito eleitoral, prometendo a terra (e se possível até o céu) para pastores e igrejas. Lopes (2006, p. 103), cita Charles Spurgeon, que nos adverte:
Se os reis vos convidarem para serdes ministros de Estado, não vos deixeis seduzir, deixando a vossa posição sublime de embaixadores de Deus.
Pregadores e pastores (e cada vez mais) trocam ou dividem o seu chamado com o sedutor poder da política secular, onde boa parte acaba se envolvendo em esquemas de corrupção. Acabam desmoralizados e reprovados como políticos e obreiros.
E da mesma maneira enviaram a mim quatro vezes; e da mesma maneira lhes respondi. (Ne 6.4)
Quando as tentativas de entreter Neemias falharam, os inimigos mudaram de estratégia. Partiram para por em dúvida os reais propósitos do servo do Senhor:
Então, Sambalate, da mesma maneira, pela quinta vez, me enviou o seu moço com uma carta aberta na sua mão, e na qual estava escrito: Entre as gentes se ouviu e Gesém diz que tu e os judeus intentais revoltar-vos, pelo que edificais o muro; e que tu te farás rei deles segundo estas palavras; (Ne 6.5-6)
É sempre assim. Quando não podem atacar a objetividade das nossas realizações, os nossos inimigos (de fora e de dentro) apelam para colocar em dúvida a subjetividade de nossas intenções. Quem ainda não sofreu, prepara-se para sofrer com calúnias do tipo “ele está querendo é o seu lugar”, “o que ele quer é aparecer”, “acho que ele está tramando algum golpe”, etc.
Acusaram Neemias de “contratar” ou “por” profetas em Jerusalém para fazer “campanha” em seu favor, num suposto interesse em se tornar rei em Judá:
e que puseste profetas para pregarem de ti em Jerusalém, dizendo: Este é rei em Judá. Ora, o rei o ouvirá, segundo estas palavras; vem, pois, agora, e consultemos juntamente. (Ne 6.7)
No caso de Neemias, a acusação não procedia. Ele, sabiamente, a negou abertamente:
Porém eu enviei a dizer-lhe: De tudo o que dizes coisa nenhuma sucedeu; mas tu, do teu coração, o inventas. (Ne 6.8)
Acontece que usar profetas para legitimar interesses pessoais era, e ainda continua sendo prática corriqueira entre o povo de Deus. Posso citar aqui dois exemplos. O primeiro é o de alguns televangelistas que no desespero de pagar os seus horários na televisão e de manter os seus impérios pessoais, contratam profetas para anunciar milagres financeiros com base em semeaduras destituídas de pudor e de fundamentação bíblica. No final, o televangelista e o falso profeta racham os ganhos da semeadura entre si. Um outro exemplo, é o de líderes que para se manterem ou conquistarem cargos e postos (tronos e poderes), convidam pregadores-profetas para legitimarem suas ambições. Há ainda quem recorra à profecia de encomenda, contando com o apoio dos profetas ou profetisas da própria congregação.
O termo “profeta” deriva-se do hebraico nabhi (aquele que foi chamado, aquele que foi nomeado) e ocorre cerca de 309 vezes na Bíblia. O termo é usado tanto para se referir aos verdadeiros e aos falso profetas. A primeira ocorrência de nabhi está em Gênesis 20.7, onde Abraão é chamado de profeta. A segunda ocorrência acontece em Êxodo 7.1, que diz: “Então, disse o SENHOR a Moisés: Eis que te tenho posto por Deus sobre faraó; e Arão, teu irmão, será o teu profeta”. É exatamente neste sentido (porta-voz) que o termo é utilizado para aqueles que falam em nome de Deus.
O termo grego para “profeta” é prophetes. Trata-se de um substantivo composto da raizphe (dizer, proclamar), do prefixo pro (antes, de antemão). Embora possa ter o sentido de “aquele que prediz”, na literatura antiga a combinação do prefixo pro com os verbos para “falar” não possui a idéia de indicar o futuro. Dessa forma, profeta pode significar “o que proclama abertamente”, “o que proclama em alta voz”, “o que declara abertamente”, “o que denuncia abertamente” etc.
Unindo os termos do Antigo e do Novo Testamento, pode-se entender “profeta” como alguém nomeado por Deus para proclamar abertamente e claramente a sua palavra. Dessa forma, a autoridade do profeta reside naquele que o nomeou e na fidelidade para com a mensagem recebida.
OS FALSOS PROFETA
Os falsos “profetas”, ou seja, aqueles que dizem falar em nome de Deus, são reconhecidos pela ausência de frutos (caráter cristão e compromisso com Deus) em suas vidas, ou pela má qualidade dos mesmos (Mt 7.15-20). Eles geralmente;
- Falam para agradar seus ouvintes ou “patrões” ( I Rs 22.1-6 );
- Falam sem serem autorizados por Deus ( Ez 13.1-9 );
- Suas profecias tendem a afastar o povo da Palavra de Deus ( Dt 13.1-4 );
- Sempre estão procurando tirar vantagens dos seus “dons” em benefício e causa própria ( Nm 22.7; Jd 11 );
Os falsos profetas agem também no que podemos chamar de “profecia pessoal”, e nesse âmbito eles fazem e desfazem namoros, noivados e casamentos, orientam líderes em decisões na igreja, atendem os “clientes” em relação às suas decisões nas diversas esferas da vida, são considerados em alguns lugares com mais autoridade do que o pastor da igreja, fazem e acontecem, pintam e bordam.
Observe algo interessante nos textos bíblicos abaixo:
Sabe que, quando esse profeta falar em nome do Senhor, e a palavra de se não cumpri, nem suceder, como profetizou, esta é a palavra que o SENHOR não disse; com soberba, a falou o tal profeta; não tenha temor dele. (Dt 18.22)
Quando profeta ou sonhador se levantar no meio de ti e te anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio de que te houver falado, e disser: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador; porquanto o SENHOR, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o SENHOR, vosso Deus, de todo o vosso coração e de toda a vossa alma. Andareis após o SENHOR, vosso Deus, e a ele temereis; guardareis os seus mandamentos, ouvireis a sua voz, a ele servireis e a ele vos achegareis. (Dt 13.1-4)
Perceba que um falso profeta não é apenas alguém que fala (ou prediz) algo em nome de Deus e que este algo não acontece. O segundo texto deixa claro que um profeta ou sonhador pode anunciar um sinal ou prodígio, e que isto pode vir a acontecer, mas que tal fato não autentica a integridade e a autoridade do profeta, nem a legitimidade da profecia.
Para discernir o falso do verdadeiro a pergunta chave é: Juntamente com a profecia, há um cuidado do profeta em se manter fiel ao Deus da Palavra e à Palavra de Deus?
Lopes (Ibid., p. 103-106), percebe no texto sete armas para vencer o inimigo. São elas:
- O discernimento espiritual (v. 2)
- A compreensão da importância da obra (v. 3)
- A prudência espiritual (v. 3)
- A firmeza de propósito (v. 4)
- A integridade pessoal (v. 6-8)
- Oração por fortalecimento (v. 9b)
CONCLUSÃO
Não deseje o mal, nem a morte de seus inimigos. Ame-os e ore para que eles se convertam a Deus (Mt 5.44). Não viva temeroso ou ansioso diante de suas tramas. Confie e descanse em Deus, que é aquele que nos guarda e protege. Ele cuida de nós. Nada acontece sem a sua permissão. Assim, não pare a obra, nem pare na obra:
E enviei-lhes mensageiros a dizer: Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?” (Ne 6.3)
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBER, Cyril J. Neemias e a dinâmica da liderança eficaz. São Paulo: Vida, 2003.
