Texto Básico:Lucas 17:20,21; Mateus 18:1-5; Marcos 10:42-45
"Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho" (Mt 11.5).
INTRODUÇÃODepois da morte e ressurreição de Cristo, revela-se o mistério de Deus(Ef 3:1-6): a Igreja. Ao criar a Igreja, Jesus não pensou na formação de grupos sociais onde as pessoas apenas se confraternizassem e sentissem a presença de Deus em suas vidas, rotineira e habitualmente, algumas vezes por semana entre quatro paredes, mas, bem ao contrário, criou grupos de homens e mulheres que assumissem o compromisso de cumprirem deveres, obrigações, de executar ordens e tarefas deixadas pelo próprio Jesus para que as fizessem. Para tanto, o Senhor, inclusive, nos enviou como ovelhas ao meio de lobos (Mt 10:16).
Nesta aula, estudaremos a respeito da relação entre a Igreja e o Reino de Deus. Como a igreja se relaciona com o propósito do Reino? Qual o seu papel, a sua missão? Não podemos entender a sua missão independentemente da missão de Jesus, a Cabeça da Igreja. Portanto, se Jesus veio inaugurar o Reino, a missão da igreja não pode ser outra senão a manifestação, ainda que não plena, do Reino de Deus, em palavras e obras, no poder do Espírito Santo.
I. O REINO DE DEUS E A IGREJA
1. Igreja, representante do Reino. “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”(1Pedro 2:9). No Antigo Testamento Deus constituiu o povo de Israel para representá-lo diante dos outros povos da Terra (Lv 26:12). Neste período da Graça de Deus, Ele comissionou a Igreja de Jesus Cristo para que o representasse neste mundo. Não nos referimos a uma congregação isoladamente, mas à Igreja universal, composta de todos aqueles que, em todas as épocas, nações, reinos e tribos, atenderam à mensagem do Evangelho e renderam-se à salvação ofertada por Deus em Jesus Cristo.
A Grande Comissão não foi dada por Cristo para outra instituição que não à Igreja. E Ele espera que todos, como corpo, possamos dar continuidade aos desafios inerentes a nossa vocação: ir atrás dos perdidos (e não apenas esperar que eles adentrem na igreja para ouvir a pregação), ensinar (utilizando o ensino como ferramenta para formação e fortalecimento de igrejas e crentes) e batizar (a identificação com Cristo em sua morte).
2. A Igreja é comissionada por Cristo. Depois de ter consumado a obra da redenção do homem no Calvário (João 19:30), sacrifício aceito pelo Pai como nos prova a ressurreição(At 3:25,26; 13:29,20), Jesus, após ter passado quarenta dias dando prova da sua ressurreição aos discípulos e falado a respeito do reino de Deus (At 1:3), explicitamente determinou qual seria a Comissão Principal da Igreja. Mandou que o evangelho fosse pregado por todo o mundo a toda a criatura (Mc 16:15), uma ordem que estabeleceu um verdadeiro dever a todo cristão, a ponto de o apóstolo Paulo ter exclamado: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!”(2Co 9:16).
Portanto, uma vez comissionada por Cristo, a Igreja representa o Reino de Deus na sociedade. É o maior agente, transformador do caráter do ser humano, mediante a mensagem do Evangelho. Evangelizando, a igreja muda o cenário da sociedade, na qual acha-se estabelecida. Pessoas dantes viciadas em drogas, álcool, prostituição, etc., mediante a aceitação da mensagem do Evangelho tornam-se pessoas de caráter irrepreensível.
Quando os cristãos têm consciência que a tarefa primordial da Igreja é a evangelização, passam a entender que sua existência gira em torno dessa missão dada a cada crente, que é membro do corpo de Cristo em particular (1Co 12:27). Assim, tudo quanto fizermos nesta vida, em qualquer setor ou aspecto, deve levar em consideração, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça (Mt 6:33).
Todas as nossas ações, todo o nosso cotidiano deve ser criado e executado diante da perspectiva de que somos testemunhas de Cristo Jesus (At 1:8) e que devemos, portanto, testificar do Senhor, mostrar ao mundo, através de nossas boas obras, que Deus é nosso Pai, que somos filhos de Deus e, por meio deste comportamento, levar os homens a glorificar o nosso Pai que está nos céus (Mt 5:16).
3. A Igreja na sociedade. Também por estar no mundo e por se apresentar em grupos sociais, as chamadas “igrejas locais”, a Igreja acaba tendo de ter um papel importantíssimo perante a sociedade. Deus não nos tirou do mundo nem Jesus quis que isto se fizesse (João 17:15) e, diante desta realidade, assim como fez nosso Senhor, devemos, também, ter uma atuação social digna de nota, que sirva de testemunho de nossa comunhão com Deus.
Uma comunidade cristã que não interage com as pessoas à sua volta não completará a Grande Comissão, pois precisa justamente da interação para fazer Deus conhecido. Quando utilizamos essa expressão, não estamos dando a entender que a igreja precisa envolver-se com as práticas do mundo, ou associar-se a ele em seus pensamentos e ações. Não foi esse o projeto de Deus. Se uma igreja se associa com o mundo, acaba se parecendo com ele, perdendo sua característica de agente transformador comissionado pelo Senhor. Quando se fala em a Igreja interagir, isso implica viver e agir com o outro sem perder suas particularidades. Uma igreja pode envolver-se em ações sociais sem comprometer sua vocação e mensagem. Dependendo da sua estrutura, pode prestar assistência social - primeiramente aos domésticos da fé, como ordena a Palavra de Deus - a todos que precisarem, e oferecer-lhes o pão do céu, sempre mostrando que o alimento material é insuficiente sem o espiritual.
II. O REINO DE DEUS PRESENTE NA IGREJAO Reino de Deus se faz presente na Igreja através da pregação cristocêntrica, da comunhão e do serviço.
1. Na pregação cristocêntrica. A Igreja deve manifestar o Reino de Deus neste mundo mediante a pregação do Evangelho. Pregação essa que deve ser cristocêntrica, ou seja, a pregação que tem por centro, por fundamento a pessoa de Jesus. Infelizmente, muitas igrejas locais não proclamam mais o Cristo crucificado. Reduzem Jesus a um mero psicólogo, mestre, executivo, almoxarife, bancário, etc. Mas a Igreja que tem o compromisso com o Reino de Deus tem como principal característica a pregação cristocêntrica.
A Igreja primitiva demonstrava com clarividência essa característica, que não deve ser alterada. No dia de Pentecostes, vemos Pedro, com ousadia, proclamando o Cristo crucificado e ressuscitado (At 2:31-36). Paulo foi o maior paradigma da Igreja com relação a esta característica. Ele mesmo diz: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado"(1Co 2:2).
Quando pregamos um evangelho voltado para o ser humano, para a satisfação das suas necessidades, para a vaidade e engrandecimento do homem, para glorificação de homens e de personalidades, estaremos a pregar um outro evangelho.
O Evangelho é o anúncio de Cristo, é a divulgação aos homens de que Cristo é o caminho, a verdade e a vida e que ninguém vai ao Pai a não ser por Jesus(João 14:6). Jamais Cristo deve ser substituído por nenhum outro assunto nos cultos e pregações.
2. Na comunhão. "E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações" (At 2.42).
A ”Comunhão” é a principal característica da Igreja. É a sua marca perante a humanidade, a característica indispensável para que o Senhor possa realizar a sua obra através do seu povo. Pela comunhão, a Igreja mostra-se como um povo perante os demais seres humanos e, graças a ela, pode cumprir todas as tarefas determinadas a ela. Tanto assim é que o relato de Lucas a respeito da igreja primitiva termina com o cumprimento da principal missão da Igreja: “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”(At 2:47 ). O segredo para o rápido crescimento da Igreja Primitiva foi a comunhão entre os crentes. A Igreja somente progrediu mediante a comunhão e unidade de seus membros(At 2:47).
A expressão “comunhão” é típica da Igreja, tanto que só é encontrada nas Escrituras Sagradas em o Novo Testamento. Seu primeiro aparecimento na Bíblia é em At 2:42, na primeira descrição deste novo povo de Deus, quando se diz que os crentes perseveravam na doutrina dos apóstolos e na “comunhão”.
Várias metáforas são utilizadas para representar a Igreja quando se fala em comunhão. A igreja é comparada como uma “família”, um “exército”, um “templo’, uma ‘noiva”. Mas a figura predileta de Paulo para descrever a igreja é como um “corpo”. Um corpo tem interação, os órgãos se comunicam entre si. Cada parte é útil para o corpo como um todo e há interdependência delas (Ef 4:16; Cl 2:19). A Igreja é um corpo, cuja cabeça é Jesus Cristo. Ora, um corpo não pode subsistir sem que haja união entre seus membros, bem como entre os membros e a cabeça. Antes de existir comunhão precisa existir união. Uma é pré-requisito para a outra. Aceitar a Cristo é também aceitar fazer parte de seu corpo.
A bênção do Senhor depende da existência de um ambiente de união entre os irmãos. O salmo 133 mostra com clareza esse fato: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desceu sobre a barba, a barba de Arão, que desceu sobre a gola das suas vestes; como o orvalho de Hermom, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordenou a bênção, a vida para sempre”(Sl 133).