KIDNER, Derek. Esdras e Neemias: introdução e comentário. São Paulo, Vida Nova, 2006.
LOPES, Hernandes Dias. Neemias: o líder que restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos, 2006.
Publicado no Blog do Pr. Altair Germano

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Lição 4-Como Enfrentar Oposição à Obra de Deus


Texto áureo: Ne. 4.9 - Leitura Bíblica: Ne. 4.1-9
Objetivo: Refletir com os alunos sobre como devemos lidar diante daqueles que se opõem à obra de Deus.
INTRODUÇÃO
A obra de Deus sempre enfrentará oposição, pois não são poucos os que a confundem com obra de homens. Na lição hoje estudaremos a respeito de como os crentes devem responder às ameaças daqueles que desejam o fracasso do trabalho. Nesta aula aprenderemos a identificar os inimigos e as suas estratégias, em seguida, destacaremos a necessidade de confiança em Deus diante das afrontas do inimigo, e por fim, demonstraremos que a melhor defesa contra os adversários está no desenvolvimento do trabalho do Senhor.
1. OPOSIÇÃO À OBRA DE DEUS
Existem muitos inimigos da obra de Deus, e não é fácil responder às ameaças dos adversários. A fim de paralisar o serviço, os opositores se unem, como fizeram Sambalá (norte), Tobias (leste) e Gesém (Ne. 2.19). No capítulo 4 de Neemias, outros inimigos são apresentados: os arábios (sul), os amonitas e os asdoditas (Ne. 4.7). Uma das razões pelas quais os inimigos não querem o progresso da obra de Deus é a inveja. Eles não medem esforços para atingir aqueles que trabalham para o Senhor. Sambalá, o líder dos adversários, ajunta o seu exército, incitando o povo contra o povo de Deus (Ne. 4.2). A estratégia do inimigo é a ridicularização, ele escarnece a fim de afetar a autoestima dos obreiros, chamando-os de fracos (Ne. 4.3). O inimigo não quer que acreditemos no potencial de Deus em nós para fazer o trabalho. Se deixarmos de crer que Deus está conosco, e que nos capacitará para a obra, o inimigo terá êxito e vencerá a batalha, pois aquele que pensa que é incapaz já perdeu a luta. Para tanto, os inimigos tentaram se infiltrar no meio do povo de Deus a fim de causarem confusão (Ne. 4.8). Essa estratégia do inimigo visa desintegrar a identidade, não por acaso, muitos movimentos que nada têm de doutrina bíblica se apresentam como evangélicos, a fim de fazer com que as pessoas deixem de identificar os que servem verdadeiramente a Deus dos que servem apenas a eles mesmos. Eles também atacam frontalmente os obreiros do Senhor, usam todos os recursos possíveis, para, se possível, destruir o povo de Deus. A mídia, nos dias atuais, tem desempenhado esse papel, os inimigos a utilizam em larga escala para denegrir a imagem dos evangélicos. Os pseudoevangélicos também contribuem para a descaracterização daqueles que seguem o evangelho de Cristo.
2. A CONFIANÇA NO DEUS DA OBRA
Mas essa não é obra de homens, mas de Deus, pois Ele mesmo nos comissionou para que a desempenhassemos (Mt. Mc. 16.15; Mt. 28.19,20). Por essa razão, devemos, a todo instante, confiar em Sua Palavra, e demonstrarmos nossa confiança nEle através da oração. Neemias ora a Deus, pois o servo do Senhor está consciente de a quem está servindo (Ne. 4.4-9). A oração de Neemias é urgente, ele não deixa para depois, sabe do perigo e do risco que a obra corre, por isso, lança-se aos pés do Senhor. É também uma oração franca, pois ele abre o seu coração, destacando como o povo, e ele mesmo, se sente diante da ridicularização dos inimigos. As palavras de Neemias na oração são fervorosas, ele demonstra paixão pelo Deus a quem serve. Mas não apenas Neemias orou, todos os obreiros foram conduzidos à oração, e diante da afronta do inimigo, eles oraram e também se prepararam para o caso de precisarem entrar em peleja (Ne. 4.9). A oração continua sendo uma demonstração de confiança em Deus nos dias modernos. Estamos diante de uma geração que esqueceu o real valor da oração, as facilidades tecnológicas e científicas instigam à autoconfiança. Muitos cristãos praticamente deixaram de buscar ao Senhor em oração, preferem tão somente agir, mas é preciso orar antes, durante e depois da ação, em todo tempo e lugar (Mt. 26.41; Ef. 6.18; I Ts. 5.17; I Tm. 2.8). A oração e a leitura da Bíblia resultam em coragem e disposição para enfrentar os boatos espalhados pelos inimigos (Ne. 4.12), aqueles que confiam em Deus e se dispõem a orar não se deixam tomar pelo desânimo causado pelos opositores (Ne. 4.10). As palavras de encorajamento do líder também fazem toda a diferença, Neemias disse ao povo que não temesse, que se lembrasse do Senhor e que lutasse pelas suas famílias. Os cristãos estão envolvidos em uma batalha espiritual, mas nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra as potestades do ar. As armas das nossas milícias são poderosas em Deus para a destruição das fortalezas do Inimigo (II Co. 10.4). Portanto, façamos uso de toda a armadura de Deus, para que possamos estar firmes contra as ciladas do Diabo (Ef. 6.10,11).
3. DESENVOLVENDO A OBRA DO SENHOR
Ao invés de dar ouvidos às palavras do Inimigo, devemos nos voltar para o Senhor, e fazer a parte que nos compete na obra (Ne. 4.15). Se ficarmos paralizados, refletindo sobre as afrontas do inimigo, não conseguiremos progredir, por isso, mantenhamos as mãos ocupadas, trabalhando para o Senhor, e em constante vigilância, com os olhos bem abertos (Ne. 4.16-18). Os ouvidos também devam estar atentos ao caso de algum chamado urgente, isso aponta para a necessidade de identificar os diferentes toques do Inimigo, principalmente a liderança deve ser capaz de reconhecer a voz do Adversário, para não se deixar levar pelas suas estratégias (Ne. 4.18; Cl. 2.4,8). Em resposta à fragmentação que o inimigo tenta impor ao povo de Deus, devemos permanecer juntos uns dos outros, em unidade (Ne. 4.19; At. 2.47,48). O convívio da igreja é um antídoto contra o individualismo que campeia na sociedade moderna. As pessoas estão cada vez mais isoladas, mesmo as igrejas não estão imunes a essa realidade. As grandes igrejas padecem desse mal, pois os membros não conseguem construir relacionamentos, apenas contatos esporádicos. O envolvimento social, desenvolvido por Neemias no capítulo 5, é uma demonstração de integração do povo de Deus e de compromisso com as questões sociais. Não podemos nos deixar controlar pelo capitalismo selvagem que objetifica as pessoas, sacrificando-as ao deus mercado. Na crise os ricos se aproveitam para tirar vantagem e explorarem os mais pobres (Ne. 5.5). A solidariedade, ao invés da ganância, deva ser a moeda mais forte, a situação dos que passam por privação precisa ser uma preocupação constante (Ne. 5.1,2). As pessoas endividadas devam ter a oportunidade de sairem de tal condição, caso contrário estarão para sempre debaixo do jugo da opressão, em desequilíbrio tanto moral quanto espiritual (Ne. 5.3). Os impostos devam ser usados para investir nas necessidades básicas da sociedade, não para o enriquecimento ilícito de uma minoria (Ne. 5.4). A liderança cristã deva ter cuidado para não se tornar presa e serem cúmplice de esquemas corruptos que defraudam o dinheiro dos pobres (Ne. 5.15,16). O interesse pelo desenvolvimento do público sobre o privado é uma das principais marcas do líder compromissado com Deus (Ne. 5.14, 18), seu objetivo maior não é o de tirar vantagem, muito menos de viver em ostentação, mas o de permanecer íntegro e ver o bem de todos (Ne. 5.14).