Este salmo revela que, somente num ambiente de união, o Espírito Santo atua plenamente; somente num ambiente de união, cada membro em particular do corpo de Cristo (figurado por Arão, o escolhido para o sacerdócio) se deixa envolver plenamente pelo Espírito Santo (figurado pelo azeite); somente num ambiente de união, o refrigério do Espírito Santo pode nos consolar e nos permitir, mesmo neste mundo de sequidão e necessidade, termos a paz, a alegria e o amor divinos (figurados pelo orvalho de Hermom); somente num ambiente de união, a Igreja prossegue vitoriosa para se encontrar com o seu Senhor nos ares, cheia de vida espiritual e abençoada nos lugares celestiais em Cristo (João 15:5,6; Ef 1:3), porque é no ambiente de união que “…o Senhor ordena a vida e a bênção para sempre”.
3. No serviço. “Bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim” (Mt 24:46). O serviço é uma parte indissociável da vida do salvo. Todo salvo tem de servir a Deus, tem de lhe prestar um serviço e, para que não houvesse qualquer dúvida a respeito, o próprio Jesus foi chamado de “o Servo do Senhor”, notadamente no livro do profeta Isaías, onde há “quatro cânticos do Servo”(Is 42:1-4; 49:1-6; 50:4-9 e 52:13-53:12) a fim de nos dar o exemplo de que como deveríamos nos comportar enquanto Igreja, enquanto corpo de Cristo(1Co 12:27).
O Senhor concedeu a todos os que creem pelo menos o dom da salvação e da fala, e é com este talento que devemos negociar até que Ele volte. Paulo revela-nos que “todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2Co 5:10).
Portanto, cada um na função que foi estabelecida pelo Senhor, temos de servi-lo: pregando o Evangelho; integrando os salvos na igreja local; aperfeiçoando os santos mediante o estudo da Palavra de Deus; adorando a Deus; buscando influenciar o mundo para que ele viva de acordo com a vontade de Deus; dando um bom testemunho para que os homens glorifiquem ao Senhor; ajudando o próximo, tanto material quanto espiritualmente; lutando pela preservação da sã doutrina e pela manutenção de uma vida avivada na igreja local a que pertencemos. Temos feito isto que o Senhor nos determina? Temos cumprido as tarefas cometidas pelo Senhor?
Outrossim, a Igreja de Cristo é um organismo vivo e sua função não se limita à proclamação do Evangelho. Ela serve a Deus, mas também ao próximo (Mc 12:29-31). Aliviar os sofrimentos e as angústias de outras pessoas, principalmente dos necessitados, é serviço Cristão. Recomenda-nos o apóstolo Paulo: “Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo”(Gl 6:2). Esse tipo de serviço é também um testemunho de amor cristão. Provavelmente Tiago tenha falado que a fé sem as obras seja morta, nos exortando ao serviço para o bem comum. Está escrito: “Aquele que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado”(Tg 4:17). Jesus declarou o seguinte: “E aquele que der até mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, na qualidade de discípulos, em verdade vos digo, que de modo algum perderá sua recompensa”(Mt 10:42 ).
Portanto, a proclamação do Evangelho, a comunhão e o serviço farão da Igreja uma autêntica expressão do Reino de Deus (Tg 2:14-26). Pense nisso!
III. QUEM É O MAIOR NO REINO DE DEUS.Em meio à Páscoa e à instituição da Ceia, surgiu uma questão entre os discípulos. Quem era o maior? Certamente eles não entenderam as palavras de Jesus a respeito da morte dEle. Ainda pensavam no Mestre apenas como um rei secular; estavam preocupados com as posições que ocupariam no reino que Ele ia instalar, por essa razão ignoraram as palavras de Jesus a respeito de sua morte e começaram a discutir sobre quem ocuparia o maior cargo. É triste que, estando Jesus tão perto da cruz, seus discípulos mais íntimos estavam tão longe do espírito dEle.
Essa discussão era um sinal de que os apóstolos ainda não entendiam nada do que estava acontecendo. Talvez motivados pelo anúncio da traição de um deles, ficaram discutindo sobre quem tinha traído e, consequentemente, sobre quem era o mais fiel, e essa discussão derivou para o grande tema da noite: Quem era o maior. Em vez de se humilharem, reconhecendo a fragilidade do momento, pelo contrário, desejaram o poder.
Mas os discípulos não se parecem conosco? Ah! Certamente! Dentro de nossas igrejas existem muitos que lutam pelas posições de poder, esquecendo-se do serviço, esquecendo-se de que o parâmetro estabelecido por Jesus é totalmente diferente.
Em resposta a essa cegueira espiritual, Jesus contrapôs o costume das nações, dos reis e governantes que dominam sobre as pessoas, e como devia ser o ambiente da comunidade dos discípulos: “O maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve”(Lucas 22:26). Portanto, quem é o maior no Reino de Deus? É aquele que é humilde, possui a sinceridade de uma criança e se faz servo de todos.