CONCLUSÃO
A obra de Deus sempre enfrentou oposição, e nós, enquanto Igreja do Senhor Jesus, não estamos imunes às afrontas do Inimigo. Passaremos tanto por oposição externa quanto interna, mas precisamos estar vigilantessermos, fundamentados na Palavra de Deus, e em oração, para não sermos prisioneiros das armadilhas do Diabo. Se confiarmos no Senhor seremos capazes de vencer, a ninguém temeremos senão ao Deus que segue adiante na batalha (Ne. 5.15; Pv. 1.7). As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja do Deus Vivo (Mt. 16.18), e isso é motivo para demonstrar compaixão pelo povo (Ne. 5.18), não agurdando recompensa de homens, mas a que vem de Deus (Ne. 5.19; II Tm. 4.8)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

LIÇÃO 3 - APRENDENDO COM AS PORTAS DE JERUSALÉM


Texto Básico: Neemias 3:1-15
“O Senhor ama as Portas de Sião, mais do que todas as habitações”(Sl 87:2)

INTRODUÇÃONos muros da Jerusalém antiga, foram instaladas 12 grandes portas. Cada uma delas era conhecida pelo nome e pela sua função na cidade, na vida do rei e dos sacerdotes. Elas significavam segurança, proteção e defesa. Portas fortes e fechadas protegem a cidade e a guardam em paz e segurança.
Independente da aplicação atribuída para cada uma das Portas de Jerusalém, o importante é o seu significado estratégico. Nelas, as autoridades se colocavam, principalmente para exercer a administração e realizar julgamentos. Se um homem ou mulher quebrasse o concerto do Senhor, deveria ser levado às portas da cidade para ser julgado e condenado (ler Dt 17:5-8). Portanto, mais que apenas objetos de madeira ou metal colocados entre os muros da cidade, as portas representavam um retorno da autoridade antes perdida. Mas além do significado estratégico, as portas são alguns segmentos de nossa vida que retratam nossas fortalezas ou vulnerabilidades.
Nesta aula, o que temos em mente é comentar sobre os símbolos das portas de Jerusalém dos dias distantes de Neemias. No livro que leva o seu nome encontramos os nomes de todas elas, as quais são: Porta do Gado ou das ovelhas(3:1,2); Porta do Peixe (Porta de Damasco)- Ne 3:3-5; Porta Velha (Porta de Jafa)- 3:6-12; Porta do Vale(3:3-13); Porta do Monturo(3:14); Porta da Fonte(3:15-25); Porta do Cárcere(12:39); Porta das Águas(3:26); Porta dos Cavalos(3:28); Porta Oriental(3:29); Porta de Mifcade (Guarda)-3:31; Porta de Efraim(8:16).
De tudo que era mui querido para o Senhor, nada mais seria do que a cidade de Jerusalém e as suas portas (ler Sl 87:2,3; 147:12,13). Se era importante para Deus, deve ser igualmente importante para a Igreja. Que ao estudarmos sobre os significados de cada Porta possamos aprender preciosas lições para a nossa vida espiritual.
1. A Porta do Gado ou das Ovelhas(Ne 3:1) - “E levantou-se Eliasibe, o sumo sacerdote, com os seus irmãos, os sacerdotes e edificaram a Porta do Gado, a qual a consagraram...”. Esta Porta, que mais tarde recebeu o nome de Porta das Ovelhas (a Porta recebeu esse nome por causa das ovelhas destinadas ao altar do Templo que passavam por ali) significa a Porta da Salvação (sacrifício) e da consagração. Era a menor entre as doze portas e não foi feita para passagens de homens e sim das ovelhas, pois por ela era que os animais passavam.
Sob o ponto de vista espiritual era a porta mais importante, pois a Bíblia não diz que outra foi consagrada, somente esta! É a porta de encontro com o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! (João 10:7,9). O Senhor disse: "Eu sou a porta; aquele que entrar por mim, será salvo”.
“Eu sou a Porta”. Cristo é a Porta, isto nos induz a entender que o cristianismo não é um credo, nem uma igreja, antes é uma Pessoa, essa Pessoa é o Senhor Jesus Cristo, a Porta.
“Aquele que entrar por mim será salvo”. Quem entrar por meio de Cristo será salvo, isto é, terá vida eterna e abundante (João 10:10), tudo quanto necessita para ser liberto do pecado, da culpa e da condenação. Jesus é a única Porta da salvação; não há salvação senão por Ele(At 4:12). O convite é para qualquer pessoa. Cristo é o Salvador tanto do judeu como do gentio. Mas para ser salvo o individuo precisa entrar. Ele deve receber Cristo pela fé. A Porta da Salvação está aberta, mas um dia será fechada(2Co 6:2). Aproveite a oportunidade. Jesus está à sua espera!
2. A Porta do Peixe - Damasco (Ne 3:3; 12:39) - “E a porta do peixe edificaram os filhos de Hassenaá, a qual emadeiraram, e levantaram as suas portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos”(Ne 3:3). Uma das principais estradas que passavam por Jerusalém entrava na cidade através da Porta do Peixe(2Cr 33:14). O mercado de peixes ficava próximo ao portão, e comerciantes de Tiro, do mar da Galileia, e de outras áreas de pesca entravam por ele para vender os seus produtos.
Esta Porta fala-nos de trabalho, de crescimento e de reprodução. Lembra-nos dos pescadores do mar da Galiléia chamados por Deus para serem seus discípulos, tornando-se então, pescadores de homens (Mt 4:18- 22). Representa para nós a missão de pregar o evangelho a toda criatura, pois os peixes representam as almas que precisam ser salvas para o Reino de Deus.
3. Porta Velha (Porta de Jafa) - “E a Porta Velha repararam-na Joiada, filho de Paséia; e Mesulão, filho de Besodias...”(Ne 3:6). Esta Porta tipifica a legítima doutrina cristã, que é imutável e atemporal; que apesar de sua antiguidade, jamais será derribada quer pelo liberalismo teológico, quer pelo pós-modernismo. Ela insta-nos a voltarmos ao primeiro amor, isto é, ao modelo doutrinário da Igreja Primitiva, constante no livro de Atos. A Bíblia diz claramente em Atos 2:42: "E perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão uns com os outros, no partir do pão e nas orações". Nós temos que perseverar nestas quatro disciplinasa doutrina ou o ensino dos apóstolos, o partir do pão, a comunhão uns com os outros e as orações.Estes são os caminhos antigos, que devemos voltar sem demora. Não há nenhuma autorização para inovação. O Senhor não está interessado em que nós inovemos, mas sim permaneçamos conforme o modelo que nos foi mostrado.
Ela também nos fala das tradições, dos marcos antigos; ensina-nos a não ignorar as raízes de nossas igrejas e os bons costumes das mesmas. Jeremias 6:16 diz: "Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para as vossas almas".Hoje em dia o que parece ser tradição na cristandade não é o antigo, mas sim o novo. Por assim dizer, é o carro novo onde se leva a “Arca” puxada por bois, no estilo dos filisteus(ler 2Sm 6:6,7).
Então, o Senhor nos ordena que voltemos para os caminhos antigos, a ter comunhão uns com os outros, a partir o pão, a perseverar principalmente na doutrina dos Apóstolos de Cristo. Amém?