1. O “maior” em humildade. A verdadeira grandeza é vista no cristão que expressa sua fé e seu amor a Cristo, em sincera humildade, no desejo de servir tanto a Deus, quanto aos homens, e na disposição de ser considerado o menos importante no reino de Deus(Fp 2:3).
A verdadeira grandeza não está na posição, no cargo, na liderança, no poder, na influencia, nos diplomas de nível superior, na fama, na capacidade, nas grandes realizações, nem no sucesso. O que importa não é tanto o que fazemos para Deus, mas o que somos em espírito interiormente diante de Deus.
A cerca da humildade falou Salomão: “O temor do Senhor é a instrução da sabedoria; e adiante da honra vai à humildade”(Pv 15:33); “Antes da ruína eleva-se o coração do homem; e adiante da honra vai à humildade”(Pv 18:12).
Davi falou: “Ainda que o Senhor é excelso, contudo atenta para o humilde; mas ao soberbo, conhece-o de longe”(Sl 138: 6).
Dela também fala Paulo: “Revestí-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade”(Cl 3:12).
Jesus ensinou a humildade: “Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus”(Mt 18:4).
Dentre tantas outras referencias bíblicas, citamos aqui algumas, para lembrarmos da importância da humildade na vida do Servo de Deus. Portanto, para ser grande no Reino de Deus precisa antes ser humilde: “O Senhor eleva os humildes, e humilha os perversos até a terra”(Sl 147:6).
2. O “maior” deve ser como uma criança. Pa mostrar aos discípulos quem eram o maior no reino de Deus, Jesus lhes apresentou uma parábola viva. Ele usou para essa lição um elemento totalmente inesperado para eles. Jesus tomou uma criança e, certamente, a colocou no colo e lhes ensinou: “Portanto, aquele que se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no Reino dos céus”(Mt 18:4).
A criança, além de ser o símbolo da despretensão, da fraqueza e da dependência, era o símbolo da pureza de fé, da humildade e principalmente da falta de hipocrisia, isto é, da sinceridade e da transparência. Naqueles dias, a criança não tinha qualquer valor na sociedade, assim como os escravos. E a lição ensinada acabava com qualquer pretensão: O menor é o maior, e quem recebe o menor recebe a Jesus e ao Pai que o enviou. Quem acolhe os pequenos, humildes e sinceros acolhe Jesus e a Deus que o enviou “(ler Lucas 18:46-48). Portanto, a pessoa maior no Reino de Deus é aquela que se humilha como uma criança.
3. O “maior” deve ser servo de todos. Jesus mudou completamente a maneira de nos relacionarmos. Ele inverteu o esquema do poder estabelecendo novas regras, regras que deviam ser respeitadas em sua nova comunidade. Nada de um dominando sobre o outro, mas um colaborando com o outro; um abençoando o outro. Tendo em vista a comunhão, o poder de dominação cedeu lugar ao poder do serviço e do amor. E, conforme atestou posteriormente o apóstolo Paulo, em Filipenses 2:7, o próprio Jesus é o nosso modelo.
As palavras de Jesus em Lucas 22:27 são contundentes: “Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve”. Jesus é o maior, mas está entre todos como aquele que serve. Ah! Quando soubermos respeitar e amar aquele que serve, certamente saberemos respeitar a todos.
Temos desejado o primeiro lugar? Ou estamos dispostos a servir até aquele que acha que devia servir-nos? Esse é o desafio do evangelho! Se Jesus se entregou por nós, por que não podemos nos entregar aos irmãos? Um dia, estaremos para sempre como o Senhor, mas enquanto esse dia não chega, sigamos o exemplo de Cristo, que sendo Deus, tomou a forma de servo (Fp 2:5-11).
CONCLUSÃODada a importância da igreja no propósito de Deus, ela é chamada para expressar a realidade do reino, para ser o principal agente do reino de Deus no mundo. Para que isso aconteça, a igreja precisa manifestar os sinais do reino, ser instrumento do reino na vida das pessoas, da sociedade, do mundo. Sempre que a igreja buscar em primeiro lugar a glória de Deus, fazer a vontade de Deus, viver uma vida de humildade, amor, abnegação, altruísmo, solidariedade, etc., ela se torna agente transformador e instrumento do reino de Deus.
Aspectos do reino podem se manifestar, e com freqUência se manifestam, fora dos limites institucionais da igreja. Quando isso ocorre, a igreja deve se regozijar com essas manifestações, apoiá-las e incentivá-las. Todavia, existem aspectos do reino que só a igreja pode evidenciar, principalmente a proclamação do evangelho, das boas novas do amor de Deus revelado em Cristo. Que venhamos, como Igreja do Senhor Jesus Cristo, evidenciar o Reino de Deus neste mundo através de nossa vida, testemunho e proclamação do Evangelho.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Revista Ensinador Cristão – nº 47.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Caramuru Afonso Francisco - Comunhão dos santos - a missão conciliadora da igreja.