4. Porta do Vale(Ne 3:13) – “A Porta do Vale, reparou-a Hanum e os moradores de Zanoa...”. “O vale é um acidente geográfico cujo tamanho pode variar de uns poucos quilômetros quadrados a centenas ou mesmo milhares de quilômetros quadrados de área. É tipicamente uma are de baixa atitude cercada por áreas mais altas, como montanhas ou colinas”(http://pt.wikipedia.org/wiki/Vale).
O Vale representa um lugar onde somos provados por Deus. O fato de sermos cristãos não significa que temos uma carta de alforria ou um cartão de imunidade das lutas e das provações da vida. Cristianismo não é uma sala vip. O Cristianismo não é um parque de diversões, nem uma colônia de férias. Nós não temos imunidades especiais. Mas temos sim imanência sobrenatural, temos a presença de Jesus conosco. Ele está conosco no vale da dor, no leito da enfermidade, nas agruras, nas intempéries, nas vicissitudes, nas tempestades da vida. Mas quero lhe dizer que as crises, muitas vezes surpreendentes, que não conseguimos controlar, se agigantam, mesmo quando somos pessoas que andam com Deus, da mesma forma que aconteceu com o apóstolo Paulo(ler 2Co 1:8-10; 11:22-33), cuja provação foi tão severa que se viu oprimido acima das suas forças naturais, a ponto de desesperar até da própria vida(2Co 1:8). O importante é saber que Jesus está conosco no Vale. O profeta Isaias diz: “Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque, eu sou o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel”(Isaias 43:2-3a).
5. A Porta do Monturo(Ne 3:14) – “E a Porta do Monturo, reparou-a Malquias, filho de Recabe, maioral do distrito de Bete-Haquerém....”. Era, também, chamada de Porta do Sol(Jr 19:2).
A Porta do monturo era o portão através do qual as pessoas levavam seu lixo para ser queimado no vale de Hinom. Esta Porta tipifica a limpeza que devemos fazer em nosso coração - “chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração”(Tg 4:8). Para que o Espírito de Deus habite em nós, é necessário que a nossa vida esteja no altar de Deus. Para estar no altar de Deus é preciso estar limpo de coração.
O VALE DE HINOM. Neste vale, não apenas o lixo, mas corpos de pessoas consideradas indignas de um sepultamento e, de animais, eram ali lançados. A incineração do lixo e dos corpos de animais e de pessoas que ali eram lançados acontecia com certa frequência. Usava-se enxofre para manter as chamas mais intensas. Devido ao mau cheiro e ao estado de horror encontrado neste lugar, ele passou a ser chamado de geena(hb. ge hinnõn - expressão esta que originalmente denotava o “vale do filho de Hinnon”). A palavra para inferno (lago de fogo) no Novo Testamento é “geena”. Esta palavra foi usada como figura para o inferno devido à situação daquele fogo contínuo (seu fogo ficava sempre aceso), onde eram lançadas as criancinhas.
Neste vale eram oferecidos sacrifícios de crianças ao “deus” Moloque (2Rs 16:3; 21.6; 2Cr 28:3; 33:6). Deus puniu severamente Israel por causa destes nefastos procedimentos(Jr 7:31-34). Foi muito utilizada no reinado de Acaz (2Crônicas 28:1-3).
A Porta do Monturo representa jogar fora o lixo espiritual, que nos atrapalha e nos impede de corrermos a carreira que nos foi proposta (Hb 12:1). Tudo o que não se enquadra dentro do fruto do Espírito é lixo e deverá ser removido. O apóstolo Paulo, em Gálatas 5:19-21mostra uma parte da lixeira de Satanás, que aquele que cristão diz ser deve se manter distante dela: “Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, heresias, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam”.
Se não tomarmos cuidado todo esse lixo invadirá nossa vida por intermédio da mídia. Infelizmente, muitos são os que passam horas seguidas diante da TV e da internet, permitindo que todo esse lixo entre em nossa casa. A Palavra de Deus adverte-nos: “Não meterás, pois, abominação em tua casa, para que não sejas anátema”(Dt 7:26). Tomemos cuidado, pois, com o que vemos, ouvimos e lemos, pois as Sagradas Escrituras alertam-nos a não colocarmos coisas más diante dos nossos olhos(Sl 101:3).
É bom ressaltar que para Deus não há lixo reciclável. O Senhor não faz reforma em nós, não põe vinho novo em odre velho. Tudo o que é do “velho homem” deve ser despojado. Tudo o que é do “velho homem” tem que ser lançado para fora e temos que nos revestir de tudo o que é do novo. Aquele que está em Cristo é uma nova criatura, as coisas velhas já passaram, eis que tudo, absolutamente tudo, se fez novo por Deus (2Co 5:17). Tudo o que não é do novo, oportunamente será lançado no “lago de fogo e enxofre” (inferno propriamente dito – Mt 25:31-46), onde ficará ali eternamente(Ap 19:20; 20:10,14). Neste caso o fogo não será para purificação, porque o cheiro será de enxofre.
6. Porta da Fonte(Ne 3:15) -“E a porta da fonte reparou-a Salum, filho de Col-Hozé, maioral do distrito de Mizpa...”. Esta Porta ficava ao sul de Jerusalém perto do “tanque de Siloé”, onde o cego de nascença foi curado por Jesus (João 9:10,11).
A Porta da Fonte representa para nós a necessidade da presença do Espírito Santo, porque assim como no deserto a água é um elemento indispensável para a vida, o Espírito de Deus é fundamental para o sustento de nossa alma. Por isso é importante que nós estejamos buscando esta Fonte que é Jesus, pois Ele nos dará água da vida, que é o Espírito Santo. O salmista tinha consciência disso: "Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por Ti ó Deus, suspira a minha alma" (Sl 42:1).
Num determinado dia, quando em Israel se comemorava a festa das cabanas, “Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, que venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isso disse ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem...”(João 7:37-39).
Aquela festa rememorava a experiência vivida por Israel no deserto quando Moisés tirou água da rocha para o povo beber. Naquela festa havia a cerimônia da água em que uma procissão liderada por um sacerdote descia ao tanque de Siloé onde um jarro de ouro era enchido de água e levado ao Templo. A água era derramada no altar, e os cantores do templo cantavam os Salmos 113 a 118. Também, aquela festa trazia em si o sentido da expectativa da vinda do Messias. Provavelmente, no oitavo dia, era realizada uma oração para que a chuva viesse sobre a terra. É nesse momento que Jesus, de pé, no meio do Templo, se apresenta como a Fonte das águas vivas.
Se ele disse ser a Fonte das águas vivas, podemos concluir que poderia haver outras fontes das quais as pessoas bebiam. Em Jeremias 2:13 está escrito: “Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas”.
Israel, como povo de Deus, havia deixado a Deus para cavar as suas cisternas tentando saciar a sede de sua alma em outros lugares. E naquela festa Jesus veio alertá-lo que não adiantava fazer a festa, o ritual, e buscar saciar a sede em outras fontes.
Esse brado de Jesus, também, é para nós hoje: “Se alguém tem sede, que venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre”. Hoje também, existem muitas fontes nas quais o homem tem procurado beber. O homem procura saciar a sua sede nas seitas heréticas, nas filosofias orientais, no esoterismo, meditando em pirâmides, buscando na ioga um equilíbrio interior, fazendo romarias a lugares “santos”, fazendo procissões em busca de um milagre, etc. Mas Tudo isso é improfícuo. As águas dessas cisternas são misturadas, inúteis para saciar a sede da alma. São águas que não curam as enfermidades do espírito. Disse Jesus: “Qualquer que beber desta água tornará a ter sede...”(João 4:13,14).