Claudionor de Andrade – União Cristã, o vínculo da perfeição.
"Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho" (Mt 11.5).
INTRODUÇÃODepois da morte e ressurreição de Cristo, revela-se o mistério de Deus(Ef 3:1-6): a Igreja. Ao criar a Igreja, Jesus não pensou na formação de grupos sociais onde as pessoas apenas se confraternizassem e sentissem a presença de Deus em suas vidas, rotineira e habitualmente, algumas vezes por semana entre quatro paredes, mas, bem ao contrário, criou grupos de homens e mulheres que assumissem o compromisso de cumprirem deveres, obrigações, de executar ordens e tarefas deixadas pelo próprio Jesus para que as fizessem. Para tanto, o Senhor, inclusive, nos enviou como ovelhas ao meio de lobos (Mt 10:16).
Nesta aula, estudaremos a respeito da relação entre a Igreja e o Reino de Deus. Como a igreja se relaciona com o propósito do Reino? Qual o seu papel, a sua missão? Não podemos entender a sua missão independentemente da missão de Jesus, a Cabeça da Igreja. Portanto, se Jesus veio inaugurar o Reino, a missão da igreja não pode ser outra senão a manifestação, ainda que não plena, do Reino de Deus, em palavras e obras, no poder do Espírito Santo.
I. O REINO DE DEUS E A IGREJA
1. Igreja, representante do Reino. “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”(1Pedro 2:9). No Antigo Testamento Deus constituiu o povo de Israel para representá-lo diante dos outros povos da Terra (Lv 26:12). Neste período da Graça de Deus, Ele comissionou a Igreja de Jesus Cristo para que o representasse neste mundo. Não nos referimos a uma congregação isoladamente, mas à Igreja universal, composta de todos aqueles que, em todas as épocas, nações, reinos e tribos, atenderam à mensagem do Evangelho e renderam-se à salvação ofertada por Deus em Jesus Cristo.
A Grande Comissão não foi dada por Cristo para outra instituição que não à Igreja. E Ele espera que todos, como corpo, possamos dar continuidade aos desafios inerentes a nossa vocação: ir atrás dos perdidos (e não apenas esperar que eles adentrem na igreja para ouvir a pregação), ensinar (utilizando o ensino como ferramenta para formação e fortalecimento de igrejas e crentes) e batizar (a identificação com Cristo em sua morte).
2. A Igreja é comissionada por Cristo. Depois de ter consumado a obra da redenção do homem no Calvário (João 19:30), sacrifício aceito pelo Pai como nos prova a ressurreição(At 3:25,26; 13:29,20), Jesus, após ter passado quarenta dias dando prova da sua ressurreição aos discípulos e falado a respeito do reino de Deus (At 1:3), explicitamente determinou qual seria a Comissão Principal da Igreja. Mandou que o evangelho fosse pregado por todo o mundo a toda a criatura (Mc 16:15), uma ordem que estabeleceu um verdadeiro dever a todo cristão, a ponto de o apóstolo Paulo ter exclamado: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!”(2Co 9:16).
Portanto, uma vez comissionada por Cristo, a Igreja representa o Reino de Deus na sociedade. É o maior agente, transformador do caráter do ser humano, mediante a mensagem do Evangelho. Evangelizando, a igreja muda o cenário da sociedade, na qual acha-se estabelecida. Pessoas dantes viciadas em drogas, álcool, prostituição, etc., mediante a aceitação da mensagem do Evangelho tornam-se pessoas de caráter irrepreensível.
Quando os cristãos têm consciência que a tarefa primordial da Igreja é a evangelização, passam a entender que sua existência gira em torno dessa missão dada a cada crente, que é membro do corpo de Cristo em particular (1Co 12:27). Assim, tudo quanto fizermos nesta vida, em qualquer setor ou aspecto, deve levar em consideração, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça (Mt 6:33).
Todas as nossas ações, todo o nosso cotidiano deve ser criado e executado diante da perspectiva de que somos testemunhas de Cristo Jesus (At 1:8) e que devemos, portanto, testificar do Senhor, mostrar ao mundo, através de nossas boas obras, que Deus é nosso Pai, que somos filhos de Deus e, por meio deste comportamento, levar os homens a glorificar o nosso Pai que está nos céus (Mt 5:16).
3. A Igreja na sociedade. Também por estar no mundo e por se apresentar em grupos sociais, as chamadas “igrejas locais”, a Igreja acaba tendo de ter um papel importantíssimo perante a sociedade. Deus não nos tirou do mundo nem Jesus quis que isto se fizesse (João 17:15) e, diante desta realidade, assim como fez nosso Senhor, devemos, também, ter uma atuação social digna de nota, que sirva de testemunho de nossa comunhão com Deus.
Uma comunidade cristã que não interage com as pessoas à sua volta não completará a Grande Comissão, pois precisa justamente da interação para fazer Deus conhecido. Quando utilizamos essa expressão, não estamos dando a entender que a igreja precisa envolver-se com as práticas do mundo, ou associar-se a ele em seus pensamentos e ações. Não foi esse o projeto de Deus. Se uma igreja se associa com o mundo, acaba se parecendo com ele, perdendo sua característica de agente transformador comissionado pelo Senhor. Quando se fala em a Igreja interagir, isso implica viver e agir com o outro sem perder suas particularidades. Uma igreja pode envolver-se em ações sociais sem comprometer sua vocação e mensagem. Dependendo da sua estrutura, pode prestar assistência social - primeiramente aos domésticos da fé, como ordena a Palavra de Deus - a todos que precisarem, e oferecer-lhes o pão do céu, sempre mostrando que o alimento material é insuficiente sem o espiritual.
II. O REINO DE DEUS PRESENTE NA IGREJAO Reino de Deus se faz presente na Igreja através da pregação cristocêntrica, da comunhão e do serviço.
1. Na pregação cristocêntrica. A Igreja deve manifestar o Reino de Deus neste mundo mediante a pregação do Evangelho. Pregação essa que deve ser cristocêntrica, ou seja, a pregação que tem por centro, por fundamento a pessoa de Jesus. Infelizmente, muitas igrejas locais não proclamam mais o Cristo crucificado. Reduzem Jesus a um mero psicólogo, mestre, executivo, almoxarife, bancário, etc. Mas a Igreja que tem o compromisso com o Reino de Deus tem como principal característica a pregação cristocêntrica.
A Igreja primitiva demonstrava com clarividência essa característica, que não deve ser alterada. No dia de Pentecostes, vemos Pedro, com ousadia, proclamando o Cristo crucificado e ressuscitado (At 2:31-36). Paulo foi o maior paradigma da Igreja com relação a esta característica. Ele mesmo diz: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado"(1Co 2:2).
Quando pregamos um evangelho voltado para o ser humano, para a satisfação das suas necessidades, para a vaidade e engrandecimento do homem, para glorificação de homens e de personalidades, estaremos a pregar um outro evangelho.
O Evangelho é o anúncio de Cristo, é a divulgação aos homens de que Cristo é o caminho, a verdade e a vida e que ninguém vai ao Pai a não ser por Jesus(João 14:6). Jamais Cristo deve ser substituído por nenhum outro assunto nos cultos e pregações.
2. Na comunhão. "E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações" (At 2.42).
A ”Comunhão” é a principal característica da Igreja. É a sua marca perante a humanidade, a característica indispensável para que o Senhor possa realizar a sua obra através do seu povo. Pela comunhão, a Igreja mostra-se como um povo perante os demais seres humanos e, graças a ela, pode cumprir todas as tarefas determinadas a ela. Tanto assim é que o relato de Lucas a respeito da igreja primitiva termina com o cumprimento da principal missão da Igreja: “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”(At 2:47 ). O segredo para o rápido crescimento da Igreja Primitiva foi a comunhão entre os crentes. A Igreja somente progrediu mediante a comunhão e unidade de seus membros(At 2:47).
A expressão “comunhão” é típica da Igreja, tanto que só é encontrada nas Escrituras Sagradas em o Novo Testamento. Seu primeiro aparecimento na Bíblia é em At 2:42, na primeira descrição deste novo povo de Deus, quando se diz que os crentes perseveravam na doutrina dos apóstolos e na “comunhão”.
Várias metáforas são utilizadas para representar a Igreja quando se fala em comunhão. A igreja é comparada como uma “família”, um “exército”, um “templo’, uma ‘noiva”. Mas a figura predileta de Paulo para descrever a igreja é como um “corpo”. Um corpo tem interação, os órgãos se comunicam entre si. Cada parte é útil para o corpo como um todo e há interdependência delas (Ef 4:16; Cl 2:19). A Igreja é um corpo, cuja cabeça é Jesus Cristo. Ora, um corpo não pode subsistir sem que haja união entre seus membros, bem como entre os membros e a cabeça. Antes de existir comunhão precisa existir união. Uma é pré-requisito para a outra. Aceitar a Cristo é também aceitar fazer parte de seu corpo.
A bênção do Senhor depende da existência de um ambiente de união entre os irmãos. O salmo 133 mostra com clareza esse fato: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desceu sobre a barba, a barba de Arão, que desceu sobre a gola das suas vestes; como o orvalho de Hermom, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordenou a bênção, a vida para sempre”(Sl 133).