Portanto, Jesus Cristo é a Fonte eterna, por isso é inesgotável. Se sua vida é sem sentido, se você está sempre com aquele sentimento de que alguma coisa está faltando, Jesus é a Fonte da água da vida. Ele diz sempre: “venha a mim e beba”; “aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna”. A Água que Ele dá é o Espírito Santo.
7. A Porta de Mifcade(da Guarda)(Ne 3:31) – “Depois dele, reparou Malquias, filho de um ourives, até à casa dos netineus e mercadores, defronte da Porta de Mifcade...”. Tudo indica que esta Porta ficava adjacente ao Templo. Ela dava acesso aos corredores onde ficavam os oficiais que guardavam e vigiavam a cidade. Por esta porta entravam os guardas e os comandantes, aqueles que davam o aviso quando o inimigo chegava; ali as sentinelas ficavam na expectativa da chegada do inimigo. Se esta porta não estivesse perfeitamente fixada, a cidade estaria vulnerável aos ataques. Os lugares principais que deveriam ser guardados na Cidade eram o Templo e o palácio do Rei.
Mifcade quer dizer guardar e vigiar. Esta Porta nos faz lembrar a guarda dos preceitos divinos: “inclinei o meu coração a guardar os teus estatutos, para sempre, até o fim”(Sl 119:112). Devemos guardar a fé, a santidade e a Palavra de Deus em nosso coração para não pecarmos contra Ele(Sl 119:11), vigiando e orando em todo o tempo, para que não venhamos a cair em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca(Mt 26:41).
Precisamos estar atentos aos ardis, laços e ciladas do inimigo. Precisamos vigiar sempre, de dia e de noite. Neemias era um líder que vigiava, não dava chance ao inimigo - “Porém nós oramos ao nosso Deus e, como proteção, pusemos guarda contra eles, de dia e de noite”(Ne 4:9). Não basta orar, é preciso vigiar. Precisamos manter os olhos abertos. Muitos caem porque deixam de vigiar. Sansão caiu não diante de um exército, mas no colo de uma mulher. Davinão perdeu a mais importante batalha da sua vida no campo de guerra, mas na cama do adultério.O apóstolo Pedro, porque não vigiou, dormiu; porque dormiu na hora que devia orar, negou o seu Senhor. A ordem expressa do Senhor é: “... guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”(Ap 3:11).
8. A Porta do pátio do cárcere (Ne 3:25; 12:39) - O cárcere era uma prisão subterrânea que havia em Jerusalém. Fora dela havia um pátio fechado onde os detidos saiam para caminhar e pegar sol. Neste pátio o profeta Jeremias esteve preso (Jr 32:2).
Espiritualmente, simboliza “as cadeias” ou “prisões” que imobiliza o crente que se descuida da vigilância (João 8:32,36). As prisões podem ser quebradas pelo poder de Deus (At 16:26).
9. A Porta das Águas(Ne 3:26). Enquanto a Porta da Fonte fala do lugar onde brotam águas, a Porta das Águas fala das correntes que levam aos mananciais das águas. Não é uma fonte de onde emana água, mas um lugar de águas correntes.
A Porta das Águas é um símbolo do enchimento constante do Espírito na vida do cristão. É vital que todos os dias nos banhemos nas águas que correm do trono de Deus, antes de nos colocarmos diante dEle em adoração e louvor.
10. A Porta dos Cavalos(Ne 3:28). Naqueles dias, os cavalos eram peças essenciais nas guerras, sem os quais os carros não poderiam andar. Os cavalos simbolizavam as guerras, as batalhas, as lutas, enfim, as conquistas dos povos! Esta Porta ficava junto ao muro oriental.
A Porta dos Cavalos simboliza na nossa vida de batalhas e de lutas que enfrentamos diariamente. Sendo que a maior destas lutas é contra a nossa carne, pois ela milita contra o espírito com a intenção de nos afastar de Deus(Gl 5:17), sendo que em pecado fomos concebidos e o nosso coração tende para o mal.
11. A Porta Oriental(Ne 3:29). Acredita-se que esta é a porta pela qual Jesus entrou em Jerusalém, e que hoje se encontra lacrada! Espera-se que o Messias entre por ela em sua segunda vinda.
Na simbologia espiritual esta Porta representa a volta de Jesus (ler 1Ts 4:16,17). Por representar a volta do Senhor, significa que devemos estar prontos para o grande Dia do arrebatamento, ocasião em que iremos nos encontrar com o Senhor nos ares. É a maior e mais sublime esperança do cristão (ler João 14:1-3).
12. A Porta de Efraim(Ne 12:39). De Acordo com Gênesis 41:52, Efaim quer dizer:“duplamente frutífero”. Porção dobrada da herança era um direito de primogenitura (Dt 21:17; c/c 2Rs 2:9); bênçãos. Vós não me escolhestes a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda (João 15:16). Todo cristão é escolhido “do mundo”(João 15:19) para “dar fruto” para Deus(João 15:2,4,5,8). Esta frutificação se refere: (a) às virtudes espirituais tais como as mencionadas em Gálatas 5:22,23 – amor, alegria, paz,. Longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança; e (b) à conversão a Cristo, de outras pessoas (João 4:36; 12:24).
CONCLUSÃOAs 12 Portas estudadas aqui remontam ao contexto da reconstrução social da cidade antiga de Jerusalém na época de Neemias. Vimos quão preciosas lições elas nos trazem para nossa vida pessoal e espiritual.
Atualmente, a cidade velha de Jerusalém tem apenas oito portas, a saber: a Porta Nova, furada em 1887, que dá acesso direto ao bairro cristão; a Porta do Esterco - uma "porta de serviço" - por ela penetra-se no monte Moriah; a Porta das Flores (Herodes); a Porta de Jafa (Velha) - é a mais movimentada; a Porta de Damasco (Peixe) - se abre para a cidade de Nablus e para a Síria - e por ela se entra no bairro muçulmano; a Porta dos Leões - aponta para o Leste, para a cidade de Jericó; a Porta de Sião - está na direção de Hebron, ao Sul; a Porta Dourada(Porta Oriental) - é a única porta da muralha cujas entradas estão seladas.
Para a Igreja do Senhor, Deus preparou uma Cidade: a Jerusalém Celestial, a Nova Jerusalém. Nela existem também doze Portas(Ap 21:10-14), as quais não têm um significado de defesa, já que a paz é absoluta e as portas permanecerão sempre abertas; sua finalidade é exaltar a magnificência da imagem da cidade eterna. Segundo alguns estudiosos, as doze portas da Jerusalém Celestial representam Israel(Ap 21:14), e os doze alicerces representam a Igreja(Ap 21:14). Isto destaca o fato de que seus habitantes são os santos de Deus do Antigo e Novo Testamento. Brevemente, todos os salvos em Cristo habitarão para sempre nesta gloriosa Cidade, da qual Deus é o arquiteto e construtor (Fp 3:20;Hb 11:10,16). É a mais sublime esperança do cristão. “Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor”(Lm 3:26). Amém!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico Popular (Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal
Revista Ensinador Cristão – nº 48.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon - CPAD
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA
Caramuru Afonso Francisco – A Formosa Jerusalém Celestial
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domingo, 9 de outubro de 2011

Lição 2-Liderança em Tempos de Crise


Texto Básico: Neemias 2:11-18
“Bem vedes vós a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada e que as suas portas tem sido queimadas; vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém e não estejamos mais em opróbrio“(2:17).