Este salmo revela que, somente num ambiente de união, o Espírito Santo atua plenamente; somente num ambiente de união, cada membro em particular do corpo de Cristo (figurado por Arão, o escolhido para o sacerdócio) se deixa envolver plenamente pelo Espírito Santo (figurado pelo azeite); somente num ambiente de união, o refrigério do Espírito Santo pode nos consolar e nos permitir, mesmo neste mundo de sequidão e necessidade, termos a paz, a alegria e o amor divinos (figurados pelo orvalho de Hermom); somente num ambiente de união, a Igreja prossegue vitoriosa para se encontrar com o seu Senhor nos ares, cheia de vida espiritual e abençoada nos lugares celestiais em Cristo (João 15:5,6; Ef 1:3), porque é no ambiente de união que “…o Senhor ordena a vida e a bênção para sempre”.
3. No serviço. “Bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim” (Mt 24:46). O serviço é uma parte indissociável da vida do salvo. Todo salvo tem de servir a Deus, tem de lhe prestar um serviço e, para que não houvesse qualquer dúvida a respeito, o próprio Jesus foi chamado de “o Servo do Senhor”, notadamente no livro do profeta Isaías, onde há “quatro cânticos do Servo”(Is 42:1-4; 49:1-6; 50:4-9 e 52:13-53:12) a fim de nos dar o exemplo de que como deveríamos nos comportar enquanto Igreja, enquanto corpo de Cristo(1Co 12:27).
O Senhor concedeu a todos os que creem pelo menos o dom da salvação e da fala, e é com este talento que devemos negociar até que Ele volte. Paulo revela-nos que “todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2Co 5:10).
Portanto, cada um na função que foi estabelecida pelo Senhor, temos de servi-lo: pregando o Evangelho; integrando os salvos na igreja local; aperfeiçoando os santos mediante o estudo da Palavra de Deus; adorando a Deus; buscando influenciar o mundo para que ele viva de acordo com a vontade de Deus; dando um bom testemunho para que os homens glorifiquem ao Senhor; ajudando o próximo, tanto material quanto espiritualmente; lutando pela preservação da sã doutrina e pela manutenção de uma vida avivada na igreja local a que pertencemos. Temos feito isto que o Senhor nos determina? Temos cumprido as tarefas cometidas pelo Senhor?
Outrossim, a Igreja de Cristo é um organismo vivo e sua função não se limita à proclamação do Evangelho. Ela serve a Deus, mas também ao próximo (Mc 12:29-31). Aliviar os sofrimentos e as angústias de outras pessoas, principalmente dos necessitados, é serviço Cristão. Recomenda-nos o apóstolo Paulo: “Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo”(Gl 6:2). Esse tipo de serviço é também um testemunho de amor cristão. Provavelmente Tiago tenha falado que a fé sem as obras seja morta, nos exortando ao serviço para o bem comum. Está escrito: “Aquele que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado”(Tg 4:17). Jesus declarou o seguinte: “E aquele que der até mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, na qualidade de discípulos, em verdade vos digo, que de modo algum perderá sua recompensa”(Mt 10:42 ).
Portanto, a proclamação do Evangelho, a comunhão e o serviço farão da Igreja uma autêntica expressão do Reino de Deus (Tg 2:14-26). Pense nisso!
III. QUEM É O MAIOR NO REINO DE DEUS.Em meio à Páscoa e à instituição da Ceia, surgiu uma questão entre os discípulos. Quem era o maior? Certamente eles não entenderam as palavras de Jesus a respeito da morte dEle. Ainda pensavam no Mestre apenas como um rei secular; estavam preocupados com as posições que ocupariam no reino que Ele ia instalar, por essa razão ignoraram as palavras de Jesus a respeito de sua morte e começaram a discutir sobre quem ocuparia o maior cargo. É triste que, estando Jesus tão perto da cruz, seus discípulos mais íntimos estavam tão longe do espírito dEle.
Essa discussão era um sinal de que os apóstolos ainda não entendiam nada do que estava acontecendo. Talvez motivados pelo anúncio da traição de um deles, ficaram discutindo sobre quem tinha traído e, consequentemente, sobre quem era o mais fiel, e essa discussão derivou para o grande tema da noite: Quem era o maior. Em vez de se humilharem, reconhecendo a fragilidade do momento, pelo contrário, desejaram o poder.
Mas os discípulos não se parecem conosco? Ah! Certamente! Dentro de nossas igrejas existem muitos que lutam pelas posições de poder, esquecendo-se do serviço, esquecendo-se de que o parâmetro estabelecido por Jesus é totalmente diferente.
Em resposta a essa cegueira espiritual, Jesus contrapôs o costume das nações, dos reis e governantes que dominam sobre as pessoas, e como devia ser o ambiente da comunidade dos discípulos: “O maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve”(Lucas 22:26). Portanto, quem é o maior no Reino de Deus? É aquele que é humilde, possui a sinceridade de uma criança e se faz servo de todos.
1. O “maior” em humildade. A verdadeira grandeza é vista no cristão que expressa sua fé e seu amor a Cristo, em sincera humildade, no desejo de servir tanto a Deus, quanto aos homens, e na disposição de ser considerado o menos importante no reino de Deus(Fp 2:3).