INTRODUÇÃOLiderar em tempos de crise é um desafio; não é para qualquer um. Jerusalém estava em plena crise: estrutural, política, social e espiritual. O povo de Deus precisava de um líder com características inatas de liderança para reverter a situação. Deus nunca abandona seu povo; em épocas de crise, quando as circunstâncias pregam que não há mais jeito, Deus entra em ação. Neemias foi a pessoa certa que Deus levantou para mudar a situação caótica da cidade de Jerusalém. Ele era: corajoso, destemido, humilde, prudente, probo, cauteloso, comunicativo, empático, sábio, responsável, organizado, motivador, participativo, prospectivo, proativo, estrategista, determinado, perseverante, discernente, homem de oração, temente a Deus… Era um líder completo. Tal padrão de liderança é indispensável na vida de um líder eficaz em tempos de crise.
Vivemos num mundo fragmentado; há vidas quebradas, lares desfeitos e instituições públicas abaladas pela corrupção. A própria Igreja vive uma profunda crise de credibilidade e de liderança. A sociedade está enferma. Precisamos desesperadamente de líderes com as qualidades de Neemias.
I. AS CARACTERISTICAS DO LÍDER NEEMIAS
1. Um líder corajoso.
 “Coragem é aquela qualidade de espírito que capacita os homens a enfrentar o perigo, ou a dificuldade, com firmeza, ou sem medo”(SANDERS, J. Oswald. p.53). O líder deve ter coragem suficiente para tomar decisões difíceis. Coragem leva a ousadia. Ousadia é fazer coisas diferentes que deixam uma marca: uma marca na vida da família, das pessoas, da congregação, do povo, do bairro… Neemias foi um líder corajoso, que lutou contra as desavenças e encorajou o povo a fazer a obra de Deus (2:18), semelhante a Cristo que lutou contra a oposição do povo e encorajou seus discípulos a permanecerem firmes (João 15.18-27).
Neemias teve coragem de enfrentar os grandes desafios:
a) Motivou o rei a mudar sua política com relação a Jerusalém
. Certamente, este foi um grande desafio, talvez o maior dentre os demais. Neemias compreendeu que a reconstrução de Jerusalém passava pela decisão política do rei. A soberania de Deus não anula a responsabilidade humana. O rei Artaxerxes já havia decretado a paralisação da reconstrução do templo (Ed 4:21). Motivar o rei a mudar sua política se constituía uma causa e um sonho humanamente impossíveis. No sistema político medo-persa, a lei era maior que o rei. O rei era subalterno à própria lei. Dario não pôde voltar atrás em sua sentença contra Daniel. Veja, também, o caso dos judeus na época do rei Assuero(Ester 8:1-8). Portanto, o interdito assinado pelo rei Arataxerxes era maior que ele. Só um milagre poderia reverter a decisão política do rei. Contudo, os impossíveis dos homens são possíveis para Deus.
a.1) Neemias buscou a direção de Deus e o tempo certo antes de agir, com sabedoria e discernimento (1:11; 2:4). O sonho humanamente impossível torna-se realidade quando oramos e agimos no tempo oportuno de Deus, com discernimento e sabedoria, com objetivos claros diante de Deus e dos homens. Orar é pedir que Deus faça aquilo que não podemos fazer. Neemias orou por quatro meses. No dia em que foi falar com o rei, intensificou sua oração (1:11). Na hora que foi responder ao rei, tornou a orar (2:4); Neemias endereçou ao céu uma oração telegrama, breve, silente, eficaz.
Ele esperou um dia de festa, em que a rainha estava presente (2:6) - é preciso ter sabedoria para saber a hora certa de agir - é preciso agir no tempo de Deus.
Neemias sabia que a melhor maneira de influenciar os poderosos da terra era ter a ajuda do Deus todo-poderoso. Ele foi ao rei confiando no Rei dos reis. Ele conjugou oração e ação. Pela oração e ação de Neemias um obstáculo aparentemente intransponível foi reduzido a proporções domináveis. O coração do rei se abriu e os propósitos de Neemias foram contemplados.
a.2) Veja a seguir, resumidamente, os pedidos que Neemias fez ao rei - só um líder audaz e diligente fará isso.
· Ele pediu ao rei para mudar sua decisão política acerca de Jerusalém (2:5) - o rei tinha dado uma ordem para paralisar a obra de reedificação da cidade - Neemias pediu algo que alteraria um decreto do rei.
· Ele pediu ao rei para ser enviado com a missão de reconstruir Jerusalém (2:5) - Neemias recebeu seu chamado de Deus, mas precisa ser enviado pelo rei.
· Ele pediu cartas de recomendação (2:7) - antecipou soluções - foi prudente - demonstrou uma visão prospectiva e proativa.
· Ele pediu provisão para a viagem (2:8) - Não se faz a obra de Deus sem recursos - Neemias pede a quem pode atender - é necessário coragem para isso.
· Ele pediu proteção para a viagem (2:9) - Neemias não dispensou os oficiais do exército nem os cavaleiros - a proteção divina não anula a prudência humana. Precisamos confiar em Deus e manter a prudência e a cautela. O grande comandante Oliver Cronwell, que venceu os exércitos do rei Carlos I, na Inglaterra no século 17, ensinava os seus soldados a orar e manter a pólvora seca. [1]
b) Neemias não se abateu diante dos escárnios e zombarias. Ao chegar a Jerusalém, Neemias teve fortes oposições, que um líder corajoso poderia suportar; não faltaram críticas e zombarias à atitude desse servo de Deus: “Que é isso que fazeis?”(2:19). “Que fazem estes fracos judeus?”(4:2). Neemias, porém, não se intimidou; ele rompeu com o medo e foi corajoso, ainda que o inimigo ameaçasse frustrar seus objetivos (cap. 4).
Os féis de Deus constantemente enfrentam o escárnio e a zombaria, pelo fato de, a cada dia, procurarem viver uma vida de retidão entre os que não conhecem a Deus. O mundo continuamente despreza os padrões morais do cristão e zomba da sua dedicação a Cristo. Nossa confiança e nossa resposta devem ser as mesmas de Neemias: o Deus dos céus nos ajudará e por fim vindicará os justos(cf Ne 2:20)
2. Um líder prudente. Quando chegou a Jerusalém, Neemias agiu com muita prudência e discrição. A discrição é uma das marcas de um líder bem-sucedido. O silêncio, muitas vezes, é mais eloquente do que as palavras. Existem momentos que devemos esperar para relatar os nossos planos porque nem todos os liderados estão preparados para ouvi-los.
Neemias chegou discretamente a Jerusalém e passou vários dias observando e avaliando cuidadosamente o estado dos muros. Ele manteve em segredo a sua missão e inspecionou os muros sob a luz do luar para evitar comentários sobre a sua chegada e para evitar que os inimigos conhecessem os seus planos. Um anúncio prematuro poderia ter causado rivalidade entre os judeus sobre o melhor modo de começar o trabalho. Neste caso, Neemias não precisou de tediosas reuniões de planejamento; ele precisava de um plano que produzisse resultados imediatos.
Está escrito: “Todo prudente procede com conhecimento, mas o insensato espraia a sua loucura“(Pv 13:16). Portanto, um líder prudente e sábio analisa os problemas discretamente antes de encorajar seus liderados publicamente. Quando o líder sabe o que precisa ser feito, e aonde quer chegar e como chegar, seus liderados são encorajados a realizar a obra.
3. Um líder que sabia lidar com a oposição (ler Ne 2:9,10,19). Os inimigos estavam furiosos porque alguém se levantou para procurar o bem dos filhos de Israel e restaurar a cidade. Da mesma forma, hoje, os nossos inimigos não ficam sossegados quando alguém luta pela Igreja e se levanta para reconstruir a casa de Deus. Onde o povo de Deus busca restauração, avivamento, ocorre a fúria do inimigo.
Foram repetidas as vezes em que Neemias e o povo enfrentaram situações de oposição: quando Neemias teve permissão e recursos para voltar para Jerusalém, a oposição ficou profundamente perturbada (Ne 2:9,10); quando o povo declarou sua intenção de reconstruir os muros, a oposição zombou dele e o desprezou (2:18,19); quando o povo de fato começou a reconstruir os muros, a oposição “ardeu em ira, e se indignou muito, e escarneceu dos judeus” (4:1); quando o povo continuou a reconstruir os muros, a oposição ficou muito irada e conspirou atacá-lo e criar confusão (4:6-8); e, por fim, quando o povo concluiu a reconstrução dos muros, a oposição fingiu aceitar, mas queria prejudicá-lo (6:1-9).
Sambalate (governador de Samaria), Tobias(da nobreza dos amonitas) e Gesém(o árabe - possível rei de Quedar, segundo descobertas arqueológicas), tentaram de todas as maneiras tirar Neemias do foco, do projeto que estava comprometido. Estes inimigos usaram diversas estratégias para paralisar a obra, inclusive propondo ajuda na restauração da cidade. Neemias, porém, sempre prudente e sábio respondeu-lhes: “O Deus dos céus é o que nos fará prosperar”(Ne 2:20). Neemias não cedeu à pressão dos adversários. Ele confiou em Deus, e recusou dar ouvidos aos adversários.
Aprendemos algumas lições com esta postura inexorável de Neeemias:
1)
 O verdadeiro líder não se deixa desencorajar por ataques pessoais injustos.
2) O bom líder se preocupa com a causa em que está envolvido.
3) O líder de Deus não se cansa enquanto não vê a obra das suas mãos concluída.
Em cada geração existem aqueles que odeiam o povo de Deus e tentam impedir a realização dos seus propósitos(ler 1João 3:13). Ao tentar realizar a obra de Deus, alguns se oporão e outros até mesmo desejarão que você não consiga realizá-la. Saber que Deus é o idealizador e o patrocinador de sua tarefa é o melhor incentivo para prosseguir, mesmo diante da oposição. Deus é mais forte do que todos os seus adversários. Se confiarmos nele, teremos bom êxito no trabalho.
II. ASPECTOS DA LIDERANÇA DE NEEMIAS
1. Neemias motiva seus liderados.
 O verdadeiro líder é aquele que motiva as pessoas a abraçar o seu projeto. Como um exímio administrador, Neemias conhecia bem a arte de motivar e mobilizar as pessoas. Ele move o povo ao sentimento do patriotismo. Ele abre seus olhos para a realidade em que viviam. Neemias mostra que não podemos nos conformar com o caos, com a crise, com o opróbrio. Ele chama o povo para trabalhar; jamais a reforma teria sido feita se o povo não se envolvesse. Cada um precisa fazer sua parte. Não adianta culpar os outros e apenas ver o que eles precisam fazer.
Foi convocada uma assembleia dos lideres dos judeus e o assunto lhes foi exposto claramente. “Bem vedes vós a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada e que as suas portas tem sido queimadas; vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém e não estejamos mais em opróbrio“(2:17). Então ele lhes contou como Deus o tinha convocado para realizar essa missão, e como o Senhor tinha agido sobre o rei para que o ajudasse, não apenas ao dar-lhe a autoridade como governador(5:14), mas também ao tornar disponíveis a ele os materiais necessários para realizar o trabalho. Este fervoroso apelo recebeu resposta rápida. Impressionados com o zelo de Neemias, os líderes judeus responderam imediatamente: “Levantemo-nos e edifiquemos”(2:18).
O sumo sacerdote foi o primeiro da lista a abraçar a obra (3:1). Sua posição de liderança não o isentou do trabalho, mas o fez exemplo para os demais. O líder precisa estar na frente. Ele não pode querer que os outros abracem a obra se ele não está na frente. Privilégio e responsabilidade andam juntos. O líder é aquele que se identifica com o povo, é exemplo para o povo e trabalha com o povo.
Os sacerdotes, de igual forma, lançaram mão à obra (3:22,28). Eles não apenas trabalharam na obra, mas fizeram mais do que se esperava deles.
Os ourives também se envolveram com a obra (3:8,31). Eles também poderiam ter se desculpado, dizendo: “Nós temos as mãos finas, só trabalhamos com coisas delicadas”. Mas eles pegaram em pedra bruta e assentaram tijolos.
Os regentes de dois distritos, semelhantemente, se dispuseram a trabalhar (3:9,12,14,15,16). Eles deixaram seus aposentos de conforto para trabalhar ombro a ombro com as classes operárias. Trabalharam sem rivalidades ou ressentimentos.
A motivação de Neemias contaminou todas as pessoas, ninguém ficou de fora. Homens de lugares diferentes e de diferentes ocupações trabalharam juntos no muro. Além dos que foram citados acima, também participaram da obra: os levitas, chefes e pessoas comuns, porteiros e guardas, fazendeiros, farmacêuticos, mercadores, empregados do templo e mulheres. O líder é aquele que vê o potencial de cada pessoa e a motiva a acreditar em si mesma. Só gente abnegada como Neemias pode liderar um povo a se levantar e agir.
Mas alguém pode perguntar: ninguém se recusou a participar? Claro que sim. Na obra de Deus, o líder não deve esperar por unanimidade. A elite de Tecoa, a cidade natal do profeta Amós, não quis sustentar o trabalho em Jerusalém e recusou-se a participar da reconstrução do muro(Ne 3:5). Todavia, Neemias não permitiu que a rejeição dessas pessoas tirasse seu entusiasmo e otimismo. Ele trabalhou com quem estava disposto a trabalhar. Bem disse o rev. Hernandes Dias Lopes: não podemos permitir que a omissão ou a ausência de alguns nos tirem a alegria da presença de outros, nem podemos permitir que o desestímulo de alguns desvie os nossos olhos do alvo que é a reconstrução da cidade. Devemos nos alegrar mais com aqueles que estão conosco do que nos entristecermos com aqueles que estão de braços cruzados.[1]
Atualmente, Deus continua delegando tarefas diferentes aos cristãos e concedendo dons e habilidades distintos, conforme o propósito de nosso chamado. Além disso, ele conhece os que trabalham em dobro e os que não se envolvem com sua obra. No porvir, isto é, no Tribunal de Cristo, todo serviço ao Senhor será examinado. Está escrito: “a obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um“(1Co 3:13).
2. Neemias estabelece parcerias. Sozinho, Neemias não poderia cumprir a sua missão. Por isso embeleceu parcerias. Ele mobiliza o povo para o trabalho e torna-se o pai do chamado mutirão. Neemias participou ativamente dos trabalhos. Ele não disse “vá e construa”, mas “vinde e construamos!”(2:17); não só liderava, também fazia parte da equipe. Ele era um grande e admirável exemplo para o seu povo. Jamais deixou de labutar junto ao povo - “E nem eu, nem meus irmãos, nem meus moços, nem os homens da guarda que me seguiam largávamos as nossas vestes; cada um ia com suas armas à água“(Ne 4:23).
Disse o pr. Elinaldo Renovato: “líder não é o que manda, mas o que comanda; líder não é o que ordena: ‘façam’, mas o que motiva: ‘façamos’. O pseudolíder esbraveja: ‘Aqui, quem manda sou eu!’. Quem assim age, jamais será um líder, mas um capataz”.