A verdadeira grandeza não está na posição, no cargo, na liderança, no poder, na influencia, nos diplomas de nível superior, na fama, na capacidade, nas grandes realizações, nem no sucesso. O que importa não é tanto o que fazemos para Deus, mas o que somos em espírito interiormente diante de Deus.
A cerca da humildade falou Salomão: “O temor do Senhor é a instrução da sabedoria; e adiante da honra vai à humildade”(Pv 15:33); “Antes da ruína eleva-se o coração do homem; e adiante da honra vai à humildade”(Pv 18:12).
Davi falou: “Ainda que o Senhor é excelso, contudo atenta para o humilde; mas ao soberbo, conhece-o de longe”(Sl 138: 6).
Dela também fala Paulo: “Revestí-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade”(Cl 3:12).
Jesus ensinou a humildade: “Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus”(Mt 18:4).
Dentre tantas outras referencias bíblicas, citamos aqui algumas, para lembrarmos da importância da humildade na vida do Servo de Deus. Portanto, para ser grande no Reino de Deus precisa antes ser humilde: “O Senhor eleva os humildes, e humilha os perversos até a terra”(Sl 147:6).
2. O “maior” deve ser como uma criança. Pa mostrar aos discípulos quem eram o maior no reino de Deus, Jesus lhes apresentou uma parábola viva. Ele usou para essa lição um elemento totalmente inesperado para eles. Jesus tomou uma criança e, certamente, a colocou no colo e lhes ensinou: “Portanto, aquele que se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no Reino dos céus”(Mt 18:4).
A criança, além de ser o símbolo da despretensão, da fraqueza e da dependência, era o símbolo da pureza de fé, da humildade e principalmente da falta de hipocrisia, isto é, da sinceridade e da transparência. Naqueles dias, a criança não tinha qualquer valor na sociedade, assim como os escravos. E a lição ensinada acabava com qualquer pretensão: O menor é o maior, e quem recebe o menor recebe a Jesus e ao Pai que o enviou. Quem acolhe os pequenos, humildes e sinceros acolhe Jesus e a Deus que o enviou “(ler Lucas 18:46-48). Portanto, a pessoa maior no Reino de Deus é aquela que se humilha como uma criança.
3. O “maior” deve ser servo de todos. Jesus mudou completamente a maneira de nos relacionarmos. Ele inverteu o esquema do poder estabelecendo novas regras, regras que deviam ser respeitadas em sua nova comunidade. Nada de um dominando sobre o outro, mas um colaborando com o outro; um abençoando o outro. Tendo em vista a comunhão, o poder de dominação cedeu lugar ao poder do serviço e do amor. E, conforme atestou posteriormente o apóstolo Paulo, em Filipenses 2:7, o próprio Jesus é o nosso modelo.
As palavras de Jesus em Lucas 22:27 são contundentes: “Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve”. Jesus é o maior, mas está entre todos como aquele que serve. Ah! Quando soubermos respeitar e amar aquele que serve, certamente saberemos respeitar a todos.
Temos desejado o primeiro lugar? Ou estamos dispostos a servir até aquele que acha que devia servir-nos? Esse é o desafio do evangelho! Se Jesus se entregou por nós, por que não podemos nos entregar aos irmãos? Um dia, estaremos para sempre como o Senhor, mas enquanto esse dia não chega, sigamos o exemplo de Cristo, que sendo Deus, tomou a forma de servo (Fp 2:5-11).
CONCLUSÃODada a importância da igreja no propósito de Deus, ela é chamada para expressar a realidade do reino, para ser o principal agente do reino de Deus no mundo. Para que isso aconteça, a igreja precisa manifestar os sinais do reino, ser instrumento do reino na vida das pessoas, da sociedade, do mundo. Sempre que a igreja buscar em primeiro lugar a glória de Deus, fazer a vontade de Deus, viver uma vida de humildade, amor, abnegação, altruísmo, solidariedade, etc., ela se torna agente transformador e instrumento do reino de Deus.
Aspectos do reino podem se manifestar, e com freqUência se manifestam, fora dos limites institucionais da igreja. Quando isso ocorre, a igreja deve se regozijar com essas manifestações, apoiá-las e incentivá-las. Todavia, existem aspectos do reino que só a igreja pode evidenciar, principalmente a proclamação do evangelho, das boas novas do amor de Deus revelado em Cristo. Que venhamos, como Igreja do Senhor Jesus Cristo, evidenciar o Reino de Deus neste mundo através de nossa vida, testemunho e proclamação do Evangelho.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Revista Ensinador Cristão – nº 47.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Caramuru Afonso Francisco - Comunhão dos santos - a missão conciliadora da igreja.
Claudionor de Andrade – União Cristã, o vínculo da perfeição.