3. Neemias prima pela organização. No capitulo 3 é-nos fornecida, principalmente, uma lista daqueles que participaram da construção. À primeira vista, isso parece não ter qualquer interesse intrínseco, mas depois de cuidadosas considerações, podemos concluir que em um projeto comunitário, grande importância deve ser dada à organização cuidadosa, e à certeza da cooperação por parte de todos os membros da comunidade.
Neemias se preocupou com a organização: nomeou as pessoas certas para os lugares certos(ver Ne 3:2-15). Cada parte do muro tinha o seu construtor, e parece que Neemias dedicou uma cuidadosa atenção à distribuição adequada das tarefas. Ele sabia onde cada pessoa devia estar, onde devia trabalhar e o que devia fazer. Alguns tinham a responsabilidade de reconstruir os muros desde o alicerce, enquanto outros tiveram apenas de fazer reparos. Cada um sabia o que se esperava de sua tarefa. Em todo trabalho, houve coordenação e organização. A organização e o trabalho em equipe são um dos segredos do sucesso.
III. É HORA DE RECONSTRUIR
Reconstruir era o grande desafio.
 Apesar dos que se opunham, nada impediu o avanço e conclusão da obra de Deus. O capítulo 6 diz que os inimigos conspiraram e intimidaram o povo de Deus e usaram até de suborno para atemorizar Neemias(Ne 6:13). Mas ele era um líder determinado e estava convicto de sua missão. É assim que precisamos ser, pois estamos fazendo uma grande obra e não podemos parar ou recuar.
1. Uma cidade destruída. Chegando a Jerusalém e permanecendo na cidade por três dias, Neemias percebe, depois de andar pelas ruas de Jerusalém, à noite, que tudo que tinha ouvido falar era verdade: a cidade estava destruída. Os escombros fechavam os caminhos. Além disso, havia insegurança pública, injustiça social, pobreza e extrema miséria(Ne 2:17). Parecia ser uma causa perdida. As coisas pareciam imutáveis. Mexer em algo tão sedimentado dava medo. Alguns pensavam: “É melhor deixar as coisas como estão. É melhor não revirar essas pedras. Vai levantar muita poeira. Vai trazer muita coisa à memória. Nós não vamos dar conta. Nossos inimigos vão escarnecer de nós”.
A restauração de Jerusalém não interessa a todas as pessoas. Há quem lucra com os escombros. Durante os 120 anos que se seguiram depois dos muros terem sido derrubados pelos caldeus(2Cr 36:19), dezenas de milhares de habitantes de Jerusalém literalmente viram aquilo e não fizeram nada. O que o povo precisava era de um líder que os motivasse à luta, que traçasse um plano de ação e os conduzisse por todo o processo de reconstrução. Deus chamou Neemias para realizar essa grande obra - “…o que o meu Deus me pôs no coração para fazer em Jerusalém“(Ne 2:12). Muitos viram a desolação da cidade, alguns choraram sobre ela, mas somente Neemias a reconstruiu. Não basta apenas lamentar o caos em que se encontra a sociedade. É preciso conceber sua restauração como alvo supremo da nossa vida.[1]
Uma grande obra pode começar quando um homem se levanta e se coloca nas mãos de Deus. O sonho humanamente impossível torna-se realidade quando você ora e age no tempo oportuno de Deus, com discernimento e sabedoria, com objetivos claros diante de Deus e dos homens. Quais são os sonhos que lhe parecem impossíveis? Quer começar a orar, a chorar e jejuar por eles?
2. Dedicação total ao trabalho (ler Ne 4:21,23). A reconstrução dos muros de Jerusalém não é a história de uma única pessoa de sucesso. Os muros foram reconstruídos porque muitas pessoas se ajudaram entre si e trabalharam em conjunto, com dedicação total.
Motivadas pelas palavras incentivadoras do grande líder Neemias, e também pelo exemplo que dava às pessoas, participando dedicadamente ao trabalho (liderança se faz com exemplo), se uniram, família por família, e trabalharam por admiráveis 52 dias com espadas em uma mão e trolhas na outra, reconstruindo os muros. Os construtores trabalhavam “desde o raiar do dia até ao sair das estrelas”(Ne 4:21). Deus nos chama para o serviço. Os preguiçosos nunca se envolvem, ou cedo desistem.
O trabalho de Deus exige dedicação, esforço, suor, constância. O chamado de Deus não é para o ócio, mas para o trabalho. Nem mesmo na eternidade, estaremos desobrigados do trabalho, pois no céu os remidos servem o Senhor. Se quisermos ver a reconstrução da família, da igreja e da sociedade, precisamos trabalhar enquanto é dia e na medida das nossas forças“.[1]
3. A divisão do trabalho. Todos os cidadãos de Jerusalém fizeram a sua parte no imenso trabalho de reconstrução dos muros da cidade. Os capítulos 03 e 04 do livro de Neemias mostram claramente como ele colocou a obra diante de si, delegando tarefas a grupos específicos. Havia todo o tipo de trabalhadores e o resultado foi surpreendente. Assim, Neemias enxergou o trabalho como meio de se atingir um objetivo específico; não teve medo de delegar responsabilidades; foi capaz de enxergar os obstáculos e vencê-los.
Deus usou várias pessoas diferentes, de profissões diferentes, de graus culturais diferentes para construir o muro. Todos deviam estar juntos trabalhando. Todos precisavam uns dos outros, e eles sabiam disso. Vemos aqui unidades familiares; pessoas segundo suas cidades; suas perícias - ourives, perfumistas (Ne 3:8); suas profissões - os mercadores (3:31,32) e suas vocações - os sacerdotes (3:1,21,22,28); os levitas (3:17,18), os servos do templo (3:26); os maiorais dos distritos (3:9,12,15-17). Certo homem mobilizou até mesmo suas filhas (3:12).
Ao lermos os textos de Neemias 3:2-15, veremos que as expressões “junto a ele”, “ao seu lado”, “junto dele”, “depois dele” mostram que todos trabalhavam em harmonia. Não havia disputas, ciúmes, brigas ou melindres. Cada um devia estar contente com a sua tarefa. Todos deviam trabalhar para o mesmo propósito: a reconstrução da cidade. Não existia ninguém buscando glória pessoal. Os membros da equipe completavam-se uns aos outros - jamais competiam uns com os outros.
Semelhantemente, o trabalho da igreja exige o esforço de cada membro, visando o mesmo objetivo: o engrandecimento do reino de Deus. A união, comunhão e unidade são os pilares sustentadores da obra do Senhor Jesus, e imprescindíveis para que o Corpo de Cristo funcione eficientemente (1Co 12:12-27).
CONCLUSÃOApesar da crise, há muito para se reconstruir em nossos dias. O mundo (humanidade) está com os muros fendidos e as portas destruídas. A humanidade está em calamidade espiritual, moral e material. Deus precisa contar com mulheres e homens destemidos e determinados para refazer lares e revitalizar vidas. Se alguém quiser desanimá-lo e pedir para desistir faça como Neemias: “Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer. Por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?” (Ne 6: 3). Amém?
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço - Prof. EBD - Assembléia de Deus - Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:William Macdonald - Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal
Revista Ensinador Cristão - nº 48.
O Novo Dicionário da Bíblia - J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon - CPAD
Comentário Bíblico NVI - EDITORA VIDA
[1] Hernandes Dias Lopes - Neemias -o líder que restaurou uma nação
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sábado, 1 de outubro de 2011

1° Ebd Kids

A escola dominical da Assembléia de Deus em Chã Grande promove no mês das crianças o 1° Ebd Kids